Economia

Mercado reduz projeção de Selic de 8,5% para 8% em 2012

Agora, a expectativa é de que a taxa básica de juros do país encerre menor do que os 8,5% previstos anteriormente

O documento mostrou que o mercado continua acreditando que o BC reduzirá a Selic dos atuais 9% ao ano para 8,5% na próxima reunião do Copom (Agência Brasil)

O documento mostrou que o mercado continua acreditando que o BC reduzirá a Selic dos atuais 9% ao ano para 8,5% na próxima reunião do Copom (Agência Brasil)

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Da Redação

Publicado em 14 de maio de 2012 às 10h57.

São Paulo - Com os sinais claros do governo de que busca um patamar de juros mais baixo no país, o mercado passou a estimar que o Banco Central reduzirá ainda mais a Selic neste ano. Agora, a previsão é de que a Selic encerre 2012 a 8,0 por cento ao ano, ante previsão anterior era de 8,50 por cento, segundo pesquisa Focus publicada nesta segunda-feira.

O documento mostrou também que o mercado continua acreditando que o BC reduzirá a Selic dos atuais 9 por cento ao ano para 8,50 por cento na próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), em maio. Segundo dados do BC, a perspectiva do mercado é de mais dois cortes de 0,25 ponto percentual em julho e agosto, com a Selic voltando a subir apenas em janeiro de 2013, para 8,25 por cento.

De acordo com economistas consultados pela Reuters, o mercado cada vez mais considera que as decisões tomadas pelo BC, assim como as indicações que vem dando sobre as movimentações futuras, estão descoladas do cenário inflacionário, que vem mostrando preços mais altos.

Para o economista-chefe da Gradual Investimentos André Perfeito, o foco é externo, onde vem prevalecendo o nervosismo principalmente diante do impasse sobre o governo grego. "O BC quer converger a taxa de juro ao que é praticado no resto do mundo. Então, foge do escopo doméstico, e isso gera nervosismo. O BC tem dado sobrepeso ao cenário externo", disse ele.

Perfeito explicou que sua projeção é de mais um corte de 0,50 ponto percentual e Selic a 8,50 por cento no final do ano, mas que ele deve revisar esses números em breve para mostrar mais cortes.

Já o economista-chefe da Austing Rating, Alex Agostini, enxerga esse descolamento como resultado do alinhamento do BC com o governo federal a favor da política monetária e consequentemente do crescimento.

"Antes havia uma gestão muito focada na estabilidade da economia, ou seja, na inflação. Hoje a preocupação é mais voltada para o crescimento econômico e a inflação passou a ser o segundo objetivo", avaliou Agostini.

Ele destacou ainda que a mudança recente no cálculo da poupança permitirá que o BC continue cortando a Selic mesmo diante dos últimos números mostrando sinais de fortalecimento dos preços. Para o economista, a Selic deve encerrar 2012 em 8,50 por cento.

Na semana passada, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou que, em abril, o IPCA subiu 0,64 por cento, avançando sobre a alta de 0,21 por cento registrada em março, e acumulando em 12 meses até abril 5,10 por cento.

O mercado também reduziu sua expectativa da taxa básica de juros para o final de 2013 em 0,25 ponto percentual, para 9,75 por cento ao ano. A perspectiva do Top 5 -que reúne as instituições que mais acertam as projeções no relatório- para 2013, por outro lado, foi elevada de 8,75 por cento para 9,75 por cento.


No final do mês passado, a ata da última reunião do Copom já havia indicado mais cortes na Selic por causa do cenário externo ainda desinflacionário, embora o BC tenha destacado que qualquer movimento deve ser conduzido com "parcimônia". Em abril, o Copom reduziu a taxa em 0,75 ponto percentual, para os atuais 9 por cento ao ano, menor nível desde abril de 2010, quando passou de 8,75 por cento ao ano -menor patamar histórico- para 9,50 por cento.

Na última quinta-feira, a equipe econômica veio a público em peso defender que a inflação está sob controle no país, e que nem mesmo a recente alta do dólar frente ao real colocaria mais pressão sobre os preços.

A flexibilização da política monetária é uma das armas usadas pelo governo para atingir o objetivo de garantir uma expansão na casa de 4 por cento do Produto Interno Bruto (PIB) neste ano, apesar de internamente reconhecer que a tarefa é complicada.

Inflação

Em relação à inflação, as estimativas dentro do Focus apontam que o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) fechará este ano em 5,22 por cento, acima do relatório da semana anterior, quando estava em 5,12 por cento. Para o final de 2013, o mercado estima alta de 5,53 por cento, ante 5,56 por cento anteriormente.

Para o IPCA em 12 meses, as projeções foram mantidas em 5,53 por cento. A meta oficial de inflação é de 4,5 por cento pelo IPCA.

Esse aumento da expectativa possivelmente reflete a alta recente na taxa de câmbio -o dólar está sendo negociado perto do patamar de 2 reais-, além do último dado sobre o IPCA, de acordo com a economista do banco Santader Fernanda Consorte.

"O movimento do Focus deve estar ligado ao câmbio. A nossa expectativa é de que no último trimestre a inflação estará bastante alta, mas para o ano nossa previsão do IPCA é de 5 por cento. Entretanto, se a taxa de câmbio ficar no patamar que está, a expectativa deve ser elevada", disse ela.

O relatório Focus também mostrou alteração em relação à perspectiva da atividade econômica. Agora, o mercado prevê que o Produto Interno Bruto (PIB) encerre 2012 com crescimento de 3,20 por cento, ligeiramente abaixo dos 3,23 por cento na semana anterior.

Para 2013, as contas dos agentes consultados pelo BC são de expansão de 4,30 por cento, inalteradas em relação ao último relatório.

Ainda segundo o Focus, a taxa de câmbio prevista para o fim de 2012 pelo mercado é de 1,85 real por dólar, ante 1,81 real por dólar na semana passada.

"(A alta da taxa de câmbio) não está relacionada a fatores domésticos, é uma preocupação externa. Existe um problema de confiança em relação ao desfecho da crise da Europa, que recentemente recebeu ingredientes picantes com eleições muito contrárias ao interesse de uma austeridade fiscal (principalmente na Grécia)", destacou Agostini, da Austin Rating.

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