Economia

Na conta de luz, brasileiro paga cobrança de R$ 81 mi de térmica do Ceará

O pagamento de contas de água de usinas térmicas estado, que por mês custa R$ 5 milhões, não tem data para acabar

Usina: a origem da cobrança - que ultrapassa R$ 81 milhões - está em um "encargo emergencial" que o governo do Ceará criou em 2016 (Divulgação/Divulgação)

Usina: a origem da cobrança - que ultrapassa R$ 81 milhões - está em um "encargo emergencial" que o governo do Ceará criou em 2016 (Divulgação/Divulgação)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 11 de abril de 2018 às 10h55.

Última atualização em 11 de abril de 2018 às 12h43.

A lista de penduricalhos lançados sobre a conta de luz do consumidor de energia de todo o País passou a incluir, nos últimos meses, o pagamento de contas de água de usinas térmicas do Ceará.

A origem da cobrança - que ultrapassa R$ 81 milhões - está em um "encargo emergencial" que o governo do Ceará criou em 2016 para combater a crise hídrica, aumentando o preço do insumo para duas térmicas instaladas no porto de Pecém.

Para inibir o consumo das usinas, o governo cearense criou o encargo que aumentava em quase cinco vezes o preço da água usada para resfriar as turbinas das térmicas.

Depois de longa disputa judicial, as empresas EDP e Eneva, donas das usinas Pecém I e II, respectivamente, obtiveram na Justiça o direito de repassar a taxa extra para o custo da energia que entregam.

Como essa energia é enviada para o "mercado regulado" do setor elétrico, no qual estão todos os consumidores do País, o custo migrou para a conta de luz.

Desde setembro de 2016, quando o encargo foi criado, até janeiro deste ano, mais de R$ 81 milhões foram cobrados do consumidor nacional. Por mês, a taxa custa R$ 5 milhões e a cobrança não tem data para acabar.

Em agosto, o governo do Ceará emitiu decreto definindo que o "encargo hídrico emergencial" será cobrado enquanto houver escassez hídrica no Estado, vigorando por tempo indeterminado.

"Olhamos aqui para a questão da água e, como Estado, achamos por bem estabelecer normas para lidar com essa situação. Essa questão do ressarcimento é algo que envolve os geradores e a Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica), que regula o setor. Não temos relação com isso", disse Francisco Teixeira, secretário de Recursos Hídricos do Ceará.

Quando as taxas passaram a ser cobradas, a Aneel foi procurada pelas empresas, que queriam repassar o custo para a conta de luz. A agência negou o pedido. No ano passado, porém, as empresas conseguiram decisão favorável na Justiça.

As térmicas de Pecém se conectam à rede de abastecimento que acessa a água do Açude do Castanhão, o maior do Ceará, a 280 quilômetros de distância de suas instalações. O reservatório está com apenas 4,6% de seu volume total de água.

Reportagem publicada pelo Estado na semana passada mostrou que, no ano passado, o consumidor de energia bancou R$ 4 bilhões em programas públicos que não têm relação com o setor elétrico e, segundo o Tribunal de Contas da União, não são fiscalizados pelo governo.As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Acompanhe tudo sobre:CearáConsumidoresEnergia elétricaUsinas

Mais de Economia

Oi recebe proposta de empresa de tecnologia para venda de ativos de TV por assinatura

Em discurso de despedida, Pacheco diz não ter planos de ser ministro de Lula em 2025

Economia com pacote fiscal caiu até R$ 20 bilhões, estima Maílson da Nóbrega

Reforma tributária beneficia indústria, mas exceções e Custo Brasil limitam impacto, avalia o setor