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O que assusta o investidor estrangeiro que vem ao Brasil?

Impostos e sistema legal ainda são questões pouco claras e já há livros dispostos a traduzir meandros do Brasil

EXAME.com (EXAME.com)
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Da Redação

Publicado em 28 de março de 2013 às 06h00.

São Paulo – Ao lado de Índia e África do Sul, o Brasil está entre os BRICS mais seguros para se fazer negócios. Os três países receberam nota dois na pesquisa da gestora de risco Aon em parceria com a Roubini Global Economics, enquanto Rússia e China receberam nota três, indicando um risco político maior.

Alguns pontos, porém, ainda são preocupantes para investidores internacionais, segundo a pesquisa. Entre os tópicos estudados em cada país, o quesito “fazer negócios” recebeu classificação de alto risco na pesquisa.

Nesse tópico, entram inclusive questões legais e tributárias do país, como explica Keith Martin, consultor da Aon. “Quando falamos de risco Brasil, estamos falando de estados e municípios. Às vezes, não há alinhamento nas regras e os investidores precisam de consistência”, explica.

O difícil entendimento dos tributos brasileiros também foi apontado como um dos grandes fatores que afastam investidores internacionais pela advogada Silvia Fazio, sócia do escritório Chadbourne & Parke LLP, que organizou um livro que funciona quase como um manual de instruções para os investidores internacionais que querem trazer dinheiro para o Brasil.

“O sistema tributário é muito diferente de país para país, então é preciso explicar como se explicaria para um leigo”, afirma a advogada. A complexidade e quantidade de detalhes, segundo Silvia, fez com que esse fosse um dos maiores capítulos do livro Brazilian Commercial Law: A Practical Guide, que teve a participação de 20 autores para explicar diversas leis para as empresas que se instalam no Brasil.

Outros riscos

Logo após o risco de fazer negócios, na classificação do mapa da AON, o critério “interferência política” também recebeu nota preocupante: médio-alto risco.

Martin destacou, por exemplo, o controle que o governo tem sobre ferramentas que influenciam diretamente na flutuação do câmbio. O Brasil, porém, ainda leva vantagem em comparação com alguns vizinhos. “Outros países na região são mais intervencionistas e há uma diferença nítida para o Brasil. Os investidores também levam isso em conta”, diz o consultor da AON.

Veja as classificações completas do Brasil no mapa de risco político:

QuesitoAvaliação
Transferências financeirasMédio-baixo
Violência políticaMédio
SolvênciaBaixo
Interferência políticaMédio-alto
Risco legal e regulatórioMédio
Interrupção da cadeia de fornecimentoMédio-baixo
Vulnerabilidade do setor bancárioMédio-baixo
Risco de fazer negóciosAlto
Risco de estímulos fiscaisMédio-baixo

Avanços

Apesar de alguns pontos assustarem o investidor estrangeiro, já existem ações que mostram uma condução de políticas que ajudam a afastar esses riscos. O mapa da AON lembra, por exemplo, da necessidade de investimentos em infraestrutura e reformas, que estão atrasados, mas ao menos já iniciaram.

“Se comparar o mapa de dez anos atrás, o Brasil já conseguiu muito avanço, especialmente na parte fiscal e cambial. Apesar de alguns problemas, aqui não há restrições grandes para empresas ou perigo de calote”, afirma Martin.

Comparado com os BRICS, o Brasil ainda precisa investir mais em infraestrutura e educação, como China vem fazendo, e melhorar o apoio ao investidor, a exemplo da Índia e China, afirma o consultor da AON.

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São Paulo – Ao lado de Índia e África do Sul, o Brasil está entre os BRICS mais seguros para se fazer negócios. Os três países receberam nota dois na pesquisa da gestora de risco Aon em parceria com a Roubini Global Economics, enquanto Rússia e China receberam nota três, indicando um risco político maior.

Alguns pontos, porém, ainda são preocupantes para investidores internacionais, segundo a pesquisa. Entre os tópicos estudados em cada país, o quesito “fazer negócios” recebeu classificação de alto risco na pesquisa.

Nesse tópico, entram inclusive questões legais e tributárias do país, como explica Keith Martin, consultor da Aon. “Quando falamos de risco Brasil, estamos falando de estados e municípios. Às vezes, não há alinhamento nas regras e os investidores precisam de consistência”, explica.

O difícil entendimento dos tributos brasileiros também foi apontado como um dos grandes fatores que afastam investidores internacionais pela advogada Silvia Fazio, sócia do escritório Chadbourne & Parke LLP, que organizou um livro que funciona quase como um manual de instruções para os investidores internacionais que querem trazer dinheiro para o Brasil.

“O sistema tributário é muito diferente de país para país, então é preciso explicar como se explicaria para um leigo”, afirma a advogada. A complexidade e quantidade de detalhes, segundo Silvia, fez com que esse fosse um dos maiores capítulos do livro Brazilian Commercial Law: A Practical Guide, que teve a participação de 20 autores para explicar diversas leis para as empresas que se instalam no Brasil.

Outros riscos

Logo após o risco de fazer negócios, na classificação do mapa da AON, o critério “interferência política” também recebeu nota preocupante: médio-alto risco.

Martin destacou, por exemplo, o controle que o governo tem sobre ferramentas que influenciam diretamente na flutuação do câmbio. O Brasil, porém, ainda leva vantagem em comparação com alguns vizinhos. “Outros países na região são mais intervencionistas e há uma diferença nítida para o Brasil. Os investidores também levam isso em conta”, diz o consultor da AON.

Veja as classificações completas do Brasil no mapa de risco político:

QuesitoAvaliação
Transferências financeirasMédio-baixo
Violência políticaMédio
SolvênciaBaixo
Interferência políticaMédio-alto
Risco legal e regulatórioMédio
Interrupção da cadeia de fornecimentoMédio-baixo
Vulnerabilidade do setor bancárioMédio-baixo
Risco de fazer negóciosAlto
Risco de estímulos fiscaisMédio-baixo

Avanços

Apesar de alguns pontos assustarem o investidor estrangeiro, já existem ações que mostram uma condução de políticas que ajudam a afastar esses riscos. O mapa da AON lembra, por exemplo, da necessidade de investimentos em infraestrutura e reformas, que estão atrasados, mas ao menos já iniciaram.

“Se comparar o mapa de dez anos atrás, o Brasil já conseguiu muito avanço, especialmente na parte fiscal e cambial. Apesar de alguns problemas, aqui não há restrições grandes para empresas ou perigo de calote”, afirma Martin.

Comparado com os BRICS, o Brasil ainda precisa investir mais em infraestrutura e educação, como China vem fazendo, e melhorar o apoio ao investidor, a exemplo da Índia e China, afirma o consultor da AON.

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