Economia

Fitch prevê que recessão será "profunda e prolongada"

A agência de classificação de risco Fitch previu que a recessão econômica do Brasil será "mais profunda e prolongada" que o previsto


	Sede da Fitch Ratings: a Fitch afirmou que "as previsões no médio prazo continuam frágeis"
 (Matt Lloyd/Bloomberg)

Sede da Fitch Ratings: a Fitch afirmou que "as previsões no médio prazo continuam frágeis" (Matt Lloyd/Bloomberg)

DR

Da Redação

Publicado em 19 de janeiro de 2016 às 19h36.

São Paulo - A agência de classificação de risco Fitch previu nesta terça-feira que a recessão econômica do Brasil será "mais profunda e prolongada" que o previsto e descartou que o país recupere seu grau de investimento "rapidamente".

Em um relatório divulgado pela agência, no qual analisa a perda pelo Brasil do selo de bom pagador, a Fitch afirmou que "as previsões no médio prazo continuam frágeis".

A agência calculou ainda que o país fechará 2016 com uma contração de 2,5%, um número inferior ao 3,5% estimado hoje pelo Fundo Monetário Internacional (FMI).

Com uma "retração da demanda doméstica, a confiança local minada e um cenário externo contrário", assim como com "incerteza política" e "as investigações pelo caso de corrupção da Petrobras", a agência descartou que o Brasil retorne rapidamente ao grau de investimento que perdeu em dezembro.

O Brasil se desprendeu do status que o garantia como país seguro para os investidores depois que, após o rebaixamento da Standard & Poor's, a Fitch reduziu a nota para o crédito soberano do país a "BB+", um nível em que sua dívida é considerada como especulativa.

De acordo com a agência, "o rebaixamento da nota do Brasil refletiu a profunda recessão econômica, os contínuos desenvolvimentos fiscais adversos e o aumento da incerteza política que podiam solapar ainda mais a capacidade do governo para implementar medidas que estabilizem a carga da dívida pública".

Precisamente os desafios na arena política são um dos aspectos nos quais mais incide o documento, que aponta o possível processo de impeachment contra a presidente Dilma Rousseff no Congresso como um dos obstáculos para a recuperação fiscal.

"O início do processo de impeachment contra a presidente Dilma acrescentou uma camada a mais de incerteza ao já desafiante ambiente político", declarou o relatório.

A agência prevê também que "os riscos de governabilidade, a fraqueza econômica, o aumento da inflação e os desequilíbrios fiscais" permanecerão "em qualquer cenário posterior ao processo de impeachment".

Por isso, a Fitch considera "desafiante" que o Brasil consiga acabar este ano com uma meta fiscal equivalente a 0,5% de seu Produto Interno Bruto e destaca que "a previsão fiscal para 2016 continua incerta".

Por outro lado, prevê uma "leve recuperação" da economia brasileira para 2017, desde que "se estabilize o ambiente político e diminua a incerteza", apesar de que, segundo a empresa, "os riscos estão enormemente inclinados para baixo".

A agência de qualificação condiciona essa recuperação a "uma melhora no ambiente político que leve à implementação da confiança", a uma "consolidação fiscal" e à "redução dos desequilíbrios macroeconômicos", tais como o déficit e a alta inflação, situada acima de 10% em 2015.

Caso contrário, segundo a agência, o país continuará com uma "extensa recessão". 

Acompanhe tudo sobre:Agências de ratingEmpresasFitchRecessão

Mais de Economia

Boletim Focus: mercado eleva estimativa de inflação para 2024 e 2025

Oi recebe proposta de empresa de tecnologia para venda de ativos de TV por assinatura

Em discurso de despedida, Pacheco diz não ter planos de ser ministro de Lula em 2025

Economia com pacote fiscal caiu até R$ 20 bilhões, estima Maílson da Nóbrega