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Passeios de helicóptero desabam com piora da crise econômica

Os voos de helicóptero estão sendo colocados de lado

Helicóptero: os voos caíram em um terço em São Paulo (Rafael Cusato)
DR

Da Redação

Publicado em 1 de setembro de 2015 às 20h55.

Anote mais uma vítima da crise econômica no Brasil: o mercado de helicópteros mais movimentado do mundo.

Os voos caíram em um terço em São Paulo, onde os heliportos pontilham telhados nos distritos comerciais e residenciais. Pela primeira vez em três décadas, a frota do Brasil deve registrar um declínio anual.

E as escolas de voos estão cheias de trainees que talvez nunca encontrem um emprego na cabine de um helicóptero comercial.

Os voos de helicóptero estão sendo colocados de lado em um momento em que o Brasil adentra uma recessão que, segundo projeções, será a mais profunda do país desde os anos 1930.

Para as empresas de helicóptero, a retração ocorre após cinco anos de expansão impulsionada pela exploração de petróleo no mar e pela demanda de milionários por voar sobre o trânsito e os crimes das ruas de São Paulo.

“Ninguém está gastando dinheiro”, disse Rafael Dylis, gerente de vendas da Helimarte Táxi Aéreo, de São Paulo. “Todos os que precisam economizar estão economizando com nosso serviço. Eles preferem ir de carro, ônibus ou outro meio de transporte, mas não de helicóptero”.

Os helicópteros são habitualmente usados como táxis aéreos em São Paulo e no Rio de Janeiro, cuja frota combinada de quase 360 supera os 215 registrados em todo o estado de Nova York, segundo a firma de consultoria JetNet LLC, dos EUA.

Mas o ruído palpitante das hélices de helicóptero e o zumbido de suas turbinas sobre os arranha-céus de São Paulo estão sendo ouvidos com menor frequência atualmente.

A Helimarte viu seus negócios caírem 40 por cento, para 300 horas-voo por mês, pois os brasileiros estão deixando seus antigos luxos de lado, disse Dylis.

Maior frota

“Até este ano, tínhamos a maior frota civil do mundo em São Paulo”, disse Ruy Flemming, diretor da Associação Brasileira de Pilotos de Helicóptero (ABRAPHE).

No Brasil, a combinação entre as reservas de petróleo do Oceano Atlântico e as vastas metrópoles engarrafadas ajudou a criar uma dependência incomum em relação aos helicópteros: eles equivalem a cerca de 14 por cento da frota de aeronaves civis, fatia quase três vezes maior que a observada nos EUA, segundo estatísticas da ABRAPHE e da Administração Federal de Aviação dos EUA.

De 2010 a julho deste ano, a frota brasileira cresceu 50 por cento, segundo a JetNet.

Os moradores ricos de São Paulo que se dirigem a casas à beira-mar muitas vezes optam por voar, o que os protege do risco de sequestro.

Entre os executivos seniores, os helicópteros são um dos meios de transporte preferidos para viagens entre os distritos comerciais de São Paulo e o Aeroporto Internacional de Guarulhos.

Os voos de 12 minutos da Helimarte para Guarulhos eliminam o aborrecimento de uma jornada que pode demorar 90 minutos ou mais de carro. Mas eles não são baratos: fretar um pequeno Robinson 44 para até três passageiros custa R$ 3.000 (US$ 817).

O voo em uma aeronave superior, um luxuoso Agusta 109 com seis assentos e turbinas, sai por R$ 12.000.

Empregos escassos

Flemming, o diretor da ABRAPHE, disse que os trainees atraídos pelo mercado antes aquecido estão descobrindo que a certificação de piloto comercial – depois de terem investido R$ 100.000 em treinamentos para conseguir a licença -- não é garantia de emprego.

As matrículas nas escolas de voos se multiplicaram por sete desde 2010, para cerca de 800 no ano passado. Pelo menos mais 500 novos pilotos se formarão em 2015.

“A maioria desses caras nunca vai pilotar um helicóptero profissionalmente”, disse Flemming, 55, ex-tenente-coronel da Força Aérea Brasileira.

Enquanto ele pilota para uma família rica, cujas viagens ainda incluem visitas a uma casa de férias à beira-mar, seu filho, que também é piloto de helicóptero, não tem a mesma sorte. Caio Flemming, 23, tem 1.500 horas-voo – 15 vezes mais que o mínimo necessário para uma licença comercial -- e não consegue emprego.

