Economia

Por que o azeite está tão caro? Tendência é que preço não pare de subir

Produto que antes custava em torno de R$ 30 nos supermercados agora é encontrado por até R$ 50

Azeites: produto é encontrado por preços bem mais altos nas gôndolas nos últimos meses. (Twitter/Reprodução)

Azeites: produto é encontrado por preços bem mais altos nas gôndolas nos últimos meses. (Twitter/Reprodução)

Da Redação
Da Redação

Redação Exame

Publicado em 19 de dezembro de 2023 às 10h01.

Última atualização em 19 de dezembro de 2023 às 11h21.

O azeite, item que antes era considerado 'comum' na lista de compras dos brasileiros, passou a ser 'luxo' para grande parte dos consumidores. E não é para menos: o preço alcançou o maior patamar dos últimos sete anos — e não deve parar por aí. Uma garrafa de azeite de oliva virgem foi de R$ 24,96 no ano passado para R$ 31,66 este ano, enquanto o extra-virgem foi de R$ 28,40 para R$ 35,97.

O valor tem pesado no orçamento das famílias e a tendência é que o custo continue alto nos próximos meses diante dos problemas na safra global. Como toda commodity, a formação de preços do azeite se dá no mercado internacional e a Europa concentra 75% da produção mundial. A safra global de 2022 foi a pior da história, com queda de 26%, comparada com o padrão histórico. A expectativa era de melhora em 2023, mas isso não tem se confirmado.

Leonardo Johnson Scandola, vice-presidente da Associação Brasileira de Produtores, Importadores e Comerciantes de Azeite de Oliveira (Oliva) e diretor comercial para a América do Sul da marca italiana Filippo Berio, afirma que as mudanças climáticas, com fortes secas, explicam parte significativa da quebra de safra.

“As secas fortes, a falta de chuvas e temperaturas médias maiores direcionam a agricultura para um cenário incerto”, diz Scandola.

Preços continuarão altos no Brasil

Outro problema que tem afetado a produção de azeite é a bactéria Xylella, que acata as oliveiras e leva as árvores a secar. Segundo Scandola, esses dois problemas se somam aos custos industriais, de energia e de embalagens.

“Desde o começo do ano o custo do azeite aumentou 50% e já chega a uma alta 69% nos últimos 12 meses na Espanha e na Itália, os dois maiores produtores globais. E isso tem levado a uma queda do consumo. No Brasil, pesquisas de mercado apontaram crescimento nas vendas do varejo de azeite de 1,7% até setembro. Isso testemunha a paixão do brasileiro pelo azeite”, afirma.

O aumento das vendas no Brasil, entretanto, será acompanhado pelo aumento dos preços, diz Scandola. Segundo ele, os processos de encarecimento e redução do valor do produto chegam com atraso no país.

Para ter uma ideia, em agosto e setembro a elevação do custo do azeite chega a 30% na Europa. “O mercado e os consumidores brasileiros terão de enfrentar novos aumentos de preços”, diz.

Mercado aquecido

Quarto maior mercado consumidor de azeite do mundo, o Brasil tem atraído empresas estrangeiras em busca de uma fatia de mercado. De olho nesse potencial, a Filippo Berio desembarcou no país em 2020 e até 2022 cresceu 115% em volume de produtos vendidos e quadruplicou a participação de mercado, que passou de 1% para 4%.

Scandola afirma que a empresa exporta para 75 países, tinha uma tímida presença no Brasil e enxergou no país um mercado relevante. A empresa tem uma meta ambiciosa de se transformar em uma das três marcas mais vendidas no mercado brasileiro, dominada por rótulos espanhóis e portugueses.

“Acabamos de chegar, mas com visão estruturada. Mesmo querendo ser líder, sabemos dos desafios. Queremos chegar a ser uma das três marcas mais vendidas no Brasil. Mostrando a variedade e a qualidade do azeite italiano. Apesar de sermos uma referência mundial no azeite, lançamos duas categorias de produtos no Brasil. Uma linha de molhos pesto e uma linha de molhos de tomate.  Queremos ser embaixadores do azeite e da culinária italiana”, afirma.

Acompanhe tudo sobre:AzeitesPreçosInflação

Mais de Economia

Câmara aprova projeto do governo que busca baratear custo de crédito

BB Recebe R$ 2 Bi da Alemanha e Itália para Amazônia e reconstrução do RS

Arcabouço não estabiliza dívida e Brasil precisa ousar para melhorar fiscal, diz Ana Paula Vescovi

Benefícios tributários deveriam ser incluídos na discussão de corte de despesas, diz Felipe Salto