Economia

Futuro da economia amazônica pode estar na biodiversidade

Para especialistas, negócios do futuro terão de ser baseados exploração sustentável da fauna e da flora do bioma

Renata Vieira, repórter de EXAME, Olinda Canhoto, pesquisadora do Centro de Biotecnologia da Amazônia, Mariano Cenamo, cofundador do Instituto de Conservação e Desenvolvimento Sustentável do Amazonas (Idesam) e Manuel Cardoso, professor da Universidade Federal do Amazonas e diretor-executivo da Map Technology (Fábio Nutti/Exame)

Renata Vieira, repórter de EXAME, Olinda Canhoto, pesquisadora do Centro de Biotecnologia da Amazônia, Mariano Cenamo, cofundador do Instituto de Conservação e Desenvolvimento Sustentável do Amazonas (Idesam) e Manuel Cardoso, professor da Universidade Federal do Amazonas e diretor-executivo da Map Technology (Fábio Nutti/Exame)

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Da Redação

Publicado em 27 de junho de 2018 às 08h49.

Última atualização em 27 de junho de 2018 às 12h23.

Manaus — Chamada de pulmão do planeta por uns e até mesmo de ar-condicionado do planeta por outros, a floresta amazônica – maior floresta tropical do mundo – tem papel fundamental na regulação climática do globo. Não por menos, a região está sob holofotes de ONGs, estudiosos e empresas há décadas. A sombra do desmatamento, que já destruiu 20% do bioma, hoje é menos ameaçadora. Isso porque, nos últimos dez anos, seu ritmo caiu quase 80%. Ainda assim, não há garantias claras para a imensidão de floresta que ainda está de pé.

Na visão de pesquisadores que participaram do EXAME Fórum Amazônia, realizado nesta terça feira, em Manaus, não basta impedir o desmatamento. É preciso criar uma economia em torno dos ativos da biodiversidade amazônica, que são muitos: madeira nobre, frutos diferenciados, óleos de propriedades variadas, alimentos orgânicos, cocos e castanhas dos mais diversos tipos. Assim como o açaí amazônico virou uma marca mundial, esses produtos também podem virar. “É preciso estruturar as cadeias de extrativismo, fornecendo tecnologias que funcionem no contexto social dos ribeirinhos”, afirma Olinda Canhoto, pesquisadora do Centro de biotecnologia da Amazônia.

A conservação, que já é fonte de pagamentos, pode ser um filão ainda maior. Isso porque já existe um instrumento internacional que, ao quantificar a quantidade de carbono que as florestas podem reter – e assim minimizar a liberação de gases do efeito estufa –, estabelece valores financeiros a serem pagos pelo desmatamento evitado em áreas de pressão. No Acre e em Rondônia, algumas experiências já deslancharam, mas falta escalar o modelo. De acordo Mariano Cenamo, fundador do Instituto de Desenvolvimento e Conservação do Amazonas, o Brasil tem o maior ativo florestal do mundo para receber pagamentos do tipo, mas falta uma política pública que estabeleça preço para o carbono e escale o pagamento em toda a Amazônia.

Para Manuel Cardoso, do professor da Universidade Federal do Amazonas e diretor-executivo da Map Technology, é preciso também estreitar a comunicação entre a academia e as empresas para impulsionar a chamada bioeconomia. Hoje, é impossível saber quantos ativos biológicos se escondem no bioma – e para quê eles podem ser usados, seja na indústria de cosméticos ou na farmacêutica. “A construção de um banco de dados nacional acessível a empresários e empreendedores poderia tornar isso viável”, diz.

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