Prévia da inflação: pesquisa da Reuters com economistas estimava alta de 0,15 por cento para o período (gpointstudio/Thinkstock)
Reuters
Publicado em 21 de setembro de 2017 às 09h14.
Última atualização em 21 de setembro de 2017 às 10h13.
São Paulo - A prévia da inflação oficial no Brasil desacelerou mais do esperado em setembro e atingiu o menor nível para o mês em 11 anos, ampliando as chances de terminar este ano abaixo do piso da meta pela primeira vez.
O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo-15 (IPCA-15) teve alta de 0,11 por cento em setembro, após avanço de 0,35 por cento em agosto, de acordo os dados divulgados nesta quinta-feira pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Este é o patamar mais baixo para um mês de setembro desde 2006, quando o índice registrou variação positiva de 0,05 por cento, e também ficou abaixo da expectativa em pesquisa da Reuters de alta de 0,15 por cento na comparação mensal.
Nos 12 meses até agosto, a alta acumulada chegou a 2,56 por cento, menor nível desde março de 1999, (+2,64 por cento), quando o Brasil adotou o regime de metas de inflação, e também mais fraca que o avanço de 2,60 por cento esperado.
Assim, o indicador foi ainda mais abaixo do piso da meta oficial deste ano, que é de 4,5 por cento pelo IPCA, com margem de 1,5 ponto percentual para mais ou para menos.
Se a inflação terminar o ano abaixo de 3 por cento, será a primeira vez que o BC terá que justificar porque a inflação ficou abaixo do objetivo --o BC descumpriu a meta três vezes nas últimas duas décadas, mas em todos esses casos entregou a inflação acima do alvo.
De acordo com o IBGE, o grupo Alimentação e Bebidas, com importante peso sobre o bolso do consumidor, registrou queda de 0,94 por cento em setembro, após recuo dos preços de 0,65 por cento no mês anterior.
Os alimentos para consumo em casa registraram queda de 1,54 por cento, com destaque para o tomate (-20,94 por cento), o feijão-carioca (-11,67 por cento) e o alho (-7,96 por cento).
Por outro lado, o grupo Transportes teve o maior impacto de alta ao subir 1,25 por cento, devido principalmente ao avanço de 3,43 por cento dos combustíveis. O grupo, entretanto, mostrou desaceleração ante a alta de 1,35 por cento vista em agosto.
Após levar a taxa básica de juros Selic para os atuais 8,25 por cento, o Banco Central já sinalizou que vai desacelerar o ritmo de cortes de forma gradual, em meio ao cenário cada vez mais fraco da inflação.
Após redução de 1 ponto percentual no último encontro, a expectativa em geral é de corte de 0,75 ponto em outubro, apesar dos sinais recentes de força no mercado de trabalho e de recuperação gradual da economia, uma vez que a demanda permanece contida.
Nesta quinta-feira, o BC passou a ver a inflação ainda mais abaixo do centro da meta em 2017 e 2018, calculando no relatório de inflação alta do IPCA de 3,2 por cento em 2017 e de 4,3 por cento em 2018, abaixo dos patamares de 3,3 e 4,4 por cento vistos anteriormente.