Na Helimarte, Dylis está tendo dificuldades para encontrar clientes e, ao mesmo tempo, precisa repassar-lhes custos crescentes de combustível em meio à desvalorização do real, que registra o pior desempenho em relação ao dólar americano entre as principais moedas em 2015.

Há quase seis anos na empresa, ele nunca viu tão pouco interesse nos voos de helicóptero.

“A situação foi melhor em maio e junho, mas julho e agosto não foram bons”, disse Dylis. “Não sabemos o que esperar”.

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E as escolas de voos estão cheias de trainees que talvez nunca encontrem um emprego na cabine de um helicóptero comercial.

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Para as empresas de helicóptero, a retração ocorre após cinco anos de expansão impulsionada pela exploração de petróleo no mar e pela demanda de milionários por voar sobre o trânsito e os crimes das ruas de São Paulo.

“Ninguém está gastando dinheiro”, disse Rafael Dylis, gerente de vendas da Helimarte Táxi Aéreo, de São Paulo. “Todos os que precisam economizar estão economizando com nosso serviço. Eles preferem ir de carro, ônibus ou outro meio de transporte, mas não de helicóptero”.

Os helicópteros são habitualmente usados como táxis aéreos em São Paulo e no Rio de Janeiro, cuja frota combinada de quase 360 supera os 215 registrados em todo o estado de Nova York, segundo a firma de consultoria JetNet LLC, dos EUA.

Mas o ruído palpitante das hélices de helicóptero e o zumbido de suas turbinas sobre os arranha-céus de São Paulo estão sendo ouvidos com menor frequência atualmente.

A Helimarte viu seus negócios caírem 40 por cento, para 300 horas-voo por mês, pois os brasileiros estão deixando seus antigos luxos de lado, disse Dylis.

Maior frota

“Até este ano, tínhamos a maior frota civil do mundo em São Paulo”, disse Ruy Flemming, diretor da Associação Brasileira de Pilotos de Helicóptero (ABRAPHE).

No Brasil, a combinação entre as reservas de petróleo do Oceano Atlântico e as vastas metrópoles engarrafadas ajudou a criar uma dependência incomum em relação aos helicópteros: eles equivalem a cerca de 14 por cento da frota de aeronaves civis, fatia quase três vezes maior que a observada nos EUA, segundo estatísticas da ABRAPHE e da Administração Federal de Aviação dos EUA.

De 2010 a julho deste ano, a frota brasileira cresceu 50 por cento, segundo a JetNet.

Os moradores ricos de São Paulo que se dirigem a casas à beira-mar muitas vezes optam por voar, o que os protege do risco de sequestro.

Entre os executivos seniores, os helicópteros são um dos meios de transporte preferidos para viagens entre os distritos comerciais de São Paulo e o Aeroporto Internacional de Guarulhos.

Os voos de 12 minutos da Helimarte para Guarulhos eliminam o aborrecimento de uma jornada que pode demorar 90 minutos ou mais de carro. Mas eles não são baratos: fretar um pequeno Robinson 44 para até três passageiros custa R$ 3.000 (US$ 817).

O voo em uma aeronave superior, um luxuoso Agusta 109 com seis assentos e turbinas, sai por R$ 12.000.

Empregos escassos

Flemming, o diretor da ABRAPHE, disse que os trainees atraídos pelo mercado antes aquecido estão descobrindo que a certificação de piloto comercial – depois de terem investido R$ 100.000 em treinamentos para conseguir a licença -- não é garantia de emprego.

As matrículas nas escolas de voos se multiplicaram por sete desde 2010, para cerca de 800 no ano passado. Pelo menos mais 500 novos pilotos se formarão em 2015.

“A maioria desses caras nunca vai pilotar um helicóptero profissionalmente”, disse Flemming, 55, ex-tenente-coronel da Força Aérea Brasileira.

Enquanto ele pilota para uma família rica, cujas viagens ainda incluem visitas a uma casa de férias à beira-mar, seu filho, que também é piloto de helicóptero, não tem a mesma sorte. Caio Flemming, 23, tem 1.500 horas-voo – 15 vezes mais que o mínimo necessário para uma licença comercial -- e não consegue emprego.

Na Helimarte, Dylis está tendo dificuldades para encontrar clientes e, ao mesmo tempo, precisa repassar-lhes custos crescentes de combustível em meio à desvalorização do real, que registra o pior desempenho em relação ao dólar americano entre as principais moedas em 2015.

Há quase seis anos na empresa, ele nunca viu tão pouco interesse nos voos de helicóptero.

“A situação foi melhor em maio e junho, mas julho e agosto não foram bons”, disse Dylis. “Não sabemos o que esperar”.

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