Economia

'Magia do ouro' desaparece depois do maior avanço desde 1980

Preço da commodity deve cair neste mês, segundo analistas


	Barras de ouro: após maior alta desde a década de 1980, preço da commodity deve cair, com diminuição do consumo chinês
 (Adrian Moser/Bloomberg)

Barras de ouro: após maior alta desde a década de 1980, preço da commodity deve cair, com diminuição do consumo chinês (Adrian Moser/Bloomberg)

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Da Redação

Publicado em 10 de fevereiro de 2016 às 21h05.

A commodity de melhor desempenho do mundo neste ano poderia estar prestes a perder a sua magia.

O ouro, depois de ter o maior avanço no começo do ano desde 1980, vai cair neste mês por causa da diminuição das compras feitas por consumidores chineses, que aumentaram antes do início do ano-novo lunar, de acordo com oito dos 12 analistas consultados pela Bloomberg. 

Os preços, que atingiram um pico de sete meses e chegaram a US$ 1.200,97 por onça na segunda-feira, poderiam cair para US$ 1.100, com base na média de estimativas de sete analistas que forneceram previsões.

Após três quedas anuais consecutivas, o ouro subiu em 2016 porque os investidores estão buscando um refúgio da queda das ações e das economias mais fracas, ao mesmo tempo em que consumidores chineses compraram presentes antes do início do ano do macaco, que começou na segunda-feira. 

Mas a compra sazonal na China, que responde por mais de um quarto da demanda mundial por joias de ouro, geralmente cai quando as lojas fecham durante pelo menos uma semana no feriado, eliminando assim uma fonte de apoio aos preços.

Durante a última década, o maior ganho mensal de ouro, em média, foi em janeiro, com pequenos avanços em fevereiro e perdas em março.

“O mercado do ouro precisa da compra física, e já estamos vendo uma desaceleração do comércio com a China”, disse Robin Bhar, analista em Londres do Société Générale, que prevê que os preços poderiam cair para US$ 950 neste ano. 

“Na semana depois do ano-novo, a China vai praticamente parar, e isso quase certamente terá algum impacto no preço do ouro. Não consigo ver um catalisador para manter a alta dos preços”.

O Goldman Sachs Group reiterou na terça-feira sua previsão de dezembro, de que os preços vão cair pelo quarto ano consecutivo e chegar a US$ 1.000 por volta do final do 2016. O banco espera que o Federal Reserve aumente as taxas de juros nos Estados Unidos pelo menos três vezes, o que reduzirá o apelo do metal porque o ouro não paga dividendos como bonds ou ações.

Ouro para entrega imediata perdeu 0,4 por cento, chegando a US$ 1.184,24, na quarta-feira e 12 por cento neste ano, mais do que qualquer outra matéria-prima acompanhada pelo Bloomberg Commodity Index. 

Foi o melhor começo do metal desde um ganho de 24 por cento em 1980 no mesmo período. Embora a demanda por um refúgio possa manter os preços elevados, a história mostra que a época do ano de crescimentos maiores já passou.

Mudança de previsão

Embora o Goldman preveja taxas de juros mais altas nos EUA, os investidores reduziram a expectativa para o aumento neste ano, porque os mercados acionários internacionais estão afundando, aumentam as perdas do petróleo e a economia da China está desacelerando. 

Agora não há nenhuma possibilidade de um aumento no próximo mês, em comparação com 51 por cento de chances no início do ano, de acordo com dados monitorados pela Bloomberg.

“Já tivemos quatro anos de perdas no ouro, mas parece que o piso chegou bem no momento em que os bancos centrais voltaram a um impasse”, disse Adrian Ash, chefe de pesquisa da BullionVault, um serviço de comércio on-line em Londres. 

“É claro que o Fed não será capaz de aumentar as taxas neste ano, e os investidores estão voltando a considerar o ouro. Essa situação poderia ficar muito interessante”.

Para Adam Finn, o chefe de metais preciosos da Triland Metals em Londres, a recuperação deste ano é mais um contratempo do que uma mudança de longo prazo na tendência de baixa para o ouro. 

Embora os preços tenham ficado acima da média móvel de 200 dias no dia 3 de fevereiro, esses movimentos foram mais um sinal de venda do que um sinal de compra, disse ele. As últimas três vezes em que isso ocorreu, o ouro caiu 4,6 por cento no mês seguinte.

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