Comércio: mulher entrega notas de real para vendedor (Dado Galdieri/Bloomberg)
João Pedro Caleiro
Publicado em 17 de dezembro de 2014 às 12h43.
São Paulo - O mercado de trabalho brasileiro nunca foi tão formalizado: a taxa atingiu 58% no ano passado, cerca de 13 pontos percentuais a mais do que em 2004 (45,7%), de acordo com dados do IBGE.
Acima da média nacional estão Sul (67,4%) e Sudeste (67,8%) e abaixo ficam Norte (40,2%) e Nordeste (39,7%).
Formalização | 2004 | 2013 |
---|---|---|
Brasil | 45,7% | 58% |
Norte | 30% | 40,2% |
Nordeste | 27,6% | 39,7% |
Sudeste | 56,9% | 67,8% |
Sul | 52,7% | 67,4% |
Centro-Oeste | 46,2% | 61,3% |
As mulheres estão ligeiramente mais sujeitas a esse tipo de trabalho: 42,7% são informais, contra 41,5% dos homens. Em 2004 a diferença era maior, de quatro pontos percentuais: 52,6% das mulheres contra 56,7% dos homens.
A desigualdade de etnia é ainda mais forte do que a de gênero. Quase metade das pessoas de 16 anos ou mais de cor preta ou parda ocupadas estavam em trabalhos informais: uma taxa de 48,7%, contra 34,7% na população branca, diferença que pouco se alterou ao longo da década.
Taxa de informais | 2004 | 2013 |
---|---|---|
Total | 54,3% | 42% |
Branca | 47% | 34,7% |
Preta ou parda | 62,7% | 48,7% |
O gap também é grande entre as idades. Entre os idosos (60 anos ou mais), a informalidade é de 69%; entre os jovens (16 a 24 anos), é de 44,8%. A boa notícia é que foi neste grupo que a taxa mais caiu neste 10 anos: quase 17 pontos percentuais.
"Os idosos estão em outro estágio da vida laboral, seja encerrando um ciclo profissional ou retornando ao mercado de trabalho, já aposentados. Dessa maneira, as características de proteção social do trabalho formal podem não ser o principal atrativo. No caso dos jovens, a conjuntura econômica do período tem influenciado a inserção profissional deles que, na busca por experiência e qualificação no mercado de trabalho, aceitam inclusive formas de trabalho sem garantias sociais", diz o relatório lançado hoje.
Taxa de informais | 2004 | 2013 |
---|---|---|
Total | 54,3% | 42% |
16 a 24 anos | 61% | 44,8% |
25 a 29 anos | 48,6% | 34,7% |
30 a 49 anos | 48,5% | 37,7% |
50 a 59 anos | 57,7% | 45,1% |
60 ou mais | 80,4% | 69,0% |
A taxa de formalização faz diferença porque ela causa uma desigualdade grande também nos rendimentos. Um trabalhador informal ganha em média 57% do trabalhador formal; no Piauí, essa relação chega a 36%.
Em 2003, a diferença era ainda maior, já que desde então, o rendimento do trabalhador informal cresceu mais que o dobro (51,8%) do que o do trabalhador formal (26,7%).