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O que sete centímetros de chuva podem significar para o PIB

A provável diferença entre crescimento econômico e recessão em 2015 no Brasil está na quantidade de chuva que o país receberá nos próximos meses

Seca no Cantareira: sem chuva, o Brasil começaria a temporada seca com 50% de chance de ter que promover o racionamento, segundo especialista (Divulgação/Sabesp)
DR

Da Redação

Publicado em 2 de dezembro de 2014 às 14h09.

São Paulo - A provável diferença entre crescimento econômico e recessão em 2015 no Brasil está na quantidade de chuva que o país receberá nos próximos meses.

O BNP Paribas SA diz que um racionamento de energia em 2015, caso uma seca paralise a produção hidrelétrica, cortaria até 2 pontos porcentuais do produto interno bruto.

Com os economistas projetando crescimento de 0,77 por cento em uma pesquisa do Banco Central, isso seria suficiente para empurrar o Brasil para uma recessão.

“O maior risco para o crescimento econômico do Brasil no ano que vem é o risco de racionamento”, disse Pedro Paulo Silveira, economista-chefe da TOV Corretora em São Paulo. “Todos os indicadores econômicos que compõem o PIB estão relacionados à energia elétrica”.

A pior seca em oito décadas indica que o Brasil precisa de chuvas na média ou acima da média durante a temporada de chuvas, que termina em março, para evitar o primeiro racionamento desde 2001, segundo João Carlos de Oliveira Mello, CEO da consultoria Thymos Energia.

Sem chuva, o Brasil começaria a temporada seca com 50 por cento de chance de ter que promover o racionamento, disse ele.

“Se tivermos 100 por cento da chuva média durante a temporada chuvosa, está OK”, disse Mello, em entrevista no escritório da Bloomberg em São Paulo. “Qualquer coisa menor que 90 por cento, deixa a situação complicada”.

Três polegadas

A diferença se resume a apenas 3 polegadas (7,6 centímetros) de chuvas, segundo dados compilados pela Bloomberg News.

O Sudeste e o Centro Oeste, onde estão localizadas as principais usinas hidrelétricas do Brasil, recebem uma média histórica de cerca de 30 polegadas entre dezembro e março, segundo dados compilados pela empresa de meteorologia Climatempo.

A Alcoa Inc. já paralisou sua fundição em Poços de Caldas, no estado de Minas Gerais, por causa do aumento nos custos da energia e reduziu a produção em outra fundição que mantém em copropriedade com a BHP Billiton Ltd. A Alcoa não respondeu a um telefonema e a um e-mail em busca de comentários.

A Cia. Energética de Minas Gerais, conhecida como Cemig, desativou cinco das seis turbinas de energia em sua usina hidrelétrica de Três Marias depois que o nível da água caiu para uma mínima recorde, contribuindo para uma queda de 60 por cento no lucro líquido no terceiro trimestre em relação a um ano antes.

“Não acredito que paremos completamente a Três Marias porque esperamos que caia mais chuva”, disse Marcelo de Deus Melo, gerente de planejamento energético da Cemig, em entrevista por telefone, de Minas Gerais. “O fato é que estamos gerando menos energia do que vendemos nos contratos, o que está nos expondo a preços altos no mercado à vista”.

Empresas de serviços caem

O valor de mercado das maiores empresas de serviços públicos do Brasil, desde a Cemig até a CPFL Energia SA, caiu 30 por cento, para US$ 38,9 bilhões, desde o início de setembro.

Neste ano, as empresas vêm sendo forçadas a comprar energia no mercado à vista a preços recordes e a revendê-la com prejuízo a preços fixados pelo governo para cumprir contratos de fornecimento. O porta-voz da CPFL não estava disponível para comentar o assunto.

A produção em empresas, desde petroquímicas como a Braskem SA até siderúrgicas, receberá um golpe se o Brasil for forçado a racionar energia pela primeira vez desde 2001.

“Nós temos contratos de longo prazo, mas se todo o sistema falhar não há forma de nos protegermos contratualmente”, disse o CEO da Braskem, Carlos Fadigas, em entrevista, no escritório da Bloomberg em São Paulo. “Nós já geramos 20 por cento da energia que consumimos”.

Previsões climáticas

A empresa de prognósticos climáticos Somar Meteorologia prevê chuvas abaixo ou dentro dos níveis históricos entre dezembro e fevereiro no Sudeste e no Centro Oeste.

Ao mesmo tempo, as temperaturas deverão estar acima da média durante o verão no Hemisfério Sul, o que aumentará o consumo de energia, porque os brasileiros ligarão seus aparelhos de ar-condicionado, disse Márcio Custódio, meteorologista da Somar.

“Não teremos uma estação seca como tivemos no verão passado, mas as chuvas não serão suficientes para compensar dois anos seguidos de seca”, disse ele, por telefone, de São Paulo.

Os atuais prognósticos indicam que os reservatórios brasileiros para energia elétrica terminarão a estação de chuvas neste ano com apenas um terço do necessário para garantir o fornecimento de energia em 2015, disse Carlos Feu, coproprietário da consultoria de energia Ecen, em entrevista por telefone, de São Paulo.

