Na China, indústria e varejo decepcionam em abril
Queda amplia a pressão sobre Pequim para adotar mais estímulo conforme a guerra comercial com os Estados Unidos se intensifica
Reuters
Publicado em 15 de maio de 2019 às 09h25.
Pequim — A China informou um crescimento inesperadamente fraco nas vendas no varejo e na produção industrial de abril nesta quarta-feira, ampliando a pressão sobre Pequim para adotar mais estímulo conforme a guerra comercial com os Estados Unidos se intensifica.
As vendas de vestuário caíram pela primeira vez desde 2009, sugerindo que os consumidores chineses estavam cada vez mais preocupados com a economia mesmo antes de um aumento das tarifas pelos EUA na sexta-feira ter intensificado a pressão sobre os exportadores do país.
As vendas no varejo subiram em abril 7,2% sobre o ano anterior, ritmo mais lento desde maio de 2003, mostraram dados da Agência Nacional de Estatísticas. Isso ficou abaixo da taxa de 8,7% de março e da expectativa de 8,6%.
Os dados sugerem que os consumidores estão começando a reduzir os gastos em produtos do cotidiano, enquanto continuam a evitar itens mais caros como carros.
"As vendas no varejo fracas se devem parcialmente a uma deterioração no emprego e queda da renda nos grupos de média e baixa renda", disse Nie Wen, economista do Hwabao Trust.
O aumento da produção industrial desacelerou mais do que o esperado para 5,4% em abril sobre o ano anterior, recuando da máxima de quatro anos e meio de 8,5% em março, resultado que alguns analistas suspeitam que foi impulsionado por fatores sazonais e temporários.
Analistas consultados pela Reuters projetavam crescimento de 6,5%.
Nie afirmou que a China pode precisar de um corte mais abrangente na taxa de compulsório dos bancos em junho, antes da cúpula do G20 em que os presidentes norte-americano, Donald Trump, e chinês, Xi Jinping, devem discutir o comércio.
Ampliando as preocupações sobre a demanda doméstica, os dados desta quarta-feira também mostraram inesperada fraqueza no investimento.
O crescimento do investimento em ativos fixos desacelerou a 6,1% nos quatro primeiros meses do ano, contra expectativas de ligeiro aumento para 6,4%.