A presidente Dilma Rousseff e o presidente do Uruguai, José Mujica (Roberto Stuckert Filho/PR)
Da Redação
Publicado em 31 de maio de 2011 às 00h04.
Montevidéu - A presidente Dilma Rousseff assinou na segunda-feira acordos com o presidente do Uruguai, José Mujica, para acelerar projetos de integração na fronteira, incluindo a construção de uma linha de interconexão elétrica de 500 quilômetros, além de uma ponte, uma hidrovia e uma ferrovia, para fortalecer o comércio mútuo.
A interconexão, através de um linha elétrica desde o território brasileiro, vai garantir o fornecimento energético ao Uruguai, afirmou Dilma em Montevidéu, onde foi calorosamente recebida por Mujica.
Os presidentes, ambos ex-militantes de esquerda que foram presos e torturados, acertaram também acordos para concluir uma segunda ponte sobre um rio fronteiriço e colocar em funcionamento no fim de 2011 uma ferrovia que ligará a capital uruguaia à cidade de Cacequi, no Rio Grande do Sul.
Brasil e Uruguai vão ainda construir uma hidrovia de 1.200 quilômetros, principalmente para o transporte de mercadorias agrícolas no sul brasileiro e no norte uruguaio.
"A atual convergência política entre os dois governos, assim como o grande dinamismo das suas economias, e também o fato de que somos, todos, democracias estáveis que respeitam contratos, os direitos humanos, e que criam um ambiente bastante fraterno entre os dois povos, criam um contexto ideal para que aprofundemos nossa relação", declarou Dilma.
Quando a presidente deixou o Palácio Santos, sede da chancelaria uruguaia e onde foram assinados os acordos, foi saudada por centenas de manifestantes, alguns agitando bandeiras do Brasil.
Antes, Dilma reuniu-se com líderes políticos uruguaios, incluindo opositores, e elogiou a convivência entre forças de grupos políticos distintos.
"Fluidez no comércio"
Ao término do encontro, os dois presidentes defenderam uma declaração conjunta sobre a manutenção da "fluidez no comércio" do Mercosul, bloco aduaneiro integrado por Brasil, Uruguai, Paraguai e Argentina.
Brasil e Argentina vivem um impasse em torno do comércio de automóveis, depois que o governo brasileiro impôs o regime de licenças não automáticas à importação de veículos. Já o Brasil reclamou das dificuldades para que baterias, pneus, calçados e máquinas agrícolas entrem no mercado argentino.
Mujica, embora sem citar diretamente essa disputa, disse sobre os conflitos comerciais no Mercosul que "nunca estaremos integrados na América Latina se não conseguirmos a integração com inteligência. Todas estas coisas têm ... assimetrias naturalmente, porém mais assimetrias temos com a China".
Os presidentes reuniram-se durante mais de duas horas e também concordaram em dar prosseguimento ao comércio bilateral, que alcançou 3 bilhões de dólares no ano passado.
"Temos que ver o Brasil não só como um provedor, e sim como um imenso mercado para nossos produtos", disse Mujica, acrescentando que "não é preciso deter-se nos pequenos problemas".
Dilma, que chegou à capital uruguaia para uma curta visita acompanhada por oito ministros, prometeu também a colaboração do Brasil para implementar um plano para "massificar" o acesso dos uruguaios a serviços de Internet de banda larga.