Vista de Xangai: desaceleração chinesa ajudou a prejudicar números dos emergentes (Tomohiro Ohsumi/Bloomberg)
João Pedro Caleiro
Publicado em 12 de agosto de 2013 às 18h45.
São Paulo - Durou pouco o protagonismo dos emergentes no crescimento global. Pela primeira vez desde a metade de 2007, as economias avançadas estão contribuindo mais para o crescimento mundial do que as economias em desenvolvimento, segundo números da firma de investimentos Bridgewater Associates divulgados hoje pelo The Wall Street Journal.
Com base em estimativas de crescimento, além de números oficiais, o estudo concluiu que países desenvolvidos serão responsáveis por 60% dos 2,4 trilhões de dólares de atividade econômica adicional esperada para este ano. O FMI estima que o crescimento global será de 3,1% em 2013 - menos do que os 3,2% do ano passado e bem abaixo dos 4% registrados em 2011.
Um dos grandes responsáveis pela reversão de expectativas é o Japão. Apesar dos números do último trimestre terem sido abaixo do esperado, o país superou anos de estagnação e já é a grande economia desenvolvida que cresce mais rápido. Nos Estados Unidos, há sinais de que a recuperação veio pra ficar, e até a Europa parece ter deixado seus piores dias para trás. A zona do euro deve divulgar esta semana uma leve expansão após seis trimestres seguidos de contração.
Em desenvolvimento
Os emergentes continuam crescendo, mas de forma mais modesta. A China tem como meta crescer 7,5% em 2013 - se confirmada, seria a menor taxa desde 1990.
"Após a crise financeira global de 2008, a China respondeu com estímulos fiscais e de crédito que conseguiram devolver um pouco de crescimento rapidamente, mas esse tipo de expansão tem um limite que agora está ficando mais claro", aponta Rodolfo Oliveira, economista da consultoria Tendências.
A desaceleração chinesa contribuiu para diminuir o apetite global por commodities que havia sido um dos principais motores do boom dos emergentes na década passada. A Índia registrou seu pior crescimento da última década em 2012, mesmo ano em que o Brasil cresceu apenas 0,9%. O último boletim Focus do Banco Central divulgado nesta segunda-feira apontou uma nova diminuição das expectativas para a economia brasileira este ano, com aumento do crescimento previsto de 2,21%.