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Para governo, CPI do BNDES põe economia em risco

Na tentativa de obter maior controle sobre as investigações, o governo vai trabalhar para que a CPI seja mista, envolvendo não só deputados

O receio do Palácio do Planalto é de que o impacto da comissão sobre o BNDES seja ainda pior do que o provocado pela CPI da Petrobras (REUTERS/Ricardo Moraes)
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Da Redação

Publicado em 21 de julho de 2015 às 10h03.

Brasília - O governo avalia que a CPI anunciada pelo presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), para investigar contratos do BNDES pode paralisar a instituição e causar prejuízos à economia.

O receio do Palácio do Planalto é de que o impacto da comissão sobre a atividade econômica seja ainda pior do que o provocado pela CPI da Petrobras , aumentando a temperatura da crise política.

A avaliação foi feita ontem em reunião da presidente Dilma Rousseff com ministros da coordenação política do governo.

Na tentativa de obter maior controle sobre as investigações, o governo vai trabalhar para que a CPI seja mista, envolvendo não só deputados - muitos dos quais sob orientação de Cunha - como senadores.

Em conversas reservadas, auxiliares de Dilma acreditam que até mesmo os empresários, financiadores de campanha, atuarão para esvaziar a CPI.

Segundo informações obtidas pelo Estado, a equipe econômica estuda abrir uma linha de crédito para capital de giro, financiada pelo BNDES, para socorrer empresas em dificuldades após a Operação Lava Jato, da Polícia Federal, e evitar demissões em massa. Ministros dizem, porém, que nada disso será levado adiante se a CPI vingar.

Rompido com o governo desde que o lobista e delator Júlio Camargo o acusou de ter cobrado propina de US$ 5 milhões, Cunha quer pôr o PMDB na presidência e na relatoria da CPI do BNDES, o que preocupa o Planalto. Para piorar o quadro, o governo sabe que o grupo de Cunha e a oposição tentarão constranger o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva na CPI e temem o agravamento da crise.

Na semana passada, a Procuradoria da República no Distrito Federal abriu investigação contra Lula, acusando-o de tráfico de influência.

A suspeita levantada pelo Ministério Público é a de que Lula, após deixar a Presidência, tenha usado seu poder para facilitar obras da Odebrecht em países da África e da América Latina, com financiamento do BNDES. Em nota, o Instituto Lula disse que o procedimento aberto contra ele é "irregular, intempestivo e injustificado".

"Não há possibilidade de ingerência política no BNDES", afirmou Luciano Coutinho, presidente do banco.

Recesso

A estratégia do Planalto é tentar pacificar a relação com o Congresso durante o recesso, liberando emendas parlamentares e acertando nomeações de segundo e terceiro escalões. Embora o governo ache que Cunha "passou dos limites", a ordem é isolá-lo, e não partir para o ataque.

"Eu quero ver isso como uma questão de momento, em que ele (Cunha) se sentiu injustiçado", disse o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo. "Espero que essas iniciativas não se traduzam na busca de desestabilização das relações políticas e do próprio quadro institucional. Não creio que ele faria isso."

Por ordem de Dilma, ministros também tentarão se reaproximar do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL). Na sexta-feira, Renan chamou de "tacanhas e ineficientes" as medidas de ajuste fiscal do governo. "Ele pode fazer a crítica que quiser porque é aliado", amenizou o ministro das Relações Institucionais, Eliseu Padilha. (Colaboraram Talita Fernandes, Beatriz Bulla e Victor Martins)

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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Brasília - O governo avalia que a CPI anunciada pelo presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), para investigar contratos do BNDES pode paralisar a instituição e causar prejuízos à economia.

O receio do Palácio do Planalto é de que o impacto da comissão sobre a atividade econômica seja ainda pior do que o provocado pela CPI da Petrobras , aumentando a temperatura da crise política.

A avaliação foi feita ontem em reunião da presidente Dilma Rousseff com ministros da coordenação política do governo.

Na tentativa de obter maior controle sobre as investigações, o governo vai trabalhar para que a CPI seja mista, envolvendo não só deputados - muitos dos quais sob orientação de Cunha - como senadores.

Em conversas reservadas, auxiliares de Dilma acreditam que até mesmo os empresários, financiadores de campanha, atuarão para esvaziar a CPI.

Segundo informações obtidas pelo Estado, a equipe econômica estuda abrir uma linha de crédito para capital de giro, financiada pelo BNDES, para socorrer empresas em dificuldades após a Operação Lava Jato, da Polícia Federal, e evitar demissões em massa. Ministros dizem, porém, que nada disso será levado adiante se a CPI vingar.

Rompido com o governo desde que o lobista e delator Júlio Camargo o acusou de ter cobrado propina de US$ 5 milhões, Cunha quer pôr o PMDB na presidência e na relatoria da CPI do BNDES, o que preocupa o Planalto. Para piorar o quadro, o governo sabe que o grupo de Cunha e a oposição tentarão constranger o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva na CPI e temem o agravamento da crise.

Na semana passada, a Procuradoria da República no Distrito Federal abriu investigação contra Lula, acusando-o de tráfico de influência.

A suspeita levantada pelo Ministério Público é a de que Lula, após deixar a Presidência, tenha usado seu poder para facilitar obras da Odebrecht em países da África e da América Latina, com financiamento do BNDES. Em nota, o Instituto Lula disse que o procedimento aberto contra ele é "irregular, intempestivo e injustificado".

"Não há possibilidade de ingerência política no BNDES", afirmou Luciano Coutinho, presidente do banco.

Recesso

A estratégia do Planalto é tentar pacificar a relação com o Congresso durante o recesso, liberando emendas parlamentares e acertando nomeações de segundo e terceiro escalões. Embora o governo ache que Cunha "passou dos limites", a ordem é isolá-lo, e não partir para o ataque.

"Eu quero ver isso como uma questão de momento, em que ele (Cunha) se sentiu injustiçado", disse o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo. "Espero que essas iniciativas não se traduzam na busca de desestabilização das relações políticas e do próprio quadro institucional. Não creio que ele faria isso."

Por ordem de Dilma, ministros também tentarão se reaproximar do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL). Na sexta-feira, Renan chamou de "tacanhas e ineficientes" as medidas de ajuste fiscal do governo. "Ele pode fazer a crítica que quiser porque é aliado", amenizou o ministro das Relações Institucionais, Eliseu Padilha. (Colaboraram Talita Fernandes, Beatriz Bulla e Victor Martins)

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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