Para governo, momento é de transformações
Essa nova "matriz macroeconômica", como define Guido Mantega, foi inaugurada em 2012, quando eclodia a crise na União Europeia
Da Redação
Publicado em 13 de junho de 2013 às 07h48.
Brasília - A equipe econômica do governo federal admite que, se há desequilíbrios na economia, eles são resultados "inevitáveis, mas transitórios" das grandes transformações produzidas pela gestão Dilma Rousseff .
Ao Estado, uma fonte graduada da área econômica cita a radical mudança na trajetória da taxa de câmbio, que deixou de se valorizar ante o dólar e passou, desde o ano passado, a se desvalorizar rapidamente. Desde o fim de 2012, o dólar está praticamente fixo, no patamar de R$ 2.
Ao mesmo tempo, o governo trabalhou para reduzir fortemente a taxa básica de juros. "Hoje, se o Banco Central elevar os juros em 2 pontos porcentuais, a Selic ainda será de um dígito", disse o economista.
No Palácio do Planalto, a visão é que há um novo ambiente macroeconômico, totalmente diferente do que vigorou entre 1994 e 2011, que combinou taxas de juros de dois dígitos e real valorizado - com raras exceções para os anos de 1999 e 2002-2003, quando o câmbio se desvalorizou após a explosão de crises internas.
Novo normal
Essa nova "matriz macroeconômica", como define o ministro da Fazenda, Guido Mantega, foi inaugurada em 2012, quando eclodia a crise na União Europeia. Segundo o governo, muitos desequilíbrios atuais "podem" ser resultado desse "novo normal". O déficit comercial verificado até agora em 2013, por exemplo, estaria ocorrendo, principalmente, por causa do enfraquecimento dos mercados mais ricos e das políticas protecionistas adotadas por parceiros comerciais.
Mas há desconfortos entre os técnicos do governo com desdobramentos microeconômicos de decisões de Brasília. O caso mais citado é o setor de combustíveis. A decisão de subsidiar a gasolina vendida pelos postos no Brasil, desde que o preço do petróleo voltou a subir no mercado internacional, a partir de 2010, acabou desestimulando o consumo de etanol.
Ao mesmo tempo, o consumo aumentou muito - resultado das sucessivas políticas de estímulo à produção e venda de carros novos. Desde o ano passado, principalmente, os motoristas têm abastecido seus carros com gasolina, e cada vez menos com álcool.
Interferência
Diante da dificuldade para refinar petróleo na velocidade necessária para distribuir gasolina, a Petrobrás foi forçada a elevar as importações do combustível, e a diferença de preços entre o mercado doméstico e o exterior aumentou o rombo no caixa da estatal.
Para corrigir o desequilíbrio, o governo reajustou os preços da gasolina e do óleo diesel no fim de janeiro, mas ainda levou quase quatro meses para anunciar um pacote para estimular o setor sucroalcooleiro. Após o lançamento das medidas, os próprios empresários afirmaram que "o problema do setor de etanol ainda é muito maior".
Hoje, técnicos do governo entendem que a gasolina precisa de novo reajuste, de 5%, e o etanol de novos incentivos, mas um aumento ou um pacote adicional de alívio tributário estão descartados.
Brasília - A equipe econômica do governo federal admite que, se há desequilíbrios na economia, eles são resultados "inevitáveis, mas transitórios" das grandes transformações produzidas pela gestão Dilma Rousseff .
Ao Estado, uma fonte graduada da área econômica cita a radical mudança na trajetória da taxa de câmbio, que deixou de se valorizar ante o dólar e passou, desde o ano passado, a se desvalorizar rapidamente. Desde o fim de 2012, o dólar está praticamente fixo, no patamar de R$ 2.
Ao mesmo tempo, o governo trabalhou para reduzir fortemente a taxa básica de juros. "Hoje, se o Banco Central elevar os juros em 2 pontos porcentuais, a Selic ainda será de um dígito", disse o economista.
No Palácio do Planalto, a visão é que há um novo ambiente macroeconômico, totalmente diferente do que vigorou entre 1994 e 2011, que combinou taxas de juros de dois dígitos e real valorizado - com raras exceções para os anos de 1999 e 2002-2003, quando o câmbio se desvalorizou após a explosão de crises internas.
Novo normal
Essa nova "matriz macroeconômica", como define o ministro da Fazenda, Guido Mantega, foi inaugurada em 2012, quando eclodia a crise na União Europeia. Segundo o governo, muitos desequilíbrios atuais "podem" ser resultado desse "novo normal". O déficit comercial verificado até agora em 2013, por exemplo, estaria ocorrendo, principalmente, por causa do enfraquecimento dos mercados mais ricos e das políticas protecionistas adotadas por parceiros comerciais.
Mas há desconfortos entre os técnicos do governo com desdobramentos microeconômicos de decisões de Brasília. O caso mais citado é o setor de combustíveis. A decisão de subsidiar a gasolina vendida pelos postos no Brasil, desde que o preço do petróleo voltou a subir no mercado internacional, a partir de 2010, acabou desestimulando o consumo de etanol.
Ao mesmo tempo, o consumo aumentou muito - resultado das sucessivas políticas de estímulo à produção e venda de carros novos. Desde o ano passado, principalmente, os motoristas têm abastecido seus carros com gasolina, e cada vez menos com álcool.
Interferência
Diante da dificuldade para refinar petróleo na velocidade necessária para distribuir gasolina, a Petrobrás foi forçada a elevar as importações do combustível, e a diferença de preços entre o mercado doméstico e o exterior aumentou o rombo no caixa da estatal.
Para corrigir o desequilíbrio, o governo reajustou os preços da gasolina e do óleo diesel no fim de janeiro, mas ainda levou quase quatro meses para anunciar um pacote para estimular o setor sucroalcooleiro. Após o lançamento das medidas, os próprios empresários afirmaram que "o problema do setor de etanol ainda é muito maior".
Hoje, técnicos do governo entendem que a gasolina precisa de novo reajuste, de 5%, e o etanol de novos incentivos, mas um aumento ou um pacote adicional de alívio tributário estão descartados.