Prelado servia de fachada para transações no Vaticano
Nunzio Scarano trabalhava como contador na Administração do Patrimônio da Sede Apostólica (APSA) e é acusado de lavagem de dinheiro e corrupção
Da Redação
Publicado em 3 de julho de 2013 às 13h11.
Roma - O prelado da Santa Sé detido sexta-feira pela polícia italiana servia de "fachada" para transferências suspeitas de Mônaco feitas através do Instituto para as Obras de Religião (IOR), indicaram nesta quarta-feira dois jornais italianos.
Nunzio Scarano, um padre nomeado "monsenhor" apenas pelo tempo que ficou no Vaticano , trabalhava como contador na Administração do Patrimônio da Sede Apostólica (APSA), organismo que administra os bens da Santa Sé, e é acusado de lavagem de dinheiro e corrupção.
Segundo documentos da polícia citados pelo jornal Corriere della Sera, ele servia "de fachada, dissimulando o beneficiário real das operações financeiras e impedindo assim o rastreio do dinheiro".
De acordo com os investigadores, Scarano utilizava contas bancárias do IOR para realizar transferências de dinheiro para contas de amigos, com o objetivo de repatriar da Suíça 20 milhões de euros, fruto de uma fraude fiscal praticada por um intermediário financeiro napolitano.
O prelado e o intermediário negam as acusações.
Scarano também teve seu telefone grampeado pela polícia, e algumas dessas escutas foram divulgadas pelo jornal Il Messaggero.
Em uma das conversas, após ter sido questionado pelo Vaticano sobre uma retirada de 15.000 euros, ele diz a um de seus amigos: "precisei dizer que era para uma obra de caridade. Você tem noção? Cada um precisa cuidar de seus problemas".
Em uma outra conversa, ele tenta tranquilizar um dos amigos após o início de uma investigação sobre lavagem de dinheiro no IOR.
"Eles disseram (aos investigadores) que eu era uma autoridade do Vaticano, que tratava-se de fundos pessoais, fruto de minhas atividades e também de doações".
Ele ainda afirma que a direção do IOR assegurou que os investigadores "não podem questionar o saldo de sua conta e, mesmo que o fizessem, não diriam para não criar mais problemas".
Segundo a imprensa, a polícia italiana investiga treze transferências suspeitas através do Banco do Vaticano que se somam a outras operações judiciais em andamento.
As transferências têm um valor total de um milhão de euros e são similares às transações no valor de 23 milhões de euros que em 2010 desencadearam uma investigação sobre o banco.
Segundo a imprensa, a investigação já está em sua fase final e a procuradoria está perto de levar à justiça o diretor-geral do banco, Paolo Cipriani, e seu adjunto, Massimo Tulli, que renunciaram no início desta semana.
A investigação da procuradoria de Roma revelada pela imprensa mostra que por algumas das 19.000 contas do banco, que pertencem tanto a religiosos quanto a laicos que trabalham no Vaticano, transitou dinheiro de origem duvidosa.
Para vaticanistas, esses casos estão ligados à limpeza do banco iniciada pelo Papa Francisco.
Roma - O prelado da Santa Sé detido sexta-feira pela polícia italiana servia de "fachada" para transferências suspeitas de Mônaco feitas através do Instituto para as Obras de Religião (IOR), indicaram nesta quarta-feira dois jornais italianos.
Nunzio Scarano, um padre nomeado "monsenhor" apenas pelo tempo que ficou no Vaticano , trabalhava como contador na Administração do Patrimônio da Sede Apostólica (APSA), organismo que administra os bens da Santa Sé, e é acusado de lavagem de dinheiro e corrupção.
Segundo documentos da polícia citados pelo jornal Corriere della Sera, ele servia "de fachada, dissimulando o beneficiário real das operações financeiras e impedindo assim o rastreio do dinheiro".
De acordo com os investigadores, Scarano utilizava contas bancárias do IOR para realizar transferências de dinheiro para contas de amigos, com o objetivo de repatriar da Suíça 20 milhões de euros, fruto de uma fraude fiscal praticada por um intermediário financeiro napolitano.
O prelado e o intermediário negam as acusações.
Scarano também teve seu telefone grampeado pela polícia, e algumas dessas escutas foram divulgadas pelo jornal Il Messaggero.
Em uma das conversas, após ter sido questionado pelo Vaticano sobre uma retirada de 15.000 euros, ele diz a um de seus amigos: "precisei dizer que era para uma obra de caridade. Você tem noção? Cada um precisa cuidar de seus problemas".
Em uma outra conversa, ele tenta tranquilizar um dos amigos após o início de uma investigação sobre lavagem de dinheiro no IOR.
"Eles disseram (aos investigadores) que eu era uma autoridade do Vaticano, que tratava-se de fundos pessoais, fruto de minhas atividades e também de doações".
Ele ainda afirma que a direção do IOR assegurou que os investigadores "não podem questionar o saldo de sua conta e, mesmo que o fizessem, não diriam para não criar mais problemas".
Segundo a imprensa, a polícia italiana investiga treze transferências suspeitas através do Banco do Vaticano que se somam a outras operações judiciais em andamento.
As transferências têm um valor total de um milhão de euros e são similares às transações no valor de 23 milhões de euros que em 2010 desencadearam uma investigação sobre o banco.
Segundo a imprensa, a investigação já está em sua fase final e a procuradoria está perto de levar à justiça o diretor-geral do banco, Paolo Cipriani, e seu adjunto, Massimo Tulli, que renunciaram no início desta semana.
A investigação da procuradoria de Roma revelada pela imprensa mostra que por algumas das 19.000 contas do banco, que pertencem tanto a religiosos quanto a laicos que trabalham no Vaticano, transitou dinheiro de origem duvidosa.
Para vaticanistas, esses casos estão ligados à limpeza do banco iniciada pelo Papa Francisco.