Economia

Pessimismo com política derruba confiança do consumidor em abril

Após queda de 3,1 pontos, o Índice de Confiança do Consumidor (ICC) medido pela Fundação Getulio Vargas foi a 82,2 pontos em abril

Confiança do consumidor foi afetada por fatores políticos, destacando o envolvimento de políticos em escândalos de corrupção (Getty Images/Getty Images)

Confiança do consumidor foi afetada por fatores políticos, destacando o envolvimento de políticos em escândalos de corrupção (Getty Images/Getty Images)

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Reuters

Publicado em 26 de abril de 2017 às 08h44.

São Paulo - A confiança do consumidor brasileiro interrompeu uma sequência de três meses de melhora e recuou em abril, diante de um pessimismo relacionado a eventos políticos no país, de acordo com dados da Fundação Getulio Vargas divulgados nesta quarta-feira.

Após queda de 3,1 pontos, o Índice de Confiança do Consumidor (ICC) foi a 82,2 pontos em abril, com perdas tanto na avaliação sobre a situação atual quanto das expectativas.

"A queda da confiança dos consumidores em abril está relacionada a uma calibragem das expectativas ... em um quadro que pode ser considerado como de pessimismo moderado", disse em nota a coordenadora da pesquisa, Viviane Seda Bittencourt.

Ela explica que as expectativas foram afetadas por fatores políticos, destacando o envolvimento de políticos em escândalos de corrupção.

"Não há como se descartar a possibilidade de que esta calibragem tenha relação com o mau humor provocado pela nova rodada de eventos políticos --como a divulgação da lista de políticos mencionados nas planilhas de controle da Odebrecht,

ocorrida em 16 de abril", completou ela.

Na terça-feira, a Polícia Federal confirmou ter recebido do Supremo Tribunal Federal (STF) os autos de 30 dos 76 inquéritos abertos pela corte a partir das delações de executivos da Odebrecht que envolvem principalmente pessoas com foro privilegiado.

Na lista dos que serão alvos de investigação pela PF nessa primeira leva de apurações estão, por exemplo, os presidentes do PMDB e PSDB, respectivamente os senadores Romero Jucá (RJ) e Aécio Neves (MG), e o ex-presidente do Senado e líder do PMDB na Casa, Renan Calheiros (AL).

No ICC, o Índice de Expectativas (IE) foi o que teve maior recuo, de 4,6 pontos, indo a 91,1 pontos. O Índice da Situação Atual (ISA) teve queda de 0,7 ponto, para 70,8 pontos.

Segundo a FGV, em relação às perspectivas futuras o Indicador de Ímpeto de Compras de Duráveis nos meses seguintes foi o que mais contribuiu para o resultado do ICC. Também apresentaram perdas os índices que medem o otimismo com a economia e com a situação financeira

O recuo da confiança em abril acontece apesar de a inflação e a taxa de juros continuarem em queda e da liberação do saque das contas inativas do FGTS. Entretanto, "o aumento da incerteza, principalmente no ambiente político parece agir como uma ducha de água fria no sentimento dos consumidores", destacou a FGV.

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