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Presidente do BC nega atraso no ritmo de corte de juros

Segundo Ilan, foi justamente a cautela no ritmo de redução da taxa Selic (juros básicos da economia) que ajudou a segurar a inflação em 2017

Banco Central: em 2017, o IPCA ficou em 2,95%, inferior ao valor mínimo de 3% estabelecido pelo CMN (Ueslei Marcelino/Reuters)
AB

Agência Brasil

Publicado em 10 de janeiro de 2018 às 21h18.

Última atualização em 10 de janeiro de 2018 às 21h24.

O Banco Central (BC) não atrasou os cortes de juros mesmo com a queda da inflação, disse hoje (10) o presidente do órgão, Ilan Goldfajn. Segundo ele, foi justamente a cautela no ritmo de redução da taxa Selic (juros básicos da economia) que ajudou a segurar a inflação em 2017 ao influenciar as expectativas dos agentes econômicos e derrubar os preços dos serviços, que resistiam em cair em anos anteriores.

"Há uma crítica de que, se a inflação ficou baixa, [o BC] poderia reduzir o juro mais cedo. Nossa visão é outra. Nossa atuação no começo [do ciclo de corte de juros] é que propiciou a inflação mais baixa. Estou falando de expectativas, isso reduziu preços de serviços. Nossa visão não é que houve atraso, mas aquilo é que permitiu a inflação ficar baixa", disse Goldfajn em entrevista coletiva para explicar por que a inflação oficial em 2017 ficou abaixo do piso da meta.

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No ano passado, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) ficou em 2,95%, inferior ao valor mínimo de 3% estabelecido pelo Conselho Monetário Nacional (CMN). Em 2015, o CMN tinha fixado a meta de inflação para 2017 em 4,5%, com 1,5 ponto percentual de tolerância, o que permitiria o índice ficar entre 3% e 6%.

A inflação começou a cair no segundo semestre de 2016, atingindo 2,46% no acumulado de 12 meses em agosto de 2017, o menor nível da história. A partir de setembro, o IPCA voltou a subir lentamente até encerrar o ano passado em 2,95%. Paralelamente, o BC começou a cortar a Selic, que passou de 14,25% ao ano em outubro de 2016 para 7% ao ano no mês passado, no menor nível da história. Os juros básicos são o principal instrumento de controle da inflação pela autoridade monetária e só são reduzidos se a autoridade monetária tiver segurança de que o barateamento do crédito não vai gerar aumentos de preços.

Expectativas

Assim como na carta divulgada pelo BC, Goldfajn reiterou que a inflação voltará a subir um pouco em 2018, devendo encerrar o ano próxima do centro da meta, de 4,5%. A última edição do Relatório de Inflação, divulgada pelo órgão em dezembro, projeta IPCA de 4,2% para 2018 e 2019. Para Goldfajn, a alta da inflação não representa uma ameaça ao poder de compra porque está relacionada à retomada da economia e ao crescimento do emprego.

"O benéfico para a população de a inflação ficar na meta [em torno de 4,5% em 2018] é que isso está associado à retomada do crescimento, à volta do emprego, do poder de compra. O crescimento [do PIB] neste ano é maior, se imagina, de 2,5%", ressaltou. Ele acrescentou que alguns analistas preveem crescimento do Produto Interno Bruto (PIB, soma dos bens e serviços produzidos) de 3%, embora essa projeção ainda não esteja incorporada às estimativas oficiais do BC.

Mesmo com a leve alta na inflação projetada para este ano, o presidente do BC assegurou que a autoridade monetária continuará trabalhando para manter os índices em níveis baixos. "Para a população, a inflação caiu, e é como perder peso. Nosso objetivo é manter o peso menor. Vamos comemorar a queda e vamos trabalhar para manter a inflação baixa", comentou.

Sobre a possibilidade de a inflação subir por causa de uma alta do dólar motivada pelas tensões eleitorais, Goldfajn afirmou que o BC está preparado para agir por meio da venda de divisas no mercado futuro, em operações conhecidas como swaps cambiais, para segurar a cotação no caso de turbulências no mercado financeiro. Ele, no entanto, disse que o câmbio não é o principal instrumento de controle da inflação, mas sim, os juros básicos.

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