(Pramote Polyamate/Getty Images)
AFP
Publicado em 2 de março de 2022 às 12h24.
Última atualização em 2 de março de 2022 às 12h28.
Os 23 países da Opep+ mantiveram sua política de um modesto aumento da produção de petróleo, um anúncio que não surpreendeu, apesar da disparada dos preços pela guerra na Ucrânia. O conflito vem gerando temores de interrupção de abastecimento em um mercado já muito complicado.
Os representantes dos 13 membros da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) e de seus dez parceiros, entre eles a Rússia, com os quais formam o acordo Opep+, decidiram nesta quarta-feira, 2, "ajustar para alta seu nível total de produção em 400 mil barris por dia para o mês de abril de 2022", anunciou a Opep em um comunicado divulgado ao término de uma breve reunião.
Após o anúncio, os preços do petróleo acentuaram sua alta. Às 13h15 GMT (10h15 em Brasília), o barril WTI americano chegava a US$ 112,51, um recorde desde 2013, e o do Brent do Mar do Norte, US$ 113,94, seu valor mais alto desde 2014.
Renovada mês a mês, a estratégia gradual da Opep+ começou na primavera de 2021, graças ao aumento da demanda, após os cortes drásticos para enfrentar a pandemia da covid-19. Desde então, porém, o aumento de preços acelerou, alimentado por tensões geopolíticas com a invasão russa da Ucrânia na semana passada.
"Promessa no papel"
O anúncio de terça-feira feito pela Agência Internacional de Energia (AIE) de adicionar ao mercado 60 milhões de barris das reservas de seus países-membros não teve o efeito calmante esperado.
A decisão foi apresentada pela AIE como "uma mensagem unida e forte aos mercados mundiais de petróleo de que não haverá escassez de oferta, em consequência da invasão russa da Ucrânia".
A medida foi considerada muito tímida pelos investidores, enquanto, no terreno, o ataque russo se intensifica.
"A guerra na Ucrânia se intensifica, e as hostilidades entre o Ocidente e a Rússia se acentuam", atingindo um "risco elevado" de perturbações no fornecimento de petróleo bruto e de gás natural, alertou Bjarne Schieldrop, analista da Seb.
Em tese, a Opep+ poderia contribuir para conter o aumento dos preços, acelerando o ritmo de abertura das torneiras. No início da pandemia, os países da Opep+ se recusaram a restringir sua produção, o que levou os preços do petróleo para território negativo antes de se ajustarem.
"Mas, mesmo se aumentarem a produção, não será nada mais do que uma 'promessa no papel'", disse Louise Dickson, da Rystad Energy.
A aliança Opep+ é incapaz de cobrir suas cotas, e "isso contribui para a escassez de oferta e alimenta o aumento de preços, acrescentou Dickson.
Entre dezembro e janeiro, os 23 países-membros aumentaram o volume em 64 mil barris por dia, segundo fontes indiretas citadas no último relatório mensal do grupo. O resultado está bem distante do aumento acordado de 400 mil barris.
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