Economia

Opep fica sem opção após fracasso do plano para subir preços

O petróleo desfez todos os ganhos obtidos desde que a Opep fechou acordo para redução da produção, em novembro

Opep: “O acordo da Opep estava condenado ao fracasso desde o princípio”, disse chefe de pesquisa de commodities do Commerzbank (Joe Klamar/AFP)

Opep: “O acordo da Opep estava condenado ao fracasso desde o princípio”, disse chefe de pesquisa de commodities do Commerzbank (Joe Klamar/AFP)

DR

Da Redação

Publicado em 5 de maio de 2017 às 16h44.

Londres - O plano da Opep para elevar os preços do petróleo reduzindo a produção fracassou, mas a organização tem poucas alternativas além de mantê-lo.

O petróleo desfez todos os ganhos obtidos desde que a Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) fechou acordo para redução da produção, em novembro.

Apesar de o grupo ter implementado os limites, a recuperação da produção de xisto dos EUA e os estoques obstinadamente elevados mostram que a abundância mundial de petróleo, que já dura três anos, não está mudando.

Nem mesmo os sinais da Arábia Saudita e da Rússia de que prolongarão as reduções de oferta interromperam a queda.

Contudo, a Opep terá pouco espaço de manobra quando se reunir em Viena, em 25 de maio, para discutir o acordo, e está quase certo que manterá a estratégia, porque as alternativas parecem ainda piores.

Se a organização aprofundar os cortes, uma oferta ainda maior de xisto entrará no mercado para preencher a lacuna, segundo o UBS.

Abandonar essa política e restaurar a produção infligiria o revés econômico do petróleo abaixo de US$ 40, prevê o Citigroup.

“O risco de um corte maior é que isso possa desencadear um aumento muito forte nos preços e apoiar o xisto dos EUA”, disse Giovanni Staunovo, analista do UBS em Zurique.

“Se eles mudarem de estratégia, a Arábia Saudita vai perder moral. Não dá para revelar o desejo de reduzir os estoques e desistir depois de alguns meses.”

O petróleo atingiu o menor patamar em cinco meses, de US$ 43,76 por barril em Nova York, na sexta-feira, e era negociado a US$ 46,18 às 10h27 pelo horário local.

Sem munição

A forte queda ocorreu mesmo após a declaração do ministro de Energia russo, Alexander Novak, de que seu país estava “inclinado a” estender os cortes à produção no segundo semestre.

Ele repetiu o dito por seu colega saudita, Khalid al-Falih, que havia afirmado em 26 de abril que existe um consenso preliminar para prolongar o acordo com o apoio de outros países da Opep, como Kuwait e Iraq.

Como a Opep já mostra um cumprimento quase total do corte de produção prometido de 1,2 milhão de barris por dia e a extensão do acordo parece provável, o grupo tem pouca munição de sobra em sua batalha para elevar os preços.

“O acordo da Opep estava condenado ao fracasso desde o princípio”, disse Eugen Weinberg, chefe de pesquisa de commodities do Commerzbank.

“Se eles ampliarem os cortes, o efeito vai durar pouco. A Opep se verá na mesma posição dentro de seis meses, mas os produtores de fora da Opep terão ganhado mais participação de mercado até lá.”

Dados pessimistas

Apesar de a Agência Internacional de Energia ainda prever uma redução rápida do excesso de oferta no segundo semestre deste ano caso a Opep mantenha seus cortes, os dados disponíveis no momento mostram poucos sinais de sucesso.

Os estoques globais de combustível podem, na verdade, ter aumentado durante o primeiro trimestre, estima a AIE. Nos EUA -- maior consumidor mundial --, os estoques de petróleo bruto estão em queda, mas continuam perto de níveis históricos.

Enquanto isso, a produção do país voltou a subir, crescendo 523.000 barris por dia neste ano, para o nível mais alto em quase dois anos, com o retorno dos investimentos, segundo a Administração de Informação de Energia dos EUA.

Acompanhe tudo sobre:OpepPetróleoPreços

Mais de Economia

Economia argentina cai 0,3% em setembro, quarto mês seguido de retração

Governo anuncia bloqueio orçamentário de R$ 6 bilhões para cumprir meta fiscal

Black Friday: é melhor comprar pessoalmente ou online?

Taxa de desemprego recua em 7 estados no terceiro trimestre, diz IBGE