Presidente do BCE reitera que espera subir ainda mais as taxas de juros
Para a banqueira central, subir juros é a "melhor forma de lidar com a inflação", que, segundo ela, ficará acima da meta por um longo período
Estadão Conteúdo
Publicado em 26 de setembro de 2022 às 15h13.
Última atualização em 26 de setembro de 2022 às 15h14.
A presidente do Banco Central Europeu (BCE), Christine Lagarde, reafirmou nesta segunda-feira, 26, que espera aumentar ainda mais as taxas de juros nas próximas reuniões para "amortecer a demanda" e "se proteger contra o risco de uma mudança persistente para cima nas expectativas de inflação".
"Reavaliaremos regularmente nossa trajetória de política à luz das informações recebidas e da evolução das perspectivas de inflação. Nossas futuras decisões sobre taxas de juros continuarão a depender de dados e seguirão uma abordagem reunião a reunião. Melhor contribuição que podemos dar é assegurar a estabilidade de preços", garantiu ela, durante discurso no Parlamento Europeu.
De acordo com ela, a instituição quer chegar ao nível neutro — patamar em que as taxas nem estimulam, nem comprimem a atividade econômica — para depois decidir se é necessário elevar ainda mais os juros. Além disso, ela destacou que quando terminar a alta de juros, o BC do bloco comum pensará em como usará outras ferramentas, como o aperto quantitativo (QE, na sigla em inglês).
Para a banqueira central, subir juros é a "melhor forma de lidar com a inflação", que, segundo ela, ficará acima da meta por um longo período. "Não há dúvidas de que devemos agir para diminuir a inflação no médio prazo. As pressões sobre os preços estão se espalhando por mais setores, em parte devido ao impacto dos altos custos da energia em toda a economia. Preços mais elevados da energia e dos alimentos vão piorar antes de melhorar", destacou.
Christine Lagarde comentou ainda que as consequências econômicas para a área do euro continuaram a surgir desde a última reunião em junho e as perspectivas estão "escurecendo".
"Esperamos que a atividade desacelere substancialmente nos próximos trimestres. Há quatro razões principais por trás disso: a alta inflação está diminuindo os gastos e a produção em toda a economia; a forte demanda por serviços que veio com a reabertura da economia está perdendo força; o enfraquecimento da procura global; a incerteza permanece alta, refletida na queda da confiança das famílias e das empresas", pontuou.
Para 2023, ela prevê que será "um ano difícil".
Apoio fiscal às famílias
A presidente do Banco Central Europeu defendeu também que o apoio fiscal para proteger as famílias da zona do euro do impacto dos preços mais altos deve ser temporário e direcionado. "Isso limita o risco de alimentar pressões inflacionárias, facilitando também a tarefa da política monetária para garantir a estabilidade de preços e contribuindo para preservar a sustentabilidade da dívida", explicou.
A banqueira central destacou que a perspectiva da guerra na Ucrânia para a economia europeia está piorando. "A inflação continua muito alta e provavelmente permanecerá acima da nossa meta por um período prolongado", afirmou.
Diante deste cenário, ela comentou que qualquer comprimento e volume de compra do instrumento de anti-fragmentação (o chamado TPI), anunciado em julho, levará a inflação em conta.
"Essa ferramenta foi projetada para combater dinâmicas de mercado injustificadas e desordenadas, com flexibilidade suficiente para responder à gravidade dos riscos enfrentados pela transmissão de políticas. Irá salvaguardar a unicidade da nossa política monetária à medida que o BCE prossegue a sua trajetória de normalização", explicou. "O TPI está sujeito a uma lista de critérios de elegibilidade que o BCE usará para buscar políticas fiscais e macroeconômicas sólidas e sustentáveis", completou.
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