Economia

Para onde vai a economia brasileira e mundial, segundo o Itaú

A previsão do banco que PIB só voltaria em 2019 para o pico registrado no início de 2014: um total de 5 anos perdidos

A previsão é que as economias emergentes voltem a se destacar no cenário mundial (Getty Images)

A previsão é que as economias emergentes voltem a se destacar no cenário mundial (Getty Images)

João Pedro Caleiro

João Pedro Caleiro

Publicado em 27 de outubro de 2016 às 18h52.

Última atualização em 27 de outubro de 2016 às 19h06.

São Paulo – Apesar de avançar na agenda fiscal, o Brasil ainda vai ter que esperar um pouco para ver a recuperação da economia em dados concretos.

A estimativa do Itaú Unibanco é que o PIB do 3º trimestre, a ser divulgado daqui um mês, vai trazer uma nova contração de 0,5% após a queda de 0,6% no 2º tri.

“Nessa fase do ciclo é normal ter muita volatilidade dos dados. Nem os fundamentos nem as nossas projeções mais para a frente mudaram muito”, disse o economista Felipe Salles em reunião com jornalistas nessa quinta-feira (27).

Os últimos dados de atividade vieram mais fracos do que o esperado, mas os estoques da indústria teriam chegado a um ponto em que exigem mais produção mesmo sem recuperação da demanda.

A previsão do banco é de crescimento da economia brasileira de 2% em 2017 e 4% em 2018, mas mesmo assim o PIB só voltaria em 2019 para o pico registrado no início de 2014.

É um total de 5 anos perdidos, prazo ainda maior na conta de PIB per capita.

As recessões deixam marcas perenes que só vão ser entendidas com o tempo: não se sabe ainda o nível de destruição de capital ou de desperdício das habilidade dos trabalhadores que ficam fora do mercado.

A boa notícia é que o investimento deve se recuperar diante de uma combinação virtuosa de juros em queda, commodities estáveis e desalavancagem das empresas.

A recuperação do consumo só deve ficar para 2018, quando o mercado de trabalho voltar a mostrar uma dinâmica mais positiva.

Mário Mesquita, economista-chefe do banco, também notou que o teto de gastos causará uma “revolução cultural” nos parlamentares ao explicitar para a sociedade as escolhas do Orçamento.

Veja as previsões do Itaú Unibanco para o Brasil:

20152016 (est.)2017 (est.)
PIB-3,8%-3,2%2%
Desemprego (dezembro/PNAD)9,7%12,5%12,2%
Inflação10,7%6,9%4,8%
Selic (dezembro)14,3%13,5%10%
Superávit primário (% do PIB)-1,9%-1,2%-1,7%

Mundo

A previsão geral do Itaú é que as economias emergentes voltem a se destacar no cenário mundial nos próximos anos, aumentando seu diferencial de crescimento em relação aos países mais desenvolvidos.

“Isso também tem a ver com a esperada melhora de alguns emergentes importantes como Brasil, Rússia e Argentina”, diz Mesquita.

O risco de uma vitória de Donald Trump nas eleições presidenciais americanas é considerado “baixo, mas não desprezível” e causaria desvalorização de moedas emergentes em relação ao dólar.

O risco é que um presidente Trump cause instabilidade e seja mais protecionista, afetando a moeda de grandes parceiros comerciais como o México, como já preveem alguns estudos.

No cenário-base, o diagnóstico do Itaú Unibanco é que a política monetária no mundo rico chegou a um limite: não dá mais nem para cortar juros nem para aumentar o estoque de ativos dos bancos centrais com o objetivo de estimular a economia.

A previsão é de uma zona do euro crescendo perto do potencial, Japão com 3 anos de crescimento (ainda que baixo) e Reino Unido sentindo os efeitos da saída da União Europeia (mas sem chegar a entrar em recessão).

Veja as previsões do Itaú Unibanco para o crescimento no mundo:

2013201420152016 (est.)2017 (est.)
Mundo3,4%3,4%3,1%3,1%3,5%
EUA1,5%2,4%2,4%1,5%2,2%
Zona do Euro-0,4%0,9%1,5%1,5%1,3%
Japão1,4%0,0%0,5%0,6%0,7%
China7,8%7,3%6,9%6,6%6,3%
Acompanhe tudo sobre:Crise econômicaCrises em empresaseconomia-brasileiraItaúPaíses emergentesPIBPIB do BrasilRecessão

Mais de Economia

Haddad anuncia corte de R$ 15 bilhões no Orçamento de 2024 para cumprir arcabouço e meta fiscal

Fazenda mantém projeção do PIB de 2024 em 2,5%; expectativa para inflação sobe para 3,9%

Revisão de gastos não comprometerá programas sociais, garante Tebet

Mais na Exame