Para atacar guerra cambial, Mantega promete novas ações
O ministro enfatizou que o foco é conter a entrada de investidores que preferem atuar na especulação de curto prazo
Da Redação
Publicado em 1 de março de 2012 às 13h50.
Brasília - No mesmo dia em que anunciou mais taxação para empréstimos no exterior, o ministro da Fazenda, Guido Mantega , afirmou que o governo continuará tomando novas medidas para impedir a valorização excessiva do real frente ao dólar. Ele, no entanto, não deu mais detalhes.
"O governo não ficará assistindo impassível a guerra cambial, temos que nos defender", afirmou Mantega em entrevista coletiva. "O governo continuará tomando medidas para impedir que o real se valorize, prejudicando a produção brasileira", emendou.
O ministro enfatizou que o foco é conter a entrada de investidores que preferem atuar na especulação de curto prazo. "Aqueles que trabalham assim têm que ser penalizados e pagarão alguma coisa", disse.
A edição desta quinta-feira do Diário Oficial trouxe decreto presidencial que aumenta de dois para até três anos o prazo de incidência de alíquota do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) de 6 por cento para empréstimos de empresas no exterior.
A medida visa reduzir o ingresso de dólar no país, cuja cotação em relação ao real chegou a ficar abaixo de 1,70 real nesta semana. Em abril do ano passado, o governo já havia elevado de um para dois anos o prazo da incidência do IOF a 6 por cento.
"Quem quiser pegar dinheiro no curto prazo que é para especular, para fazer aplicação financeira, vai pagar o IOF", afirmou Mantega.
A medida, no entanto, não chegou a afetar o mercado cambial, nem mesmo o Banco Central ter anunciado um leilão de compra de dólares no mercado à vista.
Às 13h34 (horário de Brasília), o dólar tinha desvalorização de 0,45 por cento, a 1,7122 real.
Ao ser questionado sobre isso, o ministro afirmou que a eficácia das medidas já adotadas pelo governo no câmbio "tem sido notada ao longo do tempo." O governo teme a forte entrada de dólares no país, tendência que deve permanecer. Na quarta-feira, por exemplo, o Banco Central Europeu (BCE) injetou 530 bilhões de euros nas instituições financeiras que estão atravessando turbulência por conta da crise na zona da moeda única. A expectativa é de que parte desses recursos vá para mercados emergentes, como o Brasil, que têm bons rendimentos.
O Brasil, por exemplo, possui uma das taxas básica de juros mais elevadas ao ano, hoje em 10,50 por cento ao ano.
Mantega sustentou que o país torna-se atrativo porque bancos, sobretudo europeus, veem fortes riscos para aplicar em países ou instituições da zona do euro com alavancagem e exposição elevada à países frágeis, como Portugal, Itália e Grécia.
Ele lembrou que importantes economias têm feito políticas monetárias expansionistas, como os Estados Unidos, a União Europeia e o Japão, o que acaba elevando a liquidez no mundo.
"E sobra crédito e somos atingidos por isso", afirmou ele.
IED de fora
Mantega afirmou ainda que o governo não cogita taxar o Investimento Estrangeiro Direto (IED). O ministro negou que haja distorções nas aplicações nesse tipo de investimento, que poderia estar sendo desviado do lado produtivo para o setor financeiro.
Ele disse ainda que não pretende tomar ações para desestimular a aplicação de estrangeiros na bolsa de valores. O ministro considera que o mercado de capitais nacional é uma boa maneira de financiamento barato das empresas.
Mesmo com as negativas do ministro, o governo ainda tem na mesa diversas possibilidades para novas ações no câmbio, inclusive a de retomar a taxação do IOF sobre aplicação de estrangeiros na bolsa de valores, como informou uma fonte da equipe econômica. Hoje essa alíquota é zero.
Patamar ideal?
O ministro da Fazenda evitou afirmar qual o patamar ideal para a cotação do dólar, afirmando apenas que entre 1,50 e 1,60 real é ruim para a indústria nacional, uma vez que encarece a exportações, criando uma guerra desleal.
"O patamar de 1,80 (real) é melhor que 1,50. Mas não estamos buscando nem 1,80, nem 1,70, gostamos da modalidade de câmbio flutuante", afirmou.
O ministro reafirmou que o Fundo Soberano do Brasil pode ser usado para fazer intervenções também, mas que, por enquanto, essa tarefa é do Banco Central. "Se necessário for, podemos colocar o Fundo Soberano para comprar dólar. Por enquanto, a atuação do BC é suficiente", afirmou.
