Murilo Portugal elogia macroprudenciais, mas critica comunicação
Segundo o presidente da Febraban, medidas do governo servem para prevenir riscos no sistema financeiro e não como forma de combater a inflação
Da Redação
Publicado em 10 de maio de 2011 às 16h25.
SÃO PAULO - O presidente da Febraban e ex-secretário do Tesouro, Murilo Portugal, criticou nesta terça-feira a comunicação em torno do uso das medidas macroprudenciais pelo governo, embora tenha elogiado as ações e e o timing delas.
"Minha avaliação é positiva quanto às medidas em si e a oportunidade de sua adoção, mas não tão positiva quanto à forma de comunicação. Houve alguma confusão quanto aos objetivos", afirmou o ex-subdiretor-geral do FMI, em entrevista no chat do Trading Brazil, comunidade para o mercado financeiro da Thomson Reuters.
Portugal explicou que tais medidas visam reduzir e prevenir riscos no sistema financeiro, não combater a inflação.
"O problema de comunicação é apresentar as medidas macroprudenciais como instrumentos que visam controlar a demanda e seus ajustes com 'fine-tuning' com esse propósito. São instrumentos de médio e longo prazo e não de curto prazo." Ele ressaltou que o principal instrumento para a inflação é a taxa de juros, mas ponderou que as medidas macroprudenciais têm impacto na demanda por crédito e na demanda agregada que tem que ser considerado na definição do juro básico.
"O BC tem que considerar todas as informações disponíveis. É a mesma coisa com a política fiscal, tem impacto sobre a demanda que tem que ser considerado ao fixar os juros." Sobre a situação fiscal brasileira, o economista avaliou que os resultados fiscais dos três primeiros meses aumentaram muito a confiança de que a meta fiscal cheia deste ano será atingida.
"Esta meta é suficiente para provocar uma redução da relação dívida/PIB", afirmou, acrescentando que o importante é "manter a disciplina fiscal por um período prolongado".
Em 12 meses até março, o resultado primário acumulou superávit equivalente a 3,23 por cento do PIB, ou 121,858 bilhões de reais. A dívida pública representou 39,9 por cento do PIB.
Inflação e desindexiação
Em relação aos preços, Portugal disse que o cenário no Brasil preocupa porque a inflação mensal está elevada.
"Temos que nos manter vigilantes e agir preventivamente. Mas penso que o cenário já começou a evoluir positivamente como vimos na última pesquisa Focus... acho que a convergência das expectativas já está começando." Após oito semanas consecutivas de alta, a pesquisa Focus do BC junto ao mercado financeiro mostrou nesta segunda-feira um recuo na projeção da inflação para este ano.
Portugal ainda afirmou que "é preciso retomar a agenda de desindexação da economia, que foi um pouco esquecida". Segundo ele, isso deve ocorrer em todas as suas dimensões --salários, tarifas públicas e contratos em geral.
A questão da desindexação voltou à tona nos últimos dias em declarações de autoridades do governo.
EUROPA Murilo Portugal, que foi subdiretor-gerente do FMI antes de assumir a Febraban, avaliou que a Europa vive uma situação difícil porque há dúvidas sobre a sustentabilidade fiscal em alguns países periféricos da zona do euro.
"Mas tenho confiança que os países centrais adotarão, como já vêm adotando, as medidas necessárias em termos de financiamento de longo prazo para manter a estabilidade financeira." Ele acrescentou que, ao mesmo tempo, os países com problemas, como a Grécia, estão fazendo um ajuste fiscal importante para melhorar a sustentabilidade. "Este porém será um processo bem longo que demorará anos", alertou.
SÃO PAULO - O presidente da Febraban e ex-secretário do Tesouro, Murilo Portugal, criticou nesta terça-feira a comunicação em torno do uso das medidas macroprudenciais pelo governo, embora tenha elogiado as ações e e o timing delas.
"Minha avaliação é positiva quanto às medidas em si e a oportunidade de sua adoção, mas não tão positiva quanto à forma de comunicação. Houve alguma confusão quanto aos objetivos", afirmou o ex-subdiretor-geral do FMI, em entrevista no chat do Trading Brazil, comunidade para o mercado financeiro da Thomson Reuters.
Portugal explicou que tais medidas visam reduzir e prevenir riscos no sistema financeiro, não combater a inflação.
"O problema de comunicação é apresentar as medidas macroprudenciais como instrumentos que visam controlar a demanda e seus ajustes com 'fine-tuning' com esse propósito. São instrumentos de médio e longo prazo e não de curto prazo." Ele ressaltou que o principal instrumento para a inflação é a taxa de juros, mas ponderou que as medidas macroprudenciais têm impacto na demanda por crédito e na demanda agregada que tem que ser considerado na definição do juro básico.
"O BC tem que considerar todas as informações disponíveis. É a mesma coisa com a política fiscal, tem impacto sobre a demanda que tem que ser considerado ao fixar os juros." Sobre a situação fiscal brasileira, o economista avaliou que os resultados fiscais dos três primeiros meses aumentaram muito a confiança de que a meta fiscal cheia deste ano será atingida.
"Esta meta é suficiente para provocar uma redução da relação dívida/PIB", afirmou, acrescentando que o importante é "manter a disciplina fiscal por um período prolongado".
Em 12 meses até março, o resultado primário acumulou superávit equivalente a 3,23 por cento do PIB, ou 121,858 bilhões de reais. A dívida pública representou 39,9 por cento do PIB.
Inflação e desindexiação
Em relação aos preços, Portugal disse que o cenário no Brasil preocupa porque a inflação mensal está elevada.
"Temos que nos manter vigilantes e agir preventivamente. Mas penso que o cenário já começou a evoluir positivamente como vimos na última pesquisa Focus... acho que a convergência das expectativas já está começando." Após oito semanas consecutivas de alta, a pesquisa Focus do BC junto ao mercado financeiro mostrou nesta segunda-feira um recuo na projeção da inflação para este ano.
Portugal ainda afirmou que "é preciso retomar a agenda de desindexação da economia, que foi um pouco esquecida". Segundo ele, isso deve ocorrer em todas as suas dimensões --salários, tarifas públicas e contratos em geral.
A questão da desindexação voltou à tona nos últimos dias em declarações de autoridades do governo.
EUROPA Murilo Portugal, que foi subdiretor-gerente do FMI antes de assumir a Febraban, avaliou que a Europa vive uma situação difícil porque há dúvidas sobre a sustentabilidade fiscal em alguns países periféricos da zona do euro.
"Mas tenho confiança que os países centrais adotarão, como já vêm adotando, as medidas necessárias em termos de financiamento de longo prazo para manter a estabilidade financeira." Ele acrescentou que, ao mesmo tempo, os países com problemas, como a Grécia, estão fazendo um ajuste fiscal importante para melhorar a sustentabilidade. "Este porém será um processo bem longo que demorará anos", alertou.