Londres - A produção econômica global poderá aumentar em até 2,6 trilhões de dólares adicionais por ano, ou 2,2 por cento, até 2030 se as políticas governamentais melhorarem a eficiência energética, a gestão de resíduos e o transporte público, de acordo com um relatório do Banco Mundial divulgado nesta terça-feira.
O relatório, produzido com o grupo filantrópico Fundação ClimateWorks, analisou os benefícios de políticas ambiciosas para reduzir as emissões provenientes dos transportes, da indústria e da construção, bem como resíduos e combustíveis em Brasil, China, Índia, México, Estados Unidos e União Europeia.
O documento concluiu que uma mudança para um sistema de transporte de baixa emissão de carbono e a melhoria da eficiência energética em fábricas, edifícios e aparelhos poderiam aumentar o crescimento global do Produto Interno Bruto (PIB) em 1,8 trilhão de dólares adicionais, ou 1,5 por cento, por ano até 2030.
Se o financiamento e o investimento em tecnologia aumentarem, o PIB global poderá crescer 2,6 trilhões de dólares adicionais, ou 2,2 por cento, por ano até 2030, disse o Banco Mundial.
Políticas climáticas também poderão evitar pelo menos 94 mil mortes prematuras por ano provocadas por doenças relacionadas à poluição até 2030, melhorar a produtividade das lavouras e evitar a emissão de 8,5 bilhões de toneladas métricas de gases do efeito estufa, o mesmo que tirar cerca de 2 bilhões de carros das ruas.
Por exemplo, se a China implantar 70 milhões de fogões de baixa emissão de carbono, a ação poderia evitar cerca de 1 milhão de mortes prematuras devido à poluição e gerar quase 11 bilhões de dólares em benefícios econômicos, segundo o relatório.
"Essas intervenções deveriam parecer óbvias para os governos de todo o mundo", disse o presidente do Banco Mundial, Jim Yong Kim, a repórteres em uma teleconferência. "O relatório remove outra barreira falsa, outro falso argumento para não tomar medidas contra a mudança climática", acrescentou.
Em março, um relatório elaborado por um painel de cientistas da ONU projetou que os efeitos do aquecimento global poderiam reduzir a produção econômica global entre 0,2 e 2,0 por cento ao ano ao prejudicar a saúde humana, interromper o abastecimento de água e aumentar o nível do mar.
No entanto, muitos países acreditam que esse cenário é subestimado porque exclui os riscos de mudanças catastróficas, como o derretimento do gelo da Groenlândia e o colapso dos recifes de coral que podem causar perdas econômicas generalizadas.
Para acelerar as ações sobre as mudanças climáticas, o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, convidou os chefes de Estado, governos, empresas e sociedade civil para uma cúpula do clima em 23 de setembro, em Nova York.
O encontro tem como objetivo fomentar o progresso no sentido de obter um acordo até o fim de 2015 que obrigue todos os países a reduzir as emissões de gases do efeito estufa.
O avanço das negociações é lento. Uma cúpula preliminar da ONU em Bonn, na Alemanha, no início do mês, só conseguiu dar passos hesitantes em direção a um acordo.
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1. Sob "risco extremo"
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São Paulo –
Desastres naturais ocorrem em todo o planeta, a todo tempo. Mas em alguns países eles causam mais danos do que em outros, não tanto pela intensidade, mas pela capacidade da região de se recuperar do choque climático. Quer um exemplo? Embora a maior parte do Japão (40% da população) esteja mais susceptível a enfrentar ciclones tropicais do que as Filipinas, se ambos os países sofressem eventos semelhantes, morreriam 17 vezes mais pessoas nas Filipinas que no Japão, segundo estimativas da ONU. Um novo relatório da consultoria britânica de risco
Maplecroft corrobora essa ideia. Apesar de Japão e Estados Unidos liderarem o ranking de exposição às
mudanças climáticas, são as economias emergentes da China, Índia e Filipinas que representam o maior risco para os investidores devido à baixa capacidade de combater os impactos de um grande desastre. A ocorrência de uma catástrofe nesses países também pode ter impactos econômicos globais e afetar gravemente as cadeias de suprimentos. O nível de risco foi calculado avaliando uma série de fatores, incluindo a robustez econômica, a força de governança e a infraestrutura.
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2. 1 - Japão
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A exposição da economia japonesa aos perigos naturais é avaliada como de 'risco extremo' pela Maplecroft. Por ser a terceira maior economia do mundo, um desastre de grande magnitude, como o tsunami que atingiu o país em março de 2011, causa impactos financeiros que podem ser sentidos mundialmente. Os danos na usina nuclear de Fukushima afetaram o fornecimento de energia para a região, mas também a produção industrial. Em números gerais, o tsunami no Japão foi o evento sísmico global mais caro da história, com custo estimado em 210 bilhões de dólares. No entanto, ressalta a Maplecroft, o país tem resiliência exemplar e os esforços de construção e reconstrução garantem a retomada do crescimento econômico.
