Entregadora nos EUA: PIB do país encolheu por dois trimestres seguidos (Alexi Rosenfeld/Getty Images)
Carolina Riveira
Publicado em 28 de julho de 2022 às 10h01.
Última atualização em 28 de julho de 2022 às 10h54.
O produto interno bruto (PIB) dos Estados Unidos caiu 0,2% no segundo trimestre, entre abril e junho, em relação ao trimestre anterior, segundo divulgado pelo Departamento do Comércio do governo americano nesta quinta-feira, 28.
A uma taxa anualizada, a economia encolheu 0,9% no segundo trimestre.
O PIB teve variação negativa pelo segundo trimestre seguido, configurando recessão técnica segundo a definição.
No primeiro trimestre, o PIB americano havia caído 1,6% a uma taxa anualizada.
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A queda no trimestre veio sobretudo em meio à redução nos estoques de negócios privados (queda de mais de 2%) e nos investimentos em capital fixo, como compra de máquinas e imóveis (queda de 0,7%).
Em muitos varejistas, os estoques haviam crescido de forma anormalmente rápida em 2021 com a reabertura após o auge da covid-19, o que levou a um efeito de desaceleração neste ano - somado aos outros desafios da economia, com guerra na Ucrânia e inflação.
Outro risco que se reflete nos dados do PIB são os choques na cadeia de suprimentos, que impuseram desafios à produção em setores como o automobilístico e a indústria no geral, frentes importantes para a economia americana.
Após pacotes trilionários e auxílios durante a pandemia, os gastos do governo federal também caíram 0,2% e dos estados e governos locais, 0,13%.
Já o consumo privado, que representa dois terços do PIB, cresceu 1% (frente ao trimestre anterior), um resultado menor que os 1,8% do primeiro trimestre, mas ainda em alta. As exportações também foram uma frente positiva, com alta de 1,9%.
Apesar dessa descrição, os EUA não classificam recessão como somente dois trimestres de queda.
A definição usada no país é mais ampla, com base nos pesquisadores do National Bureau of Economic Research, um órgão econômico do governo. A instituição classifica recessão como uma queda mais ampla na economia, espalhada por vários setores e que dure muitos meses.
Ainda não é o caso da economia americana, que vive cenário de emprego pleno (a taxa de desemprego está em 3,6%) e consumo tendo crescido no trimestre.
"Quando se está criando 400 mil empregos por mês, isso não é uma recessão", disse a secretária do Tesouro, Janet Yellen, neste mês.
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No entanto, os riscos crescentes de recessão nos EUA estão no radar em meio à inflação recorde que tem levado a uma alta brusca de juros.
O resultado do PIB vem um dia depois de o Fed, banco central americano, elevar a taxa de juros do país novamente em 0,75 ponto.
A taxa de juros dos EUA agora subiu para o intervalo de 2,25% e 2,50%. A alta é a quarta elevação desde março.
A inflação americana superou 9% no mês passado, puxada pela alta nos preços das commodities e combustíveis que têm afetado toda a cadeia com a guerra na Ucrânia e a recuperação da economia global pós-auge da covid-19.