Economia

Premiê grego garante a credores da UE que fará reformas

Alexis Tsipras realizou três horas de negociações noite adentro para tentar romper um impasse que deixa a Grécia sob o risco de ter de sair da zona do euro


	Alexis Tsipras, durante cúpula da União Europeia, em Bruxelas: "A Grécia vai apresentar as próprias reformas estruturais, que vai pôr em prática"
 (REUTERS/Eric Vidal)

Alexis Tsipras, durante cúpula da União Europeia, em Bruxelas: "A Grécia vai apresentar as próprias reformas estruturais, que vai pôr em prática" (REUTERS/Eric Vidal)

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Da Redação

Publicado em 20 de março de 2015 às 10h25.

Bruxelas - A Grécia afirmou nesta sexta-feira que está agindo rapidamente para atender às demandas dos credores por um plano detalhado de reformas econômicas, após o primeiro-ministro Alexis Tsipras garantir aos líderes da zona do euro que seu governo liderado pela esquerda vai acelerar o trabalho para evitar a falência.

Após dois meses de frustração crescente em ambos os lados, desde que Tsipras foi eleito com a promessa de acabar com anos de medidas de austeridade, o premiê realizou três horas de negociações noite adentro para tentar romper um impasse que deixa a Grécia sob o risco de ter de sair da zona do euro.

Embora uma declaração conjunta das instituições da União Europeia se referisse a um "espírito de confiança mútua" e Tsipras ter afirmado que se sentia mais otimista, a chanceler alemã, Angela Merkel, enfatizou que nenhum dinheiro será entregue antes de a Grécia implementar medidas orçamentais e outras reformas que até agora vem relutando em aceitar.

O risco de um impasse permanente, exatamente um mês depois de a Grécia garantir um último suspiro com a prorrogação por quatro meses do pacote de ajuda da UE/FMI, ficou evidente nos diferentes relatos de Tsipras e Merkel sobre quais reformas o governo grego terá de aplicar.

"É claro que a Grécia não é obrigada a implementar medidas de recessão", disse o primeiro-ministro grego a jornalistas, referindo-se a reformas previamente acordados. "A Grécia vai apresentar as próprias reformas estruturais, que vai pôr em prática."

Mas Merkel, que enfrenta crescente resistência na Alemanha -o Estado mais rico da Europa- para conceder empréstimos para manter um parceiro irregular na área da moeda comum, insistiu em que só a conclusão total das medidas já aprovadas vai satisfazer os credores.

"O ponto de referência é o acordo de 20 de fevereiro", disse ela. "Nós não mudamos nem um pouquinho. Você pode ter ouvido algo sobre isso. Mas, depois, não aconteceu muita coisa nas últimas semanas."

Na segunda-feira Tsipras vai fazer uma visita a Merkel em Berlim, já anunciada há tempos.

Autoridades da UE disseram que, se a Grécia apresentar um plano convincente para manter suas dívidas sob controle, os ministros das Finanças da zona euro poderiam reunir-se em breve para liberar pelo menos alguns recursos para ajudar o país a honrar compromissos prementes nas próximas semanas.

Em Atenas, o porta-voz do governo, Gabriel Sakellaridis, disse nesta sexta-feira: "Uma vez que as reformas sejam submetidas ao Eurogrupo, e de forma detalhada, quando isso acontecer... então o financiamento será desbloqueado para a economia grega".

O Ministério das Finanças afirmou que iria responder em um "espírito construtivo" a uma lista de requisitos em matéria de reformas que está sendo definida por uma equipe de especialistas técnicos dos credores  - um contraste com a atmosfera de desconfiança mútua que marcou os encontros com funcionários da UE em Atenas esta semana.

O ministro das Finanças grego, Yanis Varoufakis, que desagradou muitos dos parceiros da Grécia, especialmente na Alemanha, com comentários incendiários e comportamento não diplomático, juntou-se ao chamado para a implementação imediata do acordo de 20 de fevereiro.

"Em primeiro lugar, devemos trabalhar no sentido de acabar com o tóxico 'jogo de culpa' e o moralizador apontar de dedo que beneficia apenas os inimigos da Europa", escreveu ele em um blog nesta sexta-feira.

A reunião envolveu Tsipras, Merkel, o presidente da cúpula, Donald Tusk, o presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, o presidente do Eurogrupo (que reúne os ministros das Finanças da zona do euro), Jeroen Dijsselbloem, o presidente do Banco Central Europeu (BCE), Mario Draghi, e o presidente francês, François Hollande.

Juncker, Tusk e Dijsselbloem emitiram uma breve declaração conjunta sobre o resultado, em parte destinada a tranquilizar os países menores da zona do euro, irritados por terem sido deixados de fora das negociações.

"Nós aderimos plenamente ao acordo do Eurogrupo, de 20 de fevereiro. Com o espírito de confiança mútua, estamos todos empenhados em acelerar os trabalhos e concluí-los o mais rápido possível", disseram.

"As autoridades gregas serão as encarregadas das reformas e irão apresentar uma lista completa de reformas específicas nos próximos dias." Juncker disse na chegada para o segundo dia da reunião de cúpula, nesta sexta-feira, que estava um pouco mais otimista sobre a resolução da crise porque "eu não tinha observado nenhuma convergência de pontos de vista ao longo das últimas semanas, mas notei ontem".

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