Campos Neto destacou o trabalho do Congresso e do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e ressaltou que o placar "estrondoso" ocorreu em um tema muito importante (Geraldo Magela/Agência Senado/Flickr)
Agência de notícias
Publicado em 25 de maio de 2023 às 17h21.
Última atualização em 25 de maio de 2023 às 17h28.
O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, reconheceu em entrevista à Globonews que a votação do arcabouço fiscal na Câmara foi "estrondosa" e destacou que ao longo do "processo" os juros longos já caíram "bastante".
Campos Neto destacou o trabalho do Congresso e do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e ressaltou que o placar "estrondoso" ocorreu em um tema muito importante. "Taxa de juros longas já caíram bastante, quase 2% nos últimos meses."
Questionado sobre se, então, a queda da taxa Selic era uma questão de quando, o presidente do BC desconversou e repetiu que é apenas um voto de nove no colegiado. Campos Neto reforçou que o BC toma decisões observando a inflação corrente, a capacidade da economia crescer sem inflação e as expectativas inflacionárias.
"Arcabouço eliminou riscos de cauda e mercado já reconhece, com queda de taxas longas"
O presidente do Banco Central reiterou que não existe relação mecânica entre a apresentação do arcabouço e a política monetária, mas afirmou que a nova regra fiscal tem poder de influenciar a expectativa de inflação futura e, por isso, eliminou o medo dela sair de controle.
"O arcabouço deixa claro que esse medo não existe mais, eliminou os riscos de cauda e o mercado já está reconhecendo isso, as taxas de juro longas estão caindo", disse. "Qualquer tipo de reforma ajuda."
Na sequência, Campos Neto declarou que o Congresso — em sua análise, supermobilizado e reformista — está passando a mensagem correta no sentido de ajudar o trabalho do Banco Central (BC).
O presidente do BC, porém, reiterou que a autarquia tem um timing e precisa esperar para ver como o arcabouço vai se transformar em melhora de expectativa.
Campos Neto, afirmou que acredita que o tema da meta de inflação será endereçado em breve.
Em entrevista à GloboNews, questionado sobre quando os juros irão cair, Campos Neto afirmou que não tem como adiantar porque essa é uma decisão de colegiado. "Sou um voto de nove", disse em referência ao Comitê de Política Monetária (Copom).
O presidente do BC reiterou que a autarquia acompanha três vetores para a decisão: inflação no curto prazo, a capacidade do País crescer sem gerar inflação e a expectativa de inflação.
Dentro do tema das expectativas, Campos Neto reiterou que a possibilidade de alteração na meta de inflação ainda precisa ser resolvida, mas que entende que o tema será endereçado em breve.
O presidente do BC citou uma conversa que teve com o ex-presidente do Banco Central da Argentina Federico Sturzenegger sobre a mudança de meta que ocorreu no país. De acordo com Campos Neto, o objetivo da mudança era gerar flexibilidade, mas "saiu tudo do controle".
Campos Neto defendeu que o caso é uma "lição" para nós. O presidente do BC afirmou em seguida que mudanças, como a da meta ou a realidade no arcabouço fiscal, precisam ser feitas visando principalmente gerar eficiência.
"O período é de incerteza. O ideal seria não fazer nenhuma modificação em meta", afirmou. O presidente do BC também disse que a autarquia fez algum tempo sobre a possibilidade de meta contínua, que mostrava a alguma ineficiência no sistema de ano-calendário.
O presidente do Banco Central afirmou há pouco que o resultado do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo-15 (IPCA-15) veio de fato melhor, com uma grande surpresa em vestuário e núcleos um pouco melhores.
O IPCA-15 desacelerou de 0,57% em abril para 0,51% em maio. O resultado veio aquém do esperado pelo mercado, que previa alta de 0,65%, de acordo com a mediana do Projeções Broadcast.
"A inflação tem melhorado em um ritmo lento", ponderou Campos Neto. O presidente da autarquia afirmou, porém, que apesar da desinflação mais lenta há sinais positivos à frente.
Campos Neto citou a parte hídrica, com melhora no cenário de energia, e os alimentos, com queda das commodities no atacado, que em breve deve chegar ao varejo, além do crescimento global em desaceleração.