Segunda onda faria Brasil encolher até 9,1% em 2020, diz OCDE
Ainda que o país não sofra uma segunda onda de covid-19, contração da economia ficará em 7,4%, segundo relatório divulgado nesta quarta-feira, 10
Ernesto Yoshida
Publicado em 10 de junho de 2020 às 06h54.
Última atualização em 10 de junho de 2020 às 08h09.
A economia brasileira ensaiava uma recuperação depois de um longo período de baixo crescimento, mas veio a pandemia do coronavírus e o país deve terminar este ano em recessão profunda. O tamanho do tombo dependerá da duração da crise da covid-19 , segundo um relatório divulgado na manhã desta quarta-feira, 10, pela Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) , o clube dos países ricos.
Diante das incertezas sobre a extensão da pandemia, o estudo traça dois cenários possíveis. No pior cenário, prevê uma segunda onda de covid-19 no último trimestre deste ano, o que exigiria a adoção de novas medidas de fechamento da economia. Nesse caso, o PIB brasileiro cairia 9,1% neste ano e conseguiria se recuperar modestamente em 2021, quando cresceria 2,4%.
A taxa de desemprego aumentaria para um pico de 15,4% no ano que vem (no primeiro trimestre deste ano, esse índice foi de 12,2%, segundo o IBGE).
No melhor cenário, a OCDE supõe que a pandemia se estabilizaria neste ano e não haveria um novo surto após a reabertura gradual da economia na primeira quinzena de junho. Nesse caso, a previsão é que o PIB brasileiro feche com uma queda de 7,4% neste ano e registre um crescimento mais robusto no próximo ano, de 4,2%.
Em ambos os cenários, as projeções da OCDE indicam para este ano uma contração mais severa do que a apontada pelo Boletim Focus, divulgado pelo Banco Central na última segunda-feira. O estudo, baseado na avaliação de especialistas do mercado financeiro, projeta uma queda de 6,48% do PIB brasileiro neste ano e um crescimento de 3,5% em 2021.
O relatório da OCDE afirma que as respostas da política fiscal do governo brasileiro à pandemia têm sido “ousadas e consideráveis”, com um impacto fiscal superior a 6% do PIB e com foco nos grupos mais vulneráveis, incluindo os trabalhadores informais. O estudo adverte, no entanto, que as medidas de gastos adicionais devem ser temporárias, evitando-se novas despesas não relacionadas ao combate da covid-19, para não pressionar ainda mais a dívida pública bruta, que deverá subir para mais de 90% do PIB no fim deste ano.
A OCDE fez projeções também para outros países com base nos dois possíveis cenários (com a establilização da pandemia e com uma nova onda de covid-19 no último trimestre). Para os Estados Unidos, a previsão para 2020 é de uma contração de 7,3% no melhor cenário e de 8,5% no pior cenário. Para a China, as projeções são de uma queda no PIB de 2,6% e 3,7%, respectivamente. A zona do euro deverá ser a área mais impactada pela covid-19, com uma redução no PIB de 9,1%, no melhor cenário, e de 11,5%, no pior cenário.
Para o mundo, as contrações previstas são de 6% e 7,6%, respectivamente. Superada a pandemia, a maioria dos países, de acordo com as projeções da OCDE, conseguirá retomar o caminho do crescimento em 2021.