“Se não tivermos muita chuva de dezembro em diante, quando é necessário aumentar os níveis dos reservatórios, o Brasil poderá já ter escassez de energia em algumas áreas durante o pico do consumo de eletricidade no verão”, disse ele.

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Com os economistas projetando crescimento de 0,77 por cento em uma pesquisa do Banco Central, isso seria suficiente para empurrar o Brasil para uma recessão.

“O maior risco para o crescimento econômico do Brasil no ano que vem é o risco de racionamento”, disse Pedro Paulo Silveira, economista-chefe da TOV Corretora em São Paulo. “Todos os indicadores econômicos que compõem o PIB estão relacionados à energia elétrica”.

A pior seca em oito décadas indica que o Brasil precisa de chuvas na média ou acima da média durante a temporada de chuvas, que termina em março, para evitar o primeiro racionamento desde 2001, segundo João Carlos de Oliveira Mello, CEO da consultoria Thymos Energia.

Sem chuva, o Brasil começaria a temporada seca com 50 por cento de chance de ter que promover o racionamento, disse ele.

“Se tivermos 100 por cento da chuva média durante a temporada chuvosa, está OK”, disse Mello, em entrevista no escritório da Bloomberg em São Paulo. “Qualquer coisa menor que 90 por cento, deixa a situação complicada”.

Três polegadas

A diferença se resume a apenas 3 polegadas (7,6 centímetros) de chuvas, segundo dados compilados pela Bloomberg News.

O Sudeste e o Centro Oeste, onde estão localizadas as principais usinas hidrelétricas do Brasil, recebem uma média histórica de cerca de 30 polegadas entre dezembro e março, segundo dados compilados pela empresa de meteorologia Climatempo.

A Alcoa Inc. já paralisou sua fundição em Poços de Caldas, no estado de Minas Gerais, por causa do aumento nos custos da energia e reduziu a produção em outra fundição que mantém em copropriedade com a BHP Billiton Ltd. A Alcoa não respondeu a um telefonema e a um e-mail em busca de comentários.

A Cia. Energética de Minas Gerais, conhecida como Cemig, desativou cinco das seis turbinas de energia em sua usina hidrelétrica de Três Marias depois que o nível da água caiu para uma mínima recorde, contribuindo para uma queda de 60 por cento no lucro líquido no terceiro trimestre em relação a um ano antes.

“Não acredito que paremos completamente a Três Marias porque esperamos que caia mais chuva”, disse Marcelo de Deus Melo, gerente de planejamento energético da Cemig, em entrevista por telefone, de Minas Gerais. “O fato é que estamos gerando menos energia do que vendemos nos contratos, o que está nos expondo a preços altos no mercado à vista”.

Empresas de serviços caem

O valor de mercado das maiores empresas de serviços públicos do Brasil, desde a Cemig até a CPFL Energia SA, caiu 30 por cento, para US$ 38,9 bilhões, desde o início de setembro.

Neste ano, as empresas vêm sendo forçadas a comprar energia no mercado à vista a preços recordes e a revendê-la com prejuízo a preços fixados pelo governo para cumprir contratos de fornecimento. O porta-voz da CPFL não estava disponível para comentar o assunto.

A produção em empresas, desde petroquímicas como a Braskem SA até siderúrgicas, receberá um golpe se o Brasil for forçado a racionar energia pela primeira vez desde 2001.

“Nós temos contratos de longo prazo, mas se todo o sistema falhar não há forma de nos protegermos contratualmente”, disse o CEO da Braskem, Carlos Fadigas, em entrevista, no escritório da Bloomberg em São Paulo. “Nós já geramos 20 por cento da energia que consumimos”.

Previsões climáticas

A empresa de prognósticos climáticos Somar Meteorologia prevê chuvas abaixo ou dentro dos níveis históricos entre dezembro e fevereiro no Sudeste e no Centro Oeste.

Ao mesmo tempo, as temperaturas deverão estar acima da média durante o verão no Hemisfério Sul, o que aumentará o consumo de energia, porque os brasileiros ligarão seus aparelhos de ar-condicionado, disse Márcio Custódio, meteorologista da Somar.

“Não teremos uma estação seca como tivemos no verão passado, mas as chuvas não serão suficientes para compensar dois anos seguidos de seca”, disse ele, por telefone, de São Paulo.

Os atuais prognósticos indicam que os reservatórios brasileiros para energia elétrica terminarão a estação de chuvas neste ano com apenas um terço do necessário para garantir o fornecimento de energia em 2015, disse Carlos Feu, coproprietário da consultoria de energia Ecen, em entrevista por telefone, de São Paulo.

“Se não tivermos muita chuva de dezembro em diante, quando é necessário aumentar os níveis dos reservatórios, o Brasil poderá já ter escassez de energia em algumas áreas durante o pico do consumo de eletricidade no verão”, disse ele.

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