Economia

Não há risco de racionamento, mas preço da energia deve subir, diz empresa

Período de setembro de 2020 a abril de 2021 foi visto como o pior em chuva na área das usinas hídricas desde 1931

O baixo nível dos reservatórios deve gerar pressão sobre os preços no mercado livre de energia (Ueslei Marcelino/Reuters)

O baixo nível dos reservatórios deve gerar pressão sobre os preços no mercado livre de energia (Ueslei Marcelino/Reuters)

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Reuters

Publicado em 18 de maio de 2021 às 13h06.

Última atualização em 20 de maio de 2021 às 09h47.

Apesar de chuvas historicamente baixas nos últimos meses na região das hidrelétricas, principal fonte de geração do Brasil, a situação não chega a trazer temores de racionamento de energia, disse nesta terça-feira, 18, o presidente da comercializadora de eletricidade Focus Energia, Alan Zelazo.

O executivo alertou, no entanto, para aumentos de custos, ao projetar continuidade nas contas de luz da chamada bandeira tarifária vermelha, que gera cobranças adicionais para os consumidores.

"Nossa expectativa é que, assim como no mês de maio, haja manutenção da bandeira vermelha em todos os meses do ano. Apesar disso, acreditamos que não há risco de racionamento", afirmou Zelazo, durante teleconferência com investidores sobre os resultados da Focus.

"Mas será mantido o despacho integral das térmicas, além da importação de energia de outros países", acrescentou ele, ao pontuar que isso terá como efeito um aumento dos custos no sistema elétrico.

O Ministério de Minas e Energia e outros órgãos do governo instituíram na semana passada uma "sala de situação" para acompanhar as condições de suprimento de energia no país, após o presidente Jair Bolsonaro qualificar anteriormente a situação como "maior crise hidrológica da história".

A medida veio após o período de setembro de 2020 a abril de 2021 ter sido visto como o pior em chuva na área das usinas hídricas desde 1931, quando tiveram início os registros, embora o governo também tenha afirmado não ver riscos de suprimento.

Custo sobe

O baixo nível dos reservatórios, no entanto, deve gerar uma pressão sobre os preços no mercado livre de energia, ambiente em que grandes consumidores como indústrias podem negociar diretamente contratos e preços de suprimento com empresas de geração e comercializadoras.

"Olhando para a frente, observamos um incremento de preços entre 2022 e 2025, gerando boas oportunidades de negócio na comercialização de energia para os próximos anos", disse Zelazo.

Ele apontou que esse cenário pode favorecer projetos de geração solar que a Focus tem desenvolvido, que têm parte da produção futura ainda não vendida em contratos.

A empresa, que atua em comercialização de energia e tem buscado expansão no segmento de geração renovável, deve iniciar em maio as obras civis de sua primeira usina solar, Futura 1, que tem previsão de entrada em operação entre o final de abril e o começo de maio de 2022.

Zelazo disse ainda que a Focus iniciou no mês passado a contratação de hedge cambial para o empreendimento, que terá 671 megawatts em capacidade instalada.

A Focus registrou lucro líquido de 14,9 milhões de reais no primeiro trimestre, 66% abaixo dos 44,3 milhões no mesmo período do ano anterior.

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