Usina eólica: as máquinas do complexo da Omega no Piauí, com 90 metros de altura, estão operacionais desde 2014 (Vincent West/Reuters)
Reuters
Publicado em 3 de fevereiro de 2020 às 16h29.
Última atualização em 4 de fevereiro de 2020 às 15h12.
São Paulo - Um parque eólico operado pela elétrica Omega Geração no Piauí teve uma de suas turbinas danificadas no domingo, quando peças da máquina despencaram de uma altura de quase 100 metros.
O incidente não deixou feridos, mas exigiu a paralisação da operação do aerogerador, fabricado pela espanhola Gamesa, informou a Omega em comunicado nesta segunda-feira, após questionamentos da Reuters.
Imagens que circularam por redes sociais mostram que a torre da turbina permaneceu no lugar, enquanto partes do equipamento, como pás e o rotor, caíram e despedaçaram-se no chão.
"Na tarde deste domingo, algumas peças se desconectaram de um de nossos geradores no município de Ilha Grande, no Piauí", afirmou a Omega em nota, acrescentando que espera retomar a operação do aerogerador "o mais breve possível", mas sem citar prazos.
A Siemens Gamesa, empresa resultado das fusão dos negócios de energia eólica da Gamesa com os da alemã Siemens, disse que foi estabelecida uma "zona de segurança" ao redor do equipamento e que as causas do problema estão sendo apuradas.
"O parque eólico está sob contrato de serviço de operação e manutenção da Siemens Gamesa. Uma investigação completa está em andamento para determinar a causa desse incidente", afirmou a empresa em nota à Reuters.
A Omega ainda minimizou a gravidade da ocorrência, que foi registrada menos de seis meses depois da queda de uma turbina eólica fabricada pela norte-americana GE em um dos parques da geradora no Maranhão, em setembro passado.
"Não houve maiores danos ao equipamento e sua estrutura", afirmou a elétrica sobre o caso registrado nesta semana no Piauí, sem entrar em detalhes.
As máquinas do complexo da Omega no Piauí, com 90 metros de altura, estão operacionais desde 2014.
A Omega havia registrado em setembro do ano passado a queda de uma turbina eólica no parque Delta 6, que feriu um empregado que estava no local no momento.
Incidente incomum
Quedas de equipamentos como a vista no parque da Omega no domingo não são usuais na indústria eólica, disseram à Reuters duas fontes do setor, que comentaram o caso sob anonimato, ao analisar imagens da máquina danificada.
O caso não deve exigir a troca do aerogerador inteiro, mas a velocidade dos reparos dependerá principalmente da disponibilidade de equipamentos pela fabricante, disse à Reuters uma das fontes, ao elencar os danos visíveis na turbina.
"Caiu o rotor e mais o eixo, que é formado pelo 'hub' e pelas pás... não é normal cair um rotor assim, não é um acidente trivial", disse a fonte.
Apesar do incidente, a torre que sustentava a turbina parece não ter sofrido danos, enquanto a "nacelle", uma espécie de caixa onde ficam o gerador e outros dispositivos, pode ter ficado também intacto ou ter sofrido danos internos, disse uma segunda fonte.
"A nacelle está em cima da torre. A torre ficou em pé, aparentemente sem danos. A nacelle pode ter danos internos. Hub e pás no chão", afirmou a segunda fonte.
"É possível que o conjunto (das peças) tenha caído integralmente... mas inclusive pode ser também que um componente tenha caído e gerado um problema aerodinâmico, levando à queda da estrutura", acrescentou.
O complexo Delta, ao qual pertence a turbina que caiu, tem capacidade instalada total de 70 megawatts. Cada máquina tem 2 megawatts em capacidade.