Explicar a causa e a situação da Argentina após o calote da dívida em 2001 envolve conceitos como paridade cambial, balança comercial e déficit público.
Mas ver a situação pelo lado da população é mais fácil, já que se trata do mais famoso caso de corrida aos bancos do século XXI e o único de proporções generalizadas dentro de um país.
Preocupado com as retiradas que vinham ocorrendo, o governo do então presidente Fernando de La Rúa anunciou o chamado "corralito" no dia 1º de dezembro de 2001, congelando depósitos que correspondiam a 63 bilhões de pesos. Foram estabeleceidos limites semanais para saques.
E por que a população retirava dinheiro sem parar? Até então, a Argentina adotava a paridade entre o dólar e o peso, mas como rumores e notícias se espalham em países em crise, foi ficando cada vez mais óbvio que a paridade, bancada pelo falido governo argentino, era insustentável, assim como a inevitável desvalorização do peso.
Alie então a vontade da população de manter os dólares para si a um medo de insolvência dos bancos e um governo em maus lençóis e pronto, está aí a receita de uma fuga de capitais, similar ao que ocorre hoje na Grécia (com euro no lugar de dólares).
Hoje alguns economistas usam a palavra corralito como sinônimo de congelamento de depósitos por causa do episódio argentino.