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3. 2 - Estados Unidos
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Os Estados Unidos são o segundo país com maior exposição aos desastres naturais, segundo a Maplecroft, também sendo classificado como de “risco extremo”. A temporada de furacão americana de 2011 foi uma das mais intensas da história dos EUA, com mais de 1.100 tornados registrados. Os incêndios devastadores, como o que atingiu o Colorado em junho, são outra constante na região, e também a seca, que chegou a níveis recordes este ano,
afetando o preço dos grãos em todo o mundo. Mas, segundo o relatório, esses eventos extremos são contrabalanceados por um sistema eficaz de infraestrutura do governo e boa resiliência socioeconômica, ou seja - o país é capaz de recuperar bem dos danos e perdas causadas pelas tempestades severas e tornados.
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4. 3 - China
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O perigo no gigante asiático mora próximo de seus rios, incluindo o Yangtsé, o maior do país. Em dias de fortes chuvas, eles transbordam, inundam as cidades e estragam plantações. A classificação da China entre os países sob “risco extremo” reflete a exposição econômica chinesa a este e outros desastres naturais. Dada a escala da economia, um evento extremo apresenta riscos significativos que vão além das fronteiras do país. O relatório da Maplecroft destaca que boa parte da produção econômica se concentra ao longo da zona costeira no leste da China, em particular em torno do Mar Amarelo, região exposta a terremotos.
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5. 4 - Taiwan
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Terremotos e tufões são os dois principais riscos naturais em Taiwan. Semana passada, o governo de Taiwan determinou a retirada de 3.000 pessoas e mobilizou centenas de soldados ante a aproximação do tufão Tembin, que ameaça a ilha com fortes ventos e chuvas torrenciais. A exposição do país a fortes ciclones tropicais foi demonstrado pelo dano causado pelo tufão Morakot em agosto de 2009. O impacto econômico da tempestade foi limitado porque a maioria dos danos se concentraram nos setores da agricultura e do turismo, que compreendem uma porção relativamente pequena de produção global da economia do país. Mas, segundo o relatório da Maplecroft, o custo e as implicações do tufão Morakot teriam sido substancialmente maiores se as tempestades atingissem áreas chaves de produção, como os centros industriais.
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6. 5 - México
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A exposição aos furacões é uma constante no México, principalmente nos litorais do país com o Atlântico e o Pacífico. A cada ano, o aumento da frequência de perdas econômicas causadas por esses fenômenos vem afetando profundamente a produção agrícola. Há mais de duas décadas sem receber ajuda relevante do governo, o setor agrícola carece de investimento em diversos fatores de produção, de maquinaria à logística.
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7. 6 - Filipinas
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As Filipinas são um país especialmente suscetível ao aquecimento global, com consequências que refletem direto na economia e na segurança alimentar do país. A consultoria destaca alguns fatores que têm contribuído para a maior incidência de desastres, como níveis de precipitação alta, particularmente durante as monções sazonais, a rápida urbanização e o desmatamento ilegal, que expõem o solo à degradação. Eventos climáticos extremos afetam uma de suas principais atividades agrícolas, o cultivo de arroz, grão também onipresente na dieta da população local. Segundo o Banco de Desenvolvimento Asiático, se não forem tomadas medidas para adaptar o país aos efeitos das mudanças climáticas, a produção de arroz do país pode cair até 70% até 2020. O problema é que o país é relativamente fraco na hora de se preparar para responder às emergências. Um exemplo é a corrupção no governo, que torna ineficaz a prevenção de extração ilegal de madeira e mineração, atividades que aumentam os riscos deslizamentos de terra.
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8. 7 - Índia
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O segundo país mais populoso do mundo é também um dos mais vulneráveis aos desastres naturais. Quase toda a Índia tem um grau elevado ou extremo de sensibilidade, devido à pressão da população e seu ritmo de crescimento econômico, que gera tensão aguda na demanda por recursos naturais. Esta situação é agravada por um alto grau de pobreza, sistema de saúde precário e dependência agrícola de grande parte da população. Para não falar da insegurança energética – grande consumidor de combustíveis fósseis baratos, como carvão, que contribuem fortemente para as altas emissões, a Índia enfrentou um apagão histórico este mês, que deixou mais da metade do país no escuro. Uma catástrofe natural de grandes proporções pode afetar profundamente a economia indiana.
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9/9 (Sergio Moraes/Reuters)