IBGE deve confirmar nesta quinta-feira que 2018 foi um ano economicamente decepcionante (Mario Tama/Getty Images)
AFP
Publicado em 27 de fevereiro de 2019 às 11h41.
O IBGE deve confirmar nesta quinta-feira que 2018 foi um ano economicamente decepcionante, enquanto 2019 não promete registrar um crescimento rápido do investimento ou do consumo, segundo analistas.
O órgão divulgará neste dia o PIB do ano passado, que, segundo as últimas avaliações, cresceu 1,2%, pouco mais que o 1,1% de 2017, quando o Brasil superou dois anos de recessão.
Há motivos de sobra para essa relativa fragilidade: 2018 foi marcado por uma greve dos caminhoneiros que parou o país no fim de maio, pela crise na Argentina (importante parceiro comercial do Brasil) e pelas incertezas eleitorais - embora mesmo depois de resolvidas, com a vitória de Jair Bolsonaro (PSL) sobre Fernando Haddad (PT), esperada pelos mercados, a economia não tenha deslanchado no último trimestre do ano.
E as expectativas para este ano não param de cair, de 2,64% em dezembro, para 2,48% em janeiro, na última pesquisa Focus de projeção de mercados do Banco Central.
Investidores apostaram nas reformas de privatizações prometidas pelo ministro da Economia, Paulo Guedes, durante a campanha, mas os projetos deram de frente com as difíceis negociações no Congresso e as crises e polêmicas do governo.
O projeto de reforma da aposentadoria, que pretende reduzir em quase R$ 1,2 trilhão de gastos em dez anos foi bem recebido pelos investidores.
Contudo, a decolagem da economia "não é uma questão psicológica, de expectativa, é uma questão fatual, QUE depende das reformas com impacto concreto, real", segundo Adriano Gianturco, coordenador de cursos de Relações Internacionais do Ibmec.
Para André Perfeito, da consultoria Necton, os dados de 2018 mostrarão que não há "nenhum polo dinâmico na economia brasileira".
"O consumo das famílias não tende a subir. Uma situação bastante frágil ainda no mercado de trabalho (...) e muita gente desalentada", afirmou.
Os gastos do governo devem cair com a política de cortes impulsionada por Guedes.
E os investimentos em bens de capital - "a grande esperança", de acordo com Perfeito - vão demorar, acredita o especialista.
"O empresário pode estar empolgadíssimo por Bolsonaro e Guedes, (...) se tem ociosidade na economia, como tem, e a economia é fraca, o empresário não investe", afirma.
Para Perfeito, que prevê uma expansão de 2,1% em 2019, as reformas podem gerar "um crescimento talvez mais vigoroso em 2020 e 2021".
As projeções do mercado para o ano que vem são de uma expansão do PIB de 2,74%.