Economia

PIB do 1º trimestre faz mercado prever crescimento de até 5,5% em 2021

PIB voltou ao patamar do quarto trimestre de 2019, período pré-pandemia. Mas ainda está 3,1% abaixo do ponto mais alto da atividade econômica, alcançado no primeiro trimestre de 2014

Bandeira do Brasil no Rio de Janeiro (Cesar Okada/Getty Images)

Bandeira do Brasil no Rio de Janeiro (Cesar Okada/Getty Images)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 2 de junho de 2021 às 13h18.

Puxado por atividades exportadoras, como a agropecuária e a indústria extrativa, o Produto Interno Bruto cresceu 1,2% no primeiro trimestre do ano, na comparação com os últimos três meses de 2020. Divulgado ontem pelo IBGE, o resultado ficou acima das previsões do mercado - que estimava avanço em torno de 0,7% - e levou algumas instituições a projetar alta de até 5,5% no fechamento do ano. Ainda assim, uma terceira onda de covid-19 no País e um eventual racionamento de energia são citados por analistas como os principais riscos para atividade.

A pandemia mostrou que a inovação será cada dia mais decisiva para seu negócio. Encurte caminhos, e vá direto ao ponto com o curso Inovação na Prática

Com o crescimento registrado entre janeiro e março, o PIB voltou ao patamar do quarto trimestre de 2019, período pré-pandemia. Mas ainda está 3,1% abaixo do ponto mais alto da atividade econômica do País - alcançado no primeiro trimestre de 2014.

O resultado foi visto pelo governo como um sinal de acerto da política econômica, e levou o ministro Paulo Guedes a falar em desbloqueio de recursos do Orçamento (mais informações na pág. B5). Já a Bolsa de Valores bateu ontem o terceiro recorde consecutivo, ao alcançar 128,2 mil pontos, na expectativa de crescimento de receita das empresas.

Uma pesquisa do Projeções Broadcast com 22 instituições indicou melhora também nas estimativas para o PIB no ano. A mediana passou de 4,2%, em sondagem antes da divulgação dos dados oficiais, para 5,0%. As apostas oscilam agora entre 3,3% e 5,5%. Entre os mais otimistas, estão Goldman Sachs e BNP Paribas. Bradesco e Itaú Unibanco esperam 4,8% e 5,0%, respectivamente.

Ainda há riscos para a consolidação desse cenário de maior crescimento, como a própria evolução da pandemia e a dinâmica do mercado de trabalho e renda. Afetado pela elevada inflação de alimentos, pelo alto desemprego e pela ausência do auxílio emergencial - que só voltou a ser pago pelo governo federal em abril -, o consumo das famílias ficou estagnado, com ligeira queda de 0,1% ante o quarto trimestre.

Além disso, a crise hídrica ameaça tanto o crescimento econômico por causa da oferta de eletricidade, quanto a inflação, com esperados reajustes na conta de luz. "E tanto uma piora da pandemia como o risco hidrológico afetam o (equilíbrio) fiscal, por pressão por mais gastos, com transferências ou subsídios", diz a economista-chefe do Credit Suisse no Brasil, Solange Srour.

Agropecuária

O crescimento do primeiro trimestre foi puxado pela agropecuária que saltou 5,7% sobre o quarto trimestre de 2020, com destaque para a colheita da soja, e pelo PIB industrial, que avançou 0,7% na mesma base de comparação (com alta de 3,2% no segmento extrativo). Na ótica da demanda, esses setores puxaram a alta de 4,6% nos investimentos, embora esse avanço tenha sido artificialmente inflado por mudanças na tributação da indústria de petróleo e gás.

Mais afetados pela pandemia, os serviços, principal componente do PIB pela ótica da oferta, cresceram 0,4% na comparação com o quarto trimestre de 2020, ainda demonstrando lentidão na retomada. Na comparação com os três primeiros meses de 2020, apresentaram queda de 0,8%.

"O setor agrícola continuou superforte neste primeiro trimestre, e a indústria e os serviços estão aprendendo a se readequar. Olhando para segundo trimestre, os indicadores antecedentes também são favoráveis, com alta na confiança de quase tudo. E a mobilidade também não sentiu os lockdowns regionais de forma expressiva", disse o economista Daniel Xavier, do Banco ABC Brasil.

No início da pandemia, as restrições ao contato levaram a uma paralisação inédita da produção, das vendas e dos serviços, derrubando a atividade econômica. Com o passar dos meses, o efeito da menor mobilidade sobre os indicadores econômicos caiu, diz um relatório da LCA Consultores, sugerindo que "as economias se adaptaram à pandemia", com "uso intensivo de tecnologia, sistemas híbridos (presencial e virtual) de trabalho e ampliação do e-commerce". 

Acompanhe tudo sobre:Crescimento econômicoeconomia-brasileiraPIB do Brasil

Mais de Economia

Oi recebe proposta de empresa de tecnologia para venda de ativos de TV por assinatura

Em discurso de despedida, Pacheco diz não ter planos de ser ministro de Lula em 2025

Economia com pacote fiscal caiu até R$ 20 bilhões, estima Maílson da Nóbrega

Reforma tributária beneficia indústria, mas exceções e Custo Brasil limitam impacto, avalia o setor