Os 4 dragões que assombram os mercados, segundo a TWC
Os bancos centrais nos tiraram do mapa em direção a lugares "onde os mercados financeiros nunca estiveram nem deveriam estar", diz nota da TWC
João Pedro Caleiro
Publicado em 29 de julho de 2016 às 07h00.
São Paulo - Os bancos centrais nos tiraram do mapa em direção a lugares "onde os mercados financeiros nunca estiveram nem deveriam estar".
Agora, é hora de enfrentar os dragões nesse novo território, alerta Tad Rivelle, chefe de investimentos de renda fixa da TWC e que gerencia US$ 150 bilhões nessa área dentro do Estados Unidos.
Em nota, ele afirma que os bancos centrais estão impedindo que os mercados precifiquem corretamente o momento - e com isso estão apenas adiando (e agravando) o tombo futuro.
Seu argumento básico é que com os programas de expansão monetária e a novidade das taxas de juros negativas (dragão número 1), o Federal Reserve, o Banco Central Europeu e o Banco do Japão estão trapaceando o mercado.
A crítica é comum entre bancos e investidores. Larry Fink, o presidente-executivo da BlackRock, disse recentemente em carta que os juros negativos impedem a habilidade de planejar para o futuro e estão comendo a rentabilidade de coisas como pensões.
70% dos títulos do governo no mundo desenvolvido dão retorno de 1% ou menos e as taxas de juros estão no patamar mais baixo em mais de 5 mil anos, segundo uma nota recente do Bank of America Merrill Lynch (com os juros reais mais altos do mundo, o Brasil é ponto fora da curva).
Rivelle diz que para aceitar retorno negativo, os investidores precisariam acreditar que o mundo está à beira de uma deflação violenta como a dos anos 30 (dragão número 2).
Mas se a expectativa é de deflação, por que ações e outros ativos de risco estão com o preço tão alto? Como pode haver uma divergência tão grande entre os papeis de dívida soberana e os de mercados de risco?
A resposta de Rivelle: "Ao invés de permitir que os mercados de capitais revelem as expectativas de investidores, os bancos centrais impuseram um regime de preços que reflete o que os acadêmicos acreditam ser resultados 'melhores'".
Ele nota que dois indicadores costumam antecipar recessões. Um deles é a queda dos lucros corporativos (dragão número 3), que força as empresas a recomporem suas margens contratando e/ou investindo menos.
Em nota recente, o Deutsche Bank afirma que a economia dos Estados Unidos terá que escolher dois entre três objetivos da sua "trindade impossível": crescimento nominal dos salários, inflação estável e lucros corporativos em alta.
O outro indicador de recessão citado por Rivelle é o achatamento na curva de rentabilidade dos títulos do Tesouro americano (dragão número 4).
Quando a taxa de retorno no curto e no longo prazo passa a se aproximar, faz menos sentido se alavancar, o que força aperto e racionamento de crédito.
A nota não aponta exatamente quais seriam as saídas desse território desconhecido, apenas pede para que os bancos centrais saiam do caminho.
Eles provavelmente também desejariam voltar para uma política monetária mais normal, e assim anunciam há tempos, mas o processo nunca vai para frente diante de novas volatilidades (como o Brexit) ou dados mostrando baixo crescimento e inflação.
Enquanto outras soluções não forem tentadas (como a ampliação dos gastos, amplamente sugerida no G-20), os bancos centrais ainda continuarão alimentando dragões no seu quintal - e sem remorso.
São Paulo - Os bancos centrais nos tiraram do mapa em direção a lugares "onde os mercados financeiros nunca estiveram nem deveriam estar".
Agora, é hora de enfrentar os dragões nesse novo território, alerta Tad Rivelle, chefe de investimentos de renda fixa da TWC e que gerencia US$ 150 bilhões nessa área dentro do Estados Unidos.
Em nota, ele afirma que os bancos centrais estão impedindo que os mercados precifiquem corretamente o momento - e com isso estão apenas adiando (e agravando) o tombo futuro.
Seu argumento básico é que com os programas de expansão monetária e a novidade das taxas de juros negativas (dragão número 1), o Federal Reserve, o Banco Central Europeu e o Banco do Japão estão trapaceando o mercado.
A crítica é comum entre bancos e investidores. Larry Fink, o presidente-executivo da BlackRock, disse recentemente em carta que os juros negativos impedem a habilidade de planejar para o futuro e estão comendo a rentabilidade de coisas como pensões.
70% dos títulos do governo no mundo desenvolvido dão retorno de 1% ou menos e as taxas de juros estão no patamar mais baixo em mais de 5 mil anos, segundo uma nota recente do Bank of America Merrill Lynch (com os juros reais mais altos do mundo, o Brasil é ponto fora da curva).
Rivelle diz que para aceitar retorno negativo, os investidores precisariam acreditar que o mundo está à beira de uma deflação violenta como a dos anos 30 (dragão número 2).
Mas se a expectativa é de deflação, por que ações e outros ativos de risco estão com o preço tão alto? Como pode haver uma divergência tão grande entre os papeis de dívida soberana e os de mercados de risco?
A resposta de Rivelle: "Ao invés de permitir que os mercados de capitais revelem as expectativas de investidores, os bancos centrais impuseram um regime de preços que reflete o que os acadêmicos acreditam ser resultados 'melhores'".
Ele nota que dois indicadores costumam antecipar recessões. Um deles é a queda dos lucros corporativos (dragão número 3), que força as empresas a recomporem suas margens contratando e/ou investindo menos.
Em nota recente, o Deutsche Bank afirma que a economia dos Estados Unidos terá que escolher dois entre três objetivos da sua "trindade impossível": crescimento nominal dos salários, inflação estável e lucros corporativos em alta.
O outro indicador de recessão citado por Rivelle é o achatamento na curva de rentabilidade dos títulos do Tesouro americano (dragão número 4).
Quando a taxa de retorno no curto e no longo prazo passa a se aproximar, faz menos sentido se alavancar, o que força aperto e racionamento de crédito.
A nota não aponta exatamente quais seriam as saídas desse território desconhecido, apenas pede para que os bancos centrais saiam do caminho.
Eles provavelmente também desejariam voltar para uma política monetária mais normal, e assim anunciam há tempos, mas o processo nunca vai para frente diante de novas volatilidades (como o Brexit) ou dados mostrando baixo crescimento e inflação.
Enquanto outras soluções não forem tentadas (como a ampliação dos gastos, amplamente sugerida no G-20), os bancos centrais ainda continuarão alimentando dragões no seu quintal - e sem remorso.