Não é educação que torna Dinamarca igualitária, diz estudo
Surpresa: não é a educação que faz a Dinamarca ter tanta mobilidade social. Nesse sentido, ela é muito similar aos EUA. A resposta está em outro processo.
João Pedro Caleiro
Publicado em 29 de agosto de 2016 às 15h06.
São Paulo - Os países escandinavos de forma geral são vistos como exemplos de harmonia social, igualdade de oportunidades e equilíbrio entre mercado e estado.
Mas os dados de mobilidade da Dinamarca mostram que essa visão é em parte fantasiosa, de acordo com um estudo publicado em julho pelo Escritório Nacional de Pesquisa Econômica dos Estados Unidos.
Os autores são Rasmus Landersø, do setor de pesquisa da fundação dinamarquesa Rockwool Foundation, e James J. Heckman, da Universidade de Chicago.
Eles investigaram a mobilidade social entre gerações da famílias na Dinamarca e nos Estados Unidos . Qual é a chance, por exemplo, de uma criança pobre se tornar uma adulta de classe média?
E de fato, os dinamarqueses tem muito mais mobilidade. A primeira hipótese é que isso é fruto da educação: afinal, eles gozam de amplo e gratuito acesso a creches, pré-educação e universidades - talvez o melhor exemplo mundial de "igualdade de oportunidades".
Só que não são essas oportunidades que geram a igualdade no país: os dados mostram que a influência da renda familiar na trajetória educacional de uma criança é surpreendentemente parecida nos dois países.
O sistema consegue, por exemplo, fazer com que as crianças mais pobres tenham resultados cognitivos melhores do que os americanos, mas não torna mais provável que os filhos de pais sem diploma cheguem a cursar uma faculdade.
Transferências
A resposta para a igualdade dinamarquesa não está na educação, e sim nas transferências: o estado coloca impostos grandes sobre os ricos e transfere recursos para os mais pobres.
Isso comprime as faixas de renda e torna mais fácil subir (ou cair) de um degrau para o outro (a definição de mobilidade). A Dinamarca tenta dar igualdade de oportunidades e quando isso não funciona, mexe nos salários para trazer uma igualdade maior de resultados.
Os dois processos não são independentes. Como as diferenças salariais são menores e o sistema de proteção social do país é generoso, um diploma na Dinamarca acaba valendo menos no mercado, em termos relativos, do que nos Estados Unidos.
Resumo da ópera: "A Escandinávia investe pesadamente no desenvolvimento infantil e impulsiona os resultados dos testes dos menos favorecidos. Daí ela desfaz esses efeitos benéficos ao prover fracos incentivos ao mercado de trabalho", diz o texto.
Análise
O fato de que a tal igualdade de oportunidade ser uma fantasia até na Escandinávia mostra que mesmo o maior esforço estatal nunca será capaz de anular o fato de que ter pais ricos e educados é uma vantagem enorme para uma criança em crescimento (assim como outros fatores, como o lugar onde ela mora).
Mas também mostra que dada essa dificuldade, um estado que sabe taxar os ricos e proteger os pobres é capaz de mexer nessa conta e que mesmo nesse cenário ainda vai ter muita gente querendo fazer faculdade.
Qual sociedade é melhor? Essa resposta a economia não dá. O desafio é mexer de forma inteligente nessas contas e incentivos - o que diga-se de passagem, é bem mais fácil em um país pequeno e homogêneo (a Dinamarca) do que gigante e complexo (como os EUA).
- 1. Reputação nas alturas!
