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OCDE: parte de benefícios no Brasil é dada a "famílias que não são pobres"

Relatório aponta que há distorções no país que favorecem os que têm mais renda e, ao mesmo tempo, há concentração da pobreza entre crianças e jovens

Desigualdade: O estudo faz recomendações para que os investimentos na área social sejam mantidos (Mario Tama/Getty Images)
AB

Agência Brasil

Publicado em 30 de maio de 2018 às 15h55.

Última atualização em 30 de maio de 2018 às 20h45.

A Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) estima em 2% a previsão de crescimento do PIB (Produto Interno Bruto) brasileiro neste ano, segundo estudo Perspectivas Econômicas da OCDE, divulgado hoje (30). No último relatório, divulgado em fevereiro, a entidade previa que o PIB cresceria 2,2% este ano.

Para o próximo ano, o estudo prevê um crescimento de 2,8%. A entidade reúne 37 países.

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Para a OCDE, a economia registrou recuperação, mas condiciona os avanços à aprovação de reformas estruturais, especialmente a da Previdência. O relatório observa ainda que houve investimentos sólidos com reflexos na economia. Há elogios ao programa Bolsa Família e há recomendações para que se invista mais na transferência de renda aos mais pobres.

O estudo faz recomendações para que os investimentos na área social sejam mantidos como meio de reduzir as desigualdades no país. Segundo o relatório, uma parcela dos 15% do PIB gastos em os benefícios "são pagos às famílias que não são pobres".

De acordo com o relatório, no Brasil há distorções que favorecem os que têm renda mais alta e ao mesmo tempo ainda há uma concentração da pobreza entre crianças e jovens. O Bolsa Família é classificado como um "bem sucedido programa de transferência de renda", que representa apenas 0,5% do PIB.

Recuperação

O estudo detalha que a economia se recuperou a partir da aprovação de medidas de estímulo, assim como as taxas de juros mais baixas, e sugere a manutenção de ações para conter os subsídios ao crédito. A OCDE cita ainda a reforma trabalhista como um dos fatores que contribuiu para a recuperação da economia.

A taxa de desempregou caiu - ficando abaixo dos 13% - mas muito dessa recuperação ocorreu em postos informais, em vez de empregos com carteira assinada.

No relatório, destacam-se a recuperação e a previsão de crescimento estimada para 2,8% em 2019. O estudo cita ainda a queda da inflação que facilitou as condições financeiras.

Incertezas

A menos de cinco meses das eleições, o estudo diz que há uma "incerteza" no cenário político. Mais uma vez, o documento reitera a necessidade de "continuação da agenda de reformas", particularmente, da Previdência. "Será um teste decisivo para a capacidade das autoridades assegurar a sustentabilidade fiscal e implementar novas reformas estruturais."

O estudo recomenda ainda que as despesas fiscais e os subsídios de crédito para empresas do setor privado sejam revistos. No texto, é mencionado que esses instrumentos criaram um terreno "fértil para corrupção e retrocesso político".

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