Economia

Na ONU, Temer critica protecionismo e nacionalismo exacerbado

Em sua segunda participação na Assembleia Geral, presidente fez uma defesa das reformas econômicas que o Brasil tem passado

Michel Temer: "não é razoável supor que ideias que, no passado, já se mostraram equivocadas possam, agora, render bons frutos. Recusamos os nacionalismos exacerbados" (Shannon Stapleton/Reuters)

Michel Temer: "não é razoável supor que ideias que, no passado, já se mostraram equivocadas possam, agora, render bons frutos. Recusamos os nacionalismos exacerbados" (Shannon Stapleton/Reuters)

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Reuters

Publicado em 19 de setembro de 2017 às 12h10.

Nova York - Em um discurso mais centrado em questões internacionais do que nas crises internas, o presidente Michel Temer abriu a 72ª Assembleia Geral da Organização nas Nações Unidas, nesta terça-feira, com críticas ao protecionismo e a "nacionalismos exacerbados" como soluções para as crises mundiais.

"Não é razoável supor que ideias que, no passado, já se mostraram equivocadas possam, agora, render bons frutos. Recusamos os nacionalismos exacerbados. Não acreditamos no protecionismo como saída para as dificuldades econômicas - dificuldades que demandam respostas efetivas para as causas profundas da exclusão social", disse Temer, o primeiro chefe de Estado a discursar.

Em sua segunda participação na Assembleia Geral, Temer fez uma defesa das reformas econômicas que o país tem passado e tentou apresentar um Brasil que está deixando para trás a recessão e está aberto para o mundo, deixando de lado a defesa do impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff, que norteou parte do discurso feito por ele no ano passado.

"O Brasil atravessa momento de transformações decisivas. Com reformas estruturais, estamos superando uma crise econômica sem precedentes. Estamos resgatando o equilíbrio fiscal. E, com ele, a credibilidade da economia. Voltamos a gerar empregos. Recobramos a capacidade do Estado de levar adiante políticas sociais indispensáveis em um país como o nosso", disse.

Esse Brasil que está fazendo reformas econômicas, afirmou, é um "país mais aberto ao mundo".

"É essa atitude de abertura que trazemos à ONU e que levamos ao Mercosul, ao G20, ao Brics, ao Ibas e a todos os foros de que participamos. É essa atitude de abertura que adotamos com cada um de nossos parceiros -- na nossa região e além dela", disse.

Temer defendeu ainda um "sistema de comércio internacional aberto e baseado em regras" e criticou as barreiras internacionais, especialmente as agrícolas.

Citando a próxima reunião ministerial da OMC, disse que "pendências antigas" terão que ser resolvidas.

"São pendências que prejudicam, sobretudo, países em desenvolvimento. Teremos que avançar no acesso a mercados de bens agrícolas, na eliminação de subsídios à agricultura que distorcem o comércio. Confiamos que, juntos, saberemos produzir resultados", disse.

Venezuela e Coreia do Norte

Alvo de mais uma denúncia da Procuradoria-Geral da República, Temer tenta deixar de lado a política interna durante a visita a Nova York. A crise interna do país não foi citada em nenhum momento. Em vez disso, o presidente concentrou sua fala em temas internacionais.

A Venezuela, tema central do jantar na noite anterior com o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, mereceu um parágrafo. Temer lembrou que o Brasil tem recebido milhares de refugiados do país desde o início da crise venezuelana e criticou o governo de Nicolás Maduro.

"A situação dos direitos humanos na Venezuela continua a deteriorar-se. Estamos ao lado do povo venezuelano, a que nos ligam vínculos fraternais. Na América do Sul, já não há mais espaço para alternativas à democracia. É o que afirmamos no Mercosul, é o que seguiremos defendendo", disse.

Os testes nucleares da Coreia do Norte também foram tratados por Temer. Uma das maiores preocupações do governo norte-americano, os testes coreanos foram citados também por Trump no jantar da noite desta segunda-feira.

"Os recentes testes nucleares e missilísticos na península coreana constituem grave ameaça, à qual nenhum de nós pode estar indiferente. O Brasil condena, com toda a veemência, esses atos. É urgente definir encaminhamento pacífico para situação cujas consequências são imponderáveis", disse o presidente.

Temer defendeu ainda, em seu discurso, o acordo de Paris sobre mudanças climáticas, que os Estados Unidos ameaçam abandonar. "Seguiremos empenhados na defesa do Acordo de Paris. Essa é matéria que não comporta adiamentos. Há que agir já", disse.

Criticado interna e internacionalmente por ceder a lobbies do setor agrícola para flexibilizar regras ambientais, Temer fez questão de citar números ainda preliminares que apontam, segundo ele, um redução de 20 por cento no desmatamamento na Amazônia, depois de números crescentes nos últimos anos. "Retomamos o bom caminho e nesse caminho persistiremos", garantiu.

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