O governo francês fixou uma ambiciosa meta para 2019 de redução do gasto e do déficit público (Gonzalo Fuentes/Reuters)
AFP
Publicado em 21 de agosto de 2018 às 12h57.
O presidente da França, Emmanuel Macron, retorna nesta quarta-feira de duas semanas de férias com uma agenda política carregada. Seguem abaixo os seis desafios que o presidente francês enfrentará nos próximos meses:
Macron, que busca desmentir seus críticos, que o chamam de "presidente dos ricos" desde que decidiu impulsionar um corte de impostos sobre as grandes fortunas, prometeu um plano para "romper com o determinismo da pobreza" na França.
Adiado de julho para meados de setembro, apesar das críticas das associações, este plano incluirá uma série de medidas para ajudar 14% dos franceses que vivem abaixo do nível de pobreza (menos de 1.000 euros por mês).
Entre as medidas contempladas figura um programa de café da manhã nas escolas das zonas mais desfavorecidas, ajudas financeiras para creches que cuidam de crianças de famílias pobres e a criação de novos centros sociais.
O governo francês retomará as consultas com os sindicatos sobre a delicada reforma das aposentadorias prevista para 2019.
O executivo quer criar um regime "universal" de aposentadorias para substituir os cerca de 40 regimes especiais que existem atualmente para os diferentes tipos de trabalhadores, mas prometeu que manterá a idade legal de aposentadoria em 62 anos.
Desde que iniciou as negociações com os sindicatos em abril, o governo tem ouvido propostas desses últimos, mas não deu nenhuma pista sobre suas intenções, que serão reveladas em dezembro ou janeiro.
Macron quer reformar também o sistema de auxílio desemprego para responsabilizar mais os desempregados. Esta reforma começará no final de agosto e pode se estender até fevereiro.
Emmanuel Macron anunciou sua intenção de eliminar 120.000 postos de funcionários públicos (de um total de 5,4 milhões) até 2022.
Este corte, com que busca reduzir o gasto estatal, poderá ser feito por um plano de saídas voluntárias que pode incluir mecanismos de incentivo como aposentadorias antecipadas.
O executivo também busca generalizar o uso de contratistas privados na função pública e introduzir salários baseados no "mérito".
Para os sindicatos, que foram às ruas protestar contra esses cortes, os planos de Macron colocam em risco a estabilidade do trabalho no setor público.
O governo fixou uma ambiciosa meta para 2019 de redução do gasto e do déficit público. No entanto, esta equação orçamentária será delicada para Macron.
Segundo estimativas, o crescimento da economia francesa em 2018 será menos significativo do que o previsto: 1,8%, em vez dos 2% esperado.
Depois do primeiro conselho de ministros no retorno de férias, nesta quarta-feira, Macron se reunirá para debater o orçamento com seu primeiro-ministro, Edouard Philippe. Os resultados serão comunicados em breve, segundo o Palácio do Eliseu.
Macron chegou ao poder em 2017 com um ambicioso plano para reformar a União Europeia. Mas até agora, seus projetos de criação de um ministério de finanças e de um orçamento comunitário, recebeu um apoio tímido de seus sócios.
Para promover seu plano de reforma da UE, Macron viajará em 28 de agosto para Dinamarca e Finlândia para uma visita de três dias.
O presidente francês também vê as eleições europeias de 2019 como um momento decisivo para o futuro da Europa, que deverá escolher entre uma via "progressista" ou uma "re nacionalista".
Pouco antes das férias de verão (boreal), Macron se viu envolvido em um escândalo com o ex-responsável por sua segurança, Alexandre Benalla, que foi filmado agredindo manifestantes.
A condução deste caso, do qual a presidência esteve a par, mas não informou à justiça, causou danos à imagem de Macron, que chegou ao poder com a promessa de limpar a política francesa.
Segundo uma pesquisa da empresa YouGov difundido no começo do mês, 62% dos entrevistados classificaram de forma negativa o governo do presidente.