Economia

Sair da União Europeia seria bom negócio para Grã-Bretanha?

Governo de David Cameron promete referendo sobre saída do bloco, que pode ser boom ou desastre econômico - tudo depende do dia seguinte


	Londres, capital da Inglaterra
 (August Brill/Flickr/Creative Commons)

Londres, capital da Inglaterra (August Brill/Flickr/Creative Commons)

João Pedro Caleiro

João Pedro Caleiro

Publicado em 26 de março de 2015 às 13h12.

São Paulo - Você já ouviu falar em "Brexit"? É este o apelido dado para uma possível saída da Grã-Bretanha da União Europeia.

Sim, esta é uma possibilidade. O governo do conservador David Cameron já prometeu em várias ocasiões que fará um referendo sobre o assunto até 2017 caso ganhe nas urnas novamente este ano. 

No seu último relatório de "cisnes negros" (eventos possíveis mas improváveis), o Société Genérále calculou em 25% a chance de que a eleição leve a um plebiscito sobre a saída do país da União Europeia e em 10% o risco de que ela ocorra de fato.

A última pesquisa, realizada há poucos dias pelo YouGov com o The Sun, mostra que 46% dos britânicos se opõe à saída e 36% apóiam, mas os números flutuam bastante.

Nesta semana, um relatório do think tank independente Open Europe mostra quais seriam os custos e ganhos da decisão. Tudo depende, é claro, do que o que a Grã-Bretanha faria com essa tal liberdade.

O ideal é que o país aproveitasse a oportunidade para permitir mais imigração, por exemplo - mas grande parte dos defensores do rompimento tem motivação oposta.

Quando o artigo 50 é colocado em prática, não tem volta: o país perde o poder de voto e a partir daí é o bloco que estabelece o calendário e os termos do rompimento.

A economia britânica é bastante dependente do comércio internacional e da habilidade de atrair investimento. Sair da UE dispararia negociações não só com o resto do continente mas também com mais de 50 países que tem acordos com o bloco, além de novas tarifas e barreiras. Isso certamente aumentaria a incerteza e os custos no curto prazo, especialmente para setores como o financeiro.

Estimativas

No melhor cenário, o país consegue não apenas manter o livre comércio com a Europa mas também se abre ainda mais para o resto do mundo. Nesse caso, o PIB seria 1,6% maior em 2030. No pior cenário, sem acordo algum, o PIB cairia 2,2% no mesmo horizonte.

O mais provável, no entanto, é alguma combinação das duas coisas - colocando as estimativas numa janela mais realista entre perda de 0,8% e ganho de 0,6%. Outros estudos variam entre perda de 5% e ganho de 6%.

Tudo depende também do comportamento da economia europeia nas próximas décadas. Se ela superar seus desafios e voltar a apresentar dinamismo, o custo da separação aumenta para a Grã-Bretanha - e vice-versa.  

Nenhum país saiu da União Europeia até hoje. A probabilidade (bem mais alta) de saída da Grécia é motivada por crises de liquidez e negociações tensas sobre pacotes de resgate, não por um ato de vontade dos gregos.

"Se o Reino Unido colocasse tanto esforço em reformar a UE como teria de fazer para sair dela com sucesso, tanto o país quanto a UE ficariam bem melhores", diz o relatório.

Acompanhe tudo sobre:ComércioComércio exteriorEuropaInglaterraPaíses ricosReino UnidoUnião EuropeiaZona do Euro

Mais de Economia

Oi recebe proposta de empresa de tecnologia para venda de ativos de TV por assinatura

Em discurso de despedida, Pacheco diz não ter planos de ser ministro de Lula em 2025

Economia com pacote fiscal caiu até R$ 20 bilhões, estima Maílson da Nóbrega

Reforma tributária beneficia indústria, mas exceções e Custo Brasil limitam impacto, avalia o setor