Economia

Negociação segue estagnada e país se aproxima de moratória

Em uma corrida contra o tempo, o governo argentino afirmou mais uma vez ser vítima de uma extorsão judicial promovida por fundos

O secretário Pablo López chega ao escritório do mediador Daniel Pollack: Argentina se aproxima de moratória (Stan Honda/AFP)

O secretário Pablo López chega ao escritório do mediador Daniel Pollack: Argentina se aproxima de moratória (Stan Honda/AFP)

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Da Redação

Publicado em 25 de julho de 2014 às 15h51.

Nova York - As negociações entre a Argentina e os fundos especulativos no caso dos títulos em moratória da dívida soberana continuavam estagnadas nesta sexta-feira em Nova York, com a perspectiva cada vez mais próxima de uma possível moratória na semana que vem.

Em uma corrida contra o tempo, o governo argentino afirmou mais uma vez ser vítima de uma extorsão judicial promovida por esses fundos, que chama de "abutres", e garantiu que continuará pagando sua dívida reestruturada apesar da decisão do juiz federal americano Thomas Griesa, que bloqueia o dinheiro para os pagamentos em Nova York.

Nesta sexta-feira, a comitiva argentina se reuniu por cerca de uma hora com o mediador Daniel Pollack, depois de um encontro sem avanços na última quinta-feira, conforme constatou a AFP.

O NML Capital e outros fundos especulativos têm uma sentença de Griesa a seu favor, ratificada pela Suprema Corte dos Estados Unidos, com um valor total de 1,33 bilhão de dólares pelos títulos da dívida soberana argentina declarada suspensa em 2001.

Griesa bloqueou no dia 27 de junho um depósito de 539 milhões de dólares da Argentina a um banco de Nova York para pagar parte de sua dívida reestruturada, exigindo que o pagamento simultâneo fosse feito aos litigantes.

Se este pagamento aos credores que aceitaram a renegociação não for efetuado até o final do prazo de carência, em 30 de julho, o país poderá entrar em moratória técnica, que é diferente do colapso vivido pelo país no fim de 2001 mas pode gerar consequências imprevisíveis para a economia argentina.

Argentinos falam de "extorsão judicial"

Os fundos compraram os títulos da dívida argentina já em moratória e depois litigaram na justiça americana para cobrar 100% de seu valor, recusando a renegociação com remunerações de até 70% do valor aceita por 92,4% dos credores.

Depois de a Suprema Corte dos Estados Unidos ter recusado o caso em meados de junho, a sentença de Griesa de 2013 tornou-se vigente.

Desde então o governo argentino vem ressaltando que a decisão do magistrado "é uma extorsão judicial", como reiterou nesta sexta-feira o ministro da Economia Axel Kicillof ao Conselho de Finanças da Unasul, reunido em Buenos Aires.

O ministro da Economia detalhou que os fundos especulativos promoveram cerca de 900 embargos de bens da Argentina, entre eles a fragata Libertad, da Marinha nacional, as reservas do Banco Central, satélites e até sedes diplomáticas.

"Qual é a intenção de embargar a embaixada argentina em Washington? Não é a intenção de extorquir o país?", perguntou Kicillof aos presentes. "Negociar nada, embargar tudo", respondeu um deles.

O ministro afirmou que na Argentina "ninguém quer um default, ninguém festeja um default".

"Estamos dispostos a dialogar, mas não vamos aceitar a extorsão", disse.

A Argentina pede a suspensão da decisão até o fim do ano para poder negociar com os fundos. O objetivo é evitar que seja aplicada uma cláusula dos contratos da reestruturação que impede o país de melhorar a oferta aceita pelos credores que renegociaram os títulos, sob pena de ter que estender a melhoria a todos os credores. Essa cláusula vigora até o final deste ano.

Desde a crise econômica no final de 2001 que resultou na moratória, a Argentina se afastou dos mercados de capitais e as necessidades de financiamento do governo são sanadas, em boa medida, por uma política comercial que prioriza o superávit.

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