O ministro disse que emissões externas em real são interessantes, mas evitou dizer se o país está programando alguma captação em moeda local. Limitou-se a dizer que ocorrerá "ao longo do tempo."
Brasília - No mesmo dia em que anunciou mais taxação para empréstimos no exterior, o ministro da Fazenda, Guido Mantega , afirmou que o governo continuará tomando novas medidas para impedir a valorização excessiva do real frente ao dólar. Ele, no entanto, não deu mais detalhes.
"O governo não ficará assistindo impassível a guerra cambial, temos que nos defender", afirmou Mantega em entrevista coletiva. "O governo continuará tomando medidas para impedir que o real se valorize, prejudicando a produção brasileira", emendou.
O ministro enfatizou que o foco é conter a entrada de investidores que preferem atuar na especulação de curto prazo. "Aqueles que trabalham assim têm que ser penalizados e pagarão alguma coisa", disse.
A edição desta quinta-feira do Diário Oficial trouxe decreto presidencial que aumenta de dois para até três anos o prazo de incidência de alíquota do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) de 6 por cento para empréstimos de empresas no exterior.
A medida visa reduzir o ingresso de dólar no país, cuja cotação em relação ao real chegou a ficar abaixo de 1,70 real nesta semana. Em abril do ano passado, o governo já havia elevado de um para dois anos o prazo da incidência do IOF a 6 por cento.
"Quem quiser pegar dinheiro no curto prazo que é para especular, para fazer aplicação financeira, vai pagar o IOF", afirmou Mantega.
A medida, no entanto, não chegou a afetar o mercado cambial, nem mesmo o Banco Central ter anunciado um leilão de compra de dólares no mercado à vista.
Às 13h34 (horário de Brasília), o dólar tinha desvalorização de 0,45 por cento, a 1,7122 real.
Ao ser questionado sobre isso, o ministro afirmou que a eficácia das medidas já adotadas pelo governo no câmbio "tem sido notada ao longo do tempo." O governo teme a forte entrada de dólares no país, tendência que deve permanecer. Na quarta-feira, por exemplo, o Banco Central Europeu (BCE) injetou 530 bilhões de euros nas instituições financeiras que estão atravessando turbulência por conta da crise na zona da moeda única. A expectativa é de que parte desses recursos vá para mercados emergentes, como o Brasil, que têm bons rendimentos.
O Brasil, por exemplo, possui uma das taxas básica de juros mais elevadas ao ano, hoje em 10,50 por cento ao ano.
Mantega sustentou que o país torna-se atrativo porque bancos, sobretudo europeus, veem fortes riscos para aplicar em países ou instituições da zona do euro com alavancagem e exposição elevada à países frágeis, como Portugal, Itália e Grécia.
Ele lembrou que importantes economias têm feito políticas monetárias expansionistas, como os Estados Unidos, a União Europeia e o Japão, o que acaba elevando a liquidez no mundo.
"E sobra crédito e somos atingidos por isso", afirmou ele.
IED de fora
Mantega afirmou ainda que o governo não cogita taxar o Investimento Estrangeiro Direto (IED). O ministro negou que haja distorções nas aplicações nesse tipo de investimento, que poderia estar sendo desviado do lado produtivo para o setor financeiro.
Ele disse ainda que não pretende tomar ações para desestimular a aplicação de estrangeiros na bolsa de valores. O ministro considera que o mercado de capitais nacional é uma boa maneira de financiamento barato das empresas.
Mesmo com as negativas do ministro, o governo ainda tem na mesa diversas possibilidades para novas ações no câmbio, inclusive a de retomar a taxação do IOF sobre aplicação de estrangeiros na bolsa de valores, como informou uma fonte da equipe econômica. Hoje essa alíquota é zero.
Patamar ideal?
O ministro da Fazenda evitou afirmar qual o patamar ideal para a cotação do dólar, afirmando apenas que entre 1,50 e 1,60 real é ruim para a indústria nacional, uma vez que encarece a exportações, criando uma guerra desleal.
"O patamar de 1,80 (real) é melhor que 1,50. Mas não estamos buscando nem 1,80, nem 1,70, gostamos da modalidade de câmbio flutuante", afirmou.
O ministro reafirmou que o Fundo Soberano do Brasil pode ser usado para fazer intervenções também, mas que, por enquanto, essa tarefa é do Banco Central. "Se necessário for, podemos colocar o Fundo Soberano para comprar dólar. Por enquanto, a atuação do BC é suficiente", afirmou.
O ministro disse que emissões externas em real são interessantes, mas evitou dizer se o país está programando alguma captação em moeda local. Limitou-se a dizer que ocorrerá "ao longo do tempo."