1 /22(Thinkstock)
São Paulo - O que torna um país digno de admiração? Boa qualidade de vida , padrões elevados de educação , amplas oportunidades de emprego, sistema de saúde acessível e de qualidade, ética e transparência no governo, políticas sociais progressistas (como o reconhecimento do casamento gay e a legalização do aborto, por exemplo), a felicidade de seu povo...A lista é vasta, e os países que reúnem essas características não só caem nas graças da opinião pública internacional, como ganham em competitividade. Uma imagem clara e positiva abre as portas para o mundo e, muitas vezes, é determinante para o sucesso dos esforços de um país. Países com boa reputação atraem mais turistas, mais investimento estrangeiro, aumentam as relações comerciais e melhoram as diplomáticas, atraem conhecimento e novos talentos. Todos os anos, o Reputation Institute, uma empresa dedicada ao estudo da reputação de empresas e países, divulga o resultado de sua pesquisa Country RepTrak, que lista os países mais admirados do mundo. Os resultados são baseados em mais de 58.000 entrevistas realizadas em mais de 50 países. Veja a seguir quais são os 20 países mais amados do mundo segundo a edição 2016 do ranking. O Brasil é 24º.
2 /22(Edward Stojakovic/Flickr/Creative Commons)
| Pontuação | Posição em 2015 | Posição em 2014 |
|---|---|---|
| 78,34 | 3º | 3º |
3 /22(mikeinlondon/ThinkStock)
| Pontuação | Posição em 2015 | Posição em 2014 |
|---|---|---|
| 77,82 | 1º | 2º |
4 /22(Thinkstock)
| Pontuação | Posição em 2015 | Posição em 2014 |
|---|---|---|
| 77,00 | 4º | 1º |
5 /22(Mark Nolan/Getty Images)
| Pontuação | Posição em 2015 | Posição em 2014 |
|---|---|---|
| 76,84 | 5º | 5º |
6 /22(Vincent van Zeijst)
| Pontuação | Posição em 2015 | Posição em 2014 |
|---|---|---|
| 76,18 | 2º | 6º |
7 /22(Thinkstock)
| Pontuação | Posição em 2015 | Posição em 2014 |
|---|---|---|
| 75,16 | 6º | 4º |
8 /22(Getty Images)
| Pontuação | Posição em 2015 | Posição em 2014 |
|---|---|---|
| 74,68 | 7º | 8º |
9 /22(Thinckstock)
| Pontuação | Posição em 2015 | Posição em 2014 |
|---|---|---|
| 74,25 | 8º | 7º |
10 /22(Thinkstock)
| Pontuação | Posição em 2015 | Posição em 2014 |
|---|---|---|
| 74,11 | 11º | 9º |
11 /22(ThinkStock)
| Pontuação | Posição em 2015 | Posição em 2014 |
|---|---|---|
| 73,90 | 9º | 9º |
12 /22(Wikimedia Commons)
| Pontuação | Posição em 2015 | Posição em 2014 |
|---|---|---|
| 72,44 | 12º | 11º |
13 /22(Dieter Hawlan/Shutterstock.com/Kayak)
| Pontuação | Posição em 2015 | Posição em 2014 |
|---|---|---|
| 71,68 | 14º | 16º |
14 /22(Chris Jackson/ Getty Images)
| Pontuação | Posição em 2015 | Posição em 2014 |
|---|---|---|
| 71,08 | 13º | 15º |
15 /22(Thinckstock)
| Pontuação | Posição em 2015 | Posição em 2014 |
|---|---|---|
| 70,97 | 16º | 14º |
16 /22(Franck Fife/AFP)
| Pontuação | Posição em 2015 | Posição em 2014 |
|---|---|---|
| 69,32 | 19º | 17º |
17 /22(Strange Luke/Flickr/Creative Commons)
| Pontuação | Posição em 2015 | Posição em 2014 |
|---|---|---|
| 67,95 | 10º | 12º |
18 /22(Thinckstock)
| Pontuação | Posição em 2015 | Posição em 2014 |
|---|---|---|
| 67,73 | 17º | 18º |
19 /22(Sean Pavone/ThinkStock)
| Pontuação | Posição em 2015 | Posição em 2014 |
|---|---|---|
| 67,55 | 15º | 10º |
20 /22(Thinkstock)
| Pontuação | Posição em 2015 | Posição em 2014 |
|---|---|---|
| 66,53 | 18º | 19° |
21 /22(Thinckstock)
| Pontuação | Posição em 2015 | Posição em 2014 |
|---|---|---|
| 60,12 | 20º | 20º |
22 /22(ThinkStock)