Para campeã da globalização, Trump pode ter razão sobre comércio
Empresa que administra a maior linha de contêineres do mundo não culpou o rufar dos tambores da guerra anticomércio por resultados decepcionantes
João Pedro Caleiro
Publicado em 20 de maio de 2018 às 08h00.
Última atualização em 20 de maio de 2018 às 08h00.
A empresa que fez fortuna com a globalização diz que Donald Trump pode ter razão em relação ao comércio.
“Há um argumento muito forte a favor do comércio global, de que ele torna todos mais ricos”, disse Soren Skou, CEO da A.P. Moller-Maersk, a Guy Johnson, da Bloomberg TV.
“Mas também é verdade que os EUA, em particular, têm alguns enormes desequilíbrios comerciais e, em alguns casos, não estão sendo tratados de forma justa nos mercados fora dos EUA.”
A empresa dinamarquesa, que administra a maior linha de contêineres do mundo, divulgou um prejuízo inesperado nesta quinta-feira. Mas culpou os custos crescentes, e não o rufar dos tambores da guerra anticomércio, pelo resultado decepcionante do primeiro trimestre.
“Não creio que possamos dizer neste momento que estamos vendo o comércio global cair por causa de tensões comerciais ou algo assim”, disse Skou.
“Obviamente, o sentimento é afetado pelas negociações entre os EUA e a China, em particular, para acordos comerciais, o que provavelmente também terá um efeito de longo prazo se não for resolvido rapidamente.”
De fato, há outra área da política dos EUA que preocupa a Maersk: o Irã.
“Acho que se os EUA impuserem as sanções na configuração atual será realmente impossível para qualquer linha de transporte marítimo internacional que faça negócios nos EUA atender o mercado iraniano”, disse Skou.
A Maersk administra cerca de 20 por cento de todos os produtos do mundo transportados pelo mar. A empresa emprega 88.000 pessoas em 130 países.