Não há bolha no mercado de crédito, diz Banco Fator
Relatório do Banco Central mostra que o volume de financiamentos continuou crescendo em maio
Da Redação
Publicado em 22 de junho de 2011 às 13h37.
São Paulo - Apesar do crescimento do volume de financiamentos em maio, o mercado de crédito no Brasil vive uma situação saudável. Na avaliação do economista-chefe do Banco Fator, José Francisco de Lima Gonçalves, "não há bolha de crédito".
A expansão dos financiamentos acontece em várias modalidades, com destaque especial para o setor imobiliário. "O prazo médio, que vinha caindo, voltou a subir, o que é uma boa notícia", explica Gonçalves.
Prazo médio das operações | mai/09 | abr/10 | mai/10 |
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Pessoa física | 471 dias | 509 dias | 515 dias |
Pessoa jurídica | 270 dias | 351 dias | 363 dias |
Outro ponto positivo é a estabilidade da taxa de inadimplência em maio (ver quadro abaixo). Alguns analistas consideram elevado o atual nível de endividamento das famílias, que poderia se transformar em inadimplência com a alta dos juros.
"Não vejo nenhum dado oficial que comprove isso. Por enquanto, são apenas suspeitas. Acredito que as famílias que aproveitaram o IPI reduzido para comprar carro e geladeira já estão reduzindo os gastos e, agora, o foco é pagar as prestações", diz o economista-chefe do Banco Fator.
Inadimplência (atraso superior a 90 dias) | mai/09 | abr/10 | mai/10 |
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Pessoa física | 8,50% | 6,80% | 6,80% |
Pessoa jurídica | 3,20% | 3,60% | 3,70% |
Gonçalvez, que também é professor doutor do Departamento de Economia da Universidade de São Paulo (USP), lembra que a geração recorde de empregos formais impulsiona o crédito. "A carteira assinada dá segurança para o trabalhador e para o banco na hora de fechar um financiamento", diz.
A tendência para o segundo semestre é de um esfriamento no ritmo de expansão da oferta de crédito por conta do aperto monetário que está sendo promovido pelo Banco Central. "O aumento dos juros básicos, em tese, será repassado para os clientes", diz Gonçalves, lembrando que as taxas cobradas pelo BNDES não seguem a Selic.
Um dado "intrigante" da Nota de Crédito do Banco Central, na opinião do economista, foi a alta do spread bancário concomitante ao aumento da participação dos bancos públicos no volume total de crédito.
Outro ponto destacado pelo professor da USP é o elevado nível de provisões adotado pelas instituições estatais. "Os bancos públicos, que expandiram o crédito durante a crise, estão preparados para uma eventual alta na inadimplência", diz.