Paulo Rabello de Castro: "O Brasil tem uma carência de operações que formem efetivamente a taxa de juros de longo prazo" (Wilson Dias/Agência Brasil)
Estadão Conteúdo
Publicado em 29 de maio de 2017 às 20h36.
Última atualização em 30 de maio de 2017 às 12h35.
Rio de Janeiro - O futuro presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Paulo Rabello de Castro, que atualmente dirige o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), defendeu nesta segunda-feira, 29, a convergência dos juros da instituição de fomento com as taxas cobradas no mercado.
Segundo ele, um dos principais desafios do Brasil é construir uma estrutura a termo de taxas de juros, reduzindo subsídios.
O economista lembrou que, hoje, a estrutura a termo de taxa de juros é estritamente atrelada a títulos públicos.
"O Brasil tem uma carência de operações que formem efetivamente a taxa de juros de longo prazo", disse Rabello de Castro, em entrevista coletiva pouco antes do lançamento da Agência IBGE Notícias, no Rio.
Para o futuro presidente do BNDES, o banco de fomento precisa fortalecer as operações de longo prazo no mercado de capitais, com ampliação da participação privada, para que o país realmente tenha um mercado de longo prazo.
"O BNDES tem que ser como um pai que ajuda a caminhar e também sabe soltar a bicicleta", afirmou Rabello de Castro.
Nesse quadro, a "taxa de juros é quase um detalhe". "As taxas do BNDES têm que convergir para o mercado", disse Rabello de Castro, lembrando que isso dependerá de medidas de políticas fiscal que não estão na alçada do BNDES.
"Temos que começar a fazer o exercício do desapego desse conceito do subsídio. Temos que fazer o Brasil convergir para a normalidade", afirmou Rabello de Castro, completando que "o principal apoio que o BNDES pode dar ao mercado é a disponibilidade do apoio", e não juros baixos.
"(O mercado de crédito) tem que funcionar de modo normal. O que requer um abandono da ideia de que você tem de ter segmentos subsidiados", afirmou.