Economia

Arrecadação soma R$93,7 bilhões e tem pior agosto desde 2010

A arrecadação teve queda real de 9,32% em agosto sobre um ano antes, segundo a Receita Federal


	Prédio da Receita Federal em Brasília
 (Divulgação/Receita Federal)

Prédio da Receita Federal em Brasília (Divulgação/Receita Federal)

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Da Redação

Publicado em 18 de setembro de 2015 às 21h28.

Brasília - A arrecadação federal com impostos e contribuições em agosto teve o pior desempenho para o mês em cinco anos, ressaltando as dificuldades que o governo enfrenta para reaquilibrar as suas contas em meio à recessão econômica.

A arrecadação teve queda real de 9,32 por cento em agosto sobre igual mês do ano passado, para 93,738 bilhões de reais, no pior declínio mensal registrado neste ano, informou a Receita Federal nesta sexta-feira.

Em termos nominais, a arrecadação recuou pela primeira vez no ano, em 0,68 por cento.

A Receita Federal destacou que o desempenho de agosto foi prejudicado pela base de comparação, já que no mesmo mês do ano passado houve o ingresso de 7,13 bilhões de reais em receita extraordinária decorrente do programas de parcelamento de dívidas tributárias. Neste ano, a arrecadação nessa mesma linha foi de 2,248 bilhões de reais em agosto.

Sem contabilizar essa receita extraordinária, a arrecadação em agosto teve queda real de 4,26 por cento em relação ao mesmo mês do ano passado, com forte efeito da recessão econômica sobre a arrecadação.

O recolhimento do Imposto de Renda para Pessoas Jurídicas e da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL), por exemplo, caiu 35,5 por cento sobre agosto de 2014.

"Os números apurados na arrecadação estão em linha com o desempenho da atividade econômica", disse o chefe do Centro de Estudos Tributários e Aduaneiros da Receita, Claudemir Malaquias. Da mesma forma, houve declínio anual no recolhimento de IR para Pessoa Física (-28,1 por cento), IPI (-19,0 por cento) e Cofins e PIS/Pasep (-3,1 por cento).

Por sua vez, a receita previdenciária sofreu retração de 9,2 por cento em agosto sobre um ano antes, num reflexo da deterioração do mercado de trabalho e da massa salarial.

No acumulado do ano até agosto, a arrecadação recuou 3,68 por cento para 805,814 bilhões de reais, pior marca para o período em cinco anos, evidenciando a fraqueza da economia e também o elevado nível de desoneração tributária. A renúncia tributária subiu 11,5 por cento nos primeiros oito meses do ano ante igual período de 2014, para 71,5 bilhões de reais.

Sem perspectiva de melhora da economia e após a agência de classificação de risco Standard & Poor's retirar o selo de bom pagador do Brasil, o governo anunciou na segunda-feira um pacote para buscar cumprir a meta de superávit primário consolidado de 2016 equivalente a 0,7 por cento do Produto Interno Bruto (PIB).

O pacote têm como âncora a proposta de recriação da CPMF, que precisa ser aprovada pelo Congresso Nacional num momento de grave crise política.

VAZAMENTO

A Associação Nacional dos Auditores Fiscais da Receita Federal (Unafisco) informou à imprensa os dados da arrecadação de agosto antes da divulgação oficial pela Receita.

Em entrevista por telefone, o presidente da entidade, Kleber Cabral, afirmou que para além do cenário de patente enfraquecimento econômico, a falta de julgamentos pelo Carf e a paralisação dos auditores fiscais, com consequente queda nas autuações, também agravaram o cenário da arrecadação.

Durante coletiva de imprensa, Claudemir Malaquias, da Receita, afirmou que o órgão não tem apuração nesse sentido. Ele disse ainda que o vazamento dos dados seria investigado. "Isso é lamentável e não vai acontecer novamente", acrescentou.

Texto atualizado às 21h28

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