Pouco apoio a Janet Yellen reflete politização do Fed
Confirmação da economista como presidente do Federal Reserve teve o menor apoio do Senado já registrado
Da Redação
Publicado em 7 de janeiro de 2014 às 15h47.
Washington - A confirmação de Janet Yellen como presidente do Federal Reserve com o menor apoio do Senado já registrado mostra que o banco central ainda enfrenta um intenso exame político seis anos após a crise financeira.
O resultado da votação do Senado para confirmar Yellen foi de 56 votos a favor e 26 contra, isto é, ela reuniu ainda menos apoio que o presidente cessante, Ben S. Bernanke, cuja confirmação para o segundo mandato em 2010, com 70 votos a favor e 30 contra, representou a maior oposição a um presidente do Fed. O mandato de Bernanke acaba em 31 de janeiro.
Yellen assume o controle de um Fed com um balanço de US$ 4,02 trilhões, inflado por um programa de flexibilização quantitativa introduzido com o objetivo de tirar o país da maior recessão desde a década de 1930, que gerou fortes críticas dos republicanos. Os resgates de companhias financeiras durante a crise, incluindo o American International Group Inc., expuseram o Fed a acusações de ter extrapolado suas atribuições.
“Com o atual ambiente político provavelmente não seja realista esperar que as coisas esfriem”, disse Roberto Perli, sócio da Cornerstone Macro LP em Washington e ex-economista do Fed. “O Fed foi obrigado pelas circunstâncias da crise a tomar uma série de medidas controversas, não apenas a flexibilização quantitativa, mas a resposta inteira à crise, os resgates, as facilidades que eles criaram para os bancos e para outras entidades”.
Yellen, 67, a primeira mulher a dirigir o Fed, presidirá o desmantelamento do programa de estímulos sem precedentes do banco central se a economia seguir o desempenho previsto. O Fed deu o primeiro passo em direção à saída no mês passado, quando reduziu o ritmo mensal de compras de ativos de US$ 85 bilhões para US$ 75 bilhões, citando evidências de melhorias no mercado de trabalho.
Preços de ativos
Os republicanos críticos do Fed dizem que as compras de títulos correm o risco de criar bolhas no preço dos ativos e acabar alimentando a inflação, embora os aumentos de preço continuem sendo discretos. O índice de gastos para consumo pessoal, a medida preferida do Fed, cresceu 0,9 por cento em novembro em relação a um ano atrás e se mantém abaixo da meta de 2 por cento do banco central há 19 meses.
“O mercado acionário ficou viciado nas políticas de dinheiro fácil do Fed”, disse ontem no Senado o senador republicano por Iowa, Charles Grassley, que votou contra Yellen. “Os benefícios para o americano médio foram questionáveis no melhor dos casos”.
Esse ceticismo do Congresso “significa que a direção da Reserva Federal terá que passar mais tempo falando com o público e com o Congresso sobre o que está fazendo”, disse Lewis Alexander, economista-chefe para os EUA da Nomura Holdings Inc. em Nova York, em entrevista no programa “The Hays Advantage” da Bloomberg Radio.
Senadores de ambos os partidos responsabilizaram o Fed pelo seu papel na escalada da crise imobiliária. Durante a audiência de reconfirmação de Bernanke, o senador democrata por Connecticut, Chris Dodd, disse que o Fed não conseguiu desenvolver regulamentações significativas para as hipotecas antes da explosão da bolha imobiliária e o senador republicano por Alabama, Richard Shelby, disse que o banco manteve as taxas de juros baixas demais por muito tempo, o que inflou a bolha.
Taxa de desemprego
Desde então, as políticas do banco central também foram criticadas pela sua ineficácia ou insuficiência para reduzir mais rapidamente o desemprego. A taxa de desemprego se manteve em 7 por cento em novembro. Embora seja a menor em cinco anos, ela permanece bem acima da taxa de 4,4 por cento registrada em 2007 e das estimativas de nível máximo de emprego do próprio Fed.
Mesmo assim, o desemprego é menor que em outubro de 2009, quando atingiu 10 por cento, e 7,4 milhões de americanos desempregados voltaram a trabalhar desde o começo de 2010.
“Há muita incerteza sobre como será feita a saída da política monetária com um balanço muito grande”, disse o presidente do Fed de Nova York, William C. Dudley, durante um painel de discussão realizado em Filadélfia em 4 de janeiro. “Sem dúvida, pode haver consequências indesejadas”.
