Economia

O que está errado com a economia da França?

Presidente François Hollande precisou anunciar um pacote para salvar a economia


	Torre Eiffel com decoração da União Europeia: economia francesa tem grandes desafios
 (Pascal Le Segretain/Getty Images)

Torre Eiffel com decoração da União Europeia: economia francesa tem grandes desafios (Pascal Le Segretain/Getty Images)

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Da Redação

Publicado em 11 de setembro de 2012 às 19h30.

São Paulo – Eleito pela expectativa dos franceses por uma saída da crise com o mínimo de austeridade possível, o presidente da França, François Hollande, tem dois grandes desafios.

O primeiro deles é recuperar a confiança dos franceses, que parecem não gostar dos primeiros meses do novo governo. Uma pesquisa recente, publicada pela Figaro Magazine, apontou que a confiança dos franceses no político caiu cinco pontos em agosto, passando de 55% a 50%

Parte disso pode vir da maneira como o presidente tenta lidar com a crise financeira, seu segundo grande desafio.

Hollande anunciou nesta segunda-feira que organizou uma “agenda para a recuperação” da economia francesa nos próximos dois anos. O pacote vem com as cobranças da sociedade francesa por alternativas aos impactos da crise econômica internacional.

Mas quais são os problemas que andam tirando o sono de Hollande? Veja cinco questões que preocupam sobre a economia da França.

1 - PIB estagnado

O crescimento da economia francesa parou. O produto interno bruto (PIB) da França ficou estagnado entre o primeiro e o segundo trimestres deste ano. Em volume produzido, o resultado repetiu os dois trimestres anteriores.

A estagnação é ruim, mas o terceiro trimestre pode ser ainda pior. O país espera uma diminuição de 0,1% no PIB do período.

2 – Alto endividamento

A maior parte do que a França produz está “comprometida” com o pagamento de dívidas. O que o governo francês deve chegou a 1,789 trilhões de euros no primeiro trimestre deste ano, dado mais recente divulgado pelo INSEE, o instituto de estatísticas francês.

Problema maior do que o volume absoluto é o quanto isso representa do PIB do país: 89,3%. Esse é um número crescente, que começou o ano passado em 84,5% e continua aumentando a cada trimestre. 


A boa notícia é que, apesar de muito alta, a dívida francesa não é considerada uma das mais arriscadas do mundo. A consultoria CMA Datavision produz um relatório trimestral sobre as dívidas mais e menos arriscadas dos países e em sua última divulgação apontou que a chance de a França dar um calote nos próximos cinco anos é de 15,5%. Para comparar, a Grécia, dona da dívida mais arriscada do mundo, tem 96,7% de chances de não honrar compromissos. 

3 - Desemprego crescente

Com a economia enfraquecida, não é fácil empregar. Com isso, o número de pessoas desempregadas na França passou dos 3 milhões pela primeira vez desde 1999. No segundo trimestre do ano, o país tinha 10,2% de sua população sem emprego (considerando apenas pessoas em busca de uma vaga). Só na região metropolitana do país, o desemprego é de 9,7%.

Outro dado preocupante é que a situação afeta principalmente os mais jovens, que estão entrando no mercado de trabalho ou no início da carreira. O desemprego entre pessoas de 15 a 24 anos (que buscam trabalho) chega a 22,7%.

4 - Pouca confiança no futuro financeiro

Desemprego em tendência de alta é um dos motivos que faz com que os franceses se preocupem o próprio bolso. A confiança dos franceses na melhora de sua situação financeira pessoal nos próximos 12 meses caiu 2 pontos entre junho e julho.

Os franceses tão pouco confiam que o cenário geral da Europa possa se resolver. Entre junho e julho, a confiança de que a situação financeira da França vai melhorar caiu em 13 pontos, maior redução desde novembro de 2007.

5 - Indefinição sobre o euro

A crise que afeta os países da zona do euro coloca em dúvida o destino da moeda e da União Europeia. Alguns especialistas acreditam que a Grécia é um dos países que deve deixar de utilizar a moeda única. Os economistas do Citi, por exemplo, já acenderam o sinal vermelho e disseram que a Grécia tem 90% de chances de deixar a zona do euro nos próximos 12 a 18 meses.

Mesmo sem a saída da Grécia ou de algum outro país, as mudanças devem vir. Jim O’Neill, presidente da asset management do Goldman Sachs, disse em entrevista para a CNBC que a zona do euro como conhecemos hoje não deve durar por mais dois anos.

Independentemente de como a situação será conduzida e resolvida, a França, ao lado dos outros países que participam da zona do euro, está sob tensão financeira diante do mundo.
 

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