Economia

Grandes empresas engavetam planos de investimento

Índice da consultoria Tendências revela que anúncios de investimentos caíram quase 40% no primeiro semestre em relação ao mesmo período de 2012


	Contêiner no Porto de Santos: anúncios de investimento no setor de logística diminuíram drasticamente. Para a Tendências, é sinal de “perda de confiança do setor privado em relação ao governo"
 (Paulo Fridman/Bloomberg)

Contêiner no Porto de Santos: anúncios de investimento no setor de logística diminuíram drasticamente. Para a Tendências, é sinal de “perda de confiança do setor privado em relação ao governo" (Paulo Fridman/Bloomberg)

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Da Redação

Publicado em 2 de outubro de 2013 às 09h45.

Sâo Paulo - Muitas das grandes empresas brasileiras diminuíram a intenção de investimentos no primeiro semestre de 2013, revela o Índice de Intenção em Investimentos, feito pela consultoria econômica Tendências e obtido com exclusividade por EXAME. No período, foram anunciados 293 investimentos totalizando 208 bilhões de reais. No mesmo período do ano passado, foram 480 anúncios de investimentos, somando 240 bilhões de reais. O índice, que cai desde agosto do ano passado, é calculado a partir desses dois indicadores e não era divulgado desde 2010.

Agronegócio, logística e varejo são os três setores com mais anúncios de investimento – 43, 36 e 35, respectivamente. Em dois deles houve queda. No primeiro semestre de 2012, foram comunicados 81 projetos de investimento no setor de logística e 53 no agronegócio. No varejo, a variação foi positiva – houve 27 anúncios no ano passado.

Eles são captados a partir de notícias divulgadas na imprensa e relatórios de investimentos publicados pelas empresas de capital aberto. Por isso, são um indicador do humor de investimento das grandes empresas.

Em termos proporcionais ao montante em dinheiro de investimentos anunciados, os três setores mais representativos são petróleo (14,8%), transporte (13,3%) e mineração (13%).

“A queda no índice reflete a perda de confiança do setor privado em relação ao governo e ao futuro da economia”, diz o economista Bruno Rezende, um dos responsáveis pelo índice da Tendências. “Sem confiança, o empresário não investe. O projeto fica na gaveta.” De acordo com Rezende, o índice ajuda a antecipar como será o comportamento dos investimentos no futuro.

“Se as empresas não anunciam investimentos, logicamente isso provoca queda nos investimentos futuros", diz Rodrigo Baggi, economista da Tendências que também trabalhou na elaboração do índice.

No final de agosto, o IBGE divulgou os números do PIB do segundo trimestre. Os investimentos foram destaque, com crescimento de 3,6%. Também chamado de formação bruta de capital fixo, a taxa de investimentos cresceu 6% nos seis meses do ano e saiu de 18,1% do PIB no final do ano passado para 18,6% do PIB em junho. Na formação bruta de capital fixo, contudo, são considerados também os investimentos na construção civil, como os do programa Minha Casa, Minha Vida, e os da infraestrutura. Já o Índice de Intenção em Investimentos da Tendências se restringe às comunicações de projetos feitas exclusivamente por empresas.

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