Washington - A confirmação de Janet Yellen como presidente do Federal Reserve com o menor apoio do Senado já registrado mostra que o banco central ainda enfrenta um intenso exame político seis anos após a crise financeira.
O resultado da votação do Senado para confirmar Yellen foi de 56 votos a favor e 26 contra, isto é, ela reuniu ainda menos apoio que o presidente cessante, Ben S. Bernanke, cuja confirmação para o segundo mandato em 2010, com 70 votos a favor e 30 contra, representou a maior oposição a um presidente do Fed. O mandato de Bernanke acaba em 31 de janeiro.
Yellen assume o controle de um Fed com um balanço de US$ 4,02 trilhões, inflado por um programa de flexibilização quantitativa introduzido com o objetivo de tirar o país da maior recessão desde a década de 1930, que gerou fortes críticas dos republicanos. Os resgates de companhias financeiras durante a crise, incluindo o American International Group Inc., expuseram o Fed a acusações de ter extrapolado suas atribuições.
“Com o atual ambiente político provavelmente não seja realista esperar que as coisas esfriem”, disse Roberto Perli, sócio da Cornerstone Macro LP em Washington e ex-economista do Fed. “O Fed foi obrigado pelas circunstâncias da crise a tomar uma série de medidas controversas, não apenas a flexibilização quantitativa, mas a resposta inteira à crise, os resgates, as facilidades que eles criaram para os bancos e para outras entidades”.
Yellen, 67, a primeira mulher a dirigir o Fed, presidirá o desmantelamento do programa de estímulos sem precedentes do banco central se a economia seguir o desempenho previsto. O Fed deu o primeiro passo em direção à saída no mês passado, quando reduziu o ritmo mensal de compras de ativos de US$ 85 bilhões para US$ 75 bilhões, citando evidências de melhorias no mercado de trabalho.
Preços de ativos
Os republicanos críticos do Fed dizem que as compras de títulos correm o risco de criar bolhas no preço dos ativos e acabar alimentando a inflação, embora os aumentos de preço continuem sendo discretos. O índice de gastos para consumo pessoal, a medida preferida do Fed, cresceu 0,9 por cento em novembro em relação a um ano atrás e se mantém abaixo da meta de 2 por cento do banco central há 19 meses.
“O mercado acionário ficou viciado nas políticas de dinheiro fácil do Fed”, disse ontem no Senado o senador republicano por Iowa, Charles Grassley, que votou contra Yellen. “Os benefícios para o americano médio foram questionáveis no melhor dos casos”.
Esse ceticismo do Congresso “significa que a direção da Reserva Federal terá que passar mais tempo falando com o público e com o Congresso sobre o que está fazendo”, disse Lewis Alexander, economista-chefe para os EUA da Nomura Holdings Inc. em Nova York, em entrevista no programa “The Hays Advantage” da Bloomberg Radio.
Senadores de ambos os partidos responsabilizaram o Fed pelo seu papel na escalada da crise imobiliária. Durante a audiência de reconfirmação de Bernanke, o senador democrata por Connecticut, Chris Dodd, disse que o Fed não conseguiu desenvolver regulamentações significativas para as hipotecas antes da explosão da bolha imobiliária e o senador republicano por Alabama, Richard Shelby, disse que o banco manteve as taxas de juros baixas demais por muito tempo, o que inflou a bolha.
Taxa de desemprego
Desde então, as políticas do banco central também foram criticadas pela sua ineficácia ou insuficiência para reduzir mais rapidamente o desemprego. A taxa de desemprego se manteve em 7 por cento em novembro. Embora seja a menor em cinco anos, ela permanece bem acima da taxa de 4,4 por cento registrada em 2007 e das estimativas de nível máximo de emprego do próprio Fed.
Mesmo assim, o desemprego é menor que em outubro de 2009, quando atingiu 10 por cento, e 7,4 milhões de americanos desempregados voltaram a trabalhar desde o começo de 2010.
“Há muita incerteza sobre como será feita a saída da política monetária com um balanço muito grande”, disse o presidente do Fed de Nova York, William C. Dudley, durante um painel de discussão realizado em Filadélfia em 4 de janeiro. “Sem dúvida, pode haver consequências indesejadas”.