Economia

Moody's vê dificuldade para privatização da Eletrobras em 2018

A Moody's afirmou que a desestatização poderia providenciar uma injeção de recursos que reduziria o perfil de risco financeiro da companhia

Eletrobras: a agência ressaltou que a evolução do cenário político do Brasil pode dificultar a execução do plano (Nadia Sussman/Bloomberg)

Eletrobras: a agência ressaltou que a evolução do cenário político do Brasil pode dificultar a execução do plano (Nadia Sussman/Bloomberg)

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Reuters

Publicado em 18 de janeiro de 2018 às 15h50.

Última atualização em 18 de janeiro de 2018 às 17h32.

São Paulo - O plano do governo brasileiro de privatizar a Eletrobras é positivo para o perfil de crédito da companhia, mas a execução da medida "pode se provar muito difícil em 2018", disse a Moody's em comunicado nesta quinta-feira.

A agência de classificação de risco afirmou que a desestatização pode providenciar uma injeção de recursos que reduziria o perfil de risco financeiro da companhia, mas ressaltou que a evolução do cenário político do Brasil pode dificultar a execução da proposta no prazo previsto, até o final deste ano.

A Moody's ainda listou outras pedras no caminho do negócio, como incertezas sobre o sucesso na intenção da empresa de sair do setor de distribuição até abril, com a venda de suas seis subsidiárias que atuam no segmento.

O relatório pontuou ainda que a Eletrobras precisará viabilizar uma cisão da hidrelétrica binacional de Itaipu e da Eletronuclear, subsidiária responsável pelas usinas nucleares da companhia, uma vez que esses ativos continuarão estatais.

Por outro lado, se a privatização for bem sucedida, a Eletrobras deve conseguir reduzir sua alavancagem ao mesmo nível de outras elétricas da região até 2021, segundo a agência de risco.

"As diretrizes preliminares no plano de privatização do governo são construtivas para o perfil de crédito da Eletrobras, porque isso iria ajudar na estratégia de desalavancagem da companhia e fortalecer sua capacidade de realizar novos investimentos", disse a analista sênior da Moody's, Cristiane Spercel, em nota.

As propostas do governo preveem tornar a Eletrobras uma corporação sem controlador definido, mas com uma golden share atribuída à União que lhe daria poder de decisão em assuntos estratégicos.

"Ao se tornar uma corporação... a Eletrobras também criaria condições para aprimorar a governança, mesmo com o governo mantendo uma 'golden share' como previsto. Isso garantiria ao governo federal o poder de vetar algumas decisões de investimento, mas a interferência política como um todo provavelmente cairia", afirmou a Moody's.

A agência também disse ver como positiva a ideia do governo de mudar o regime de comercialização da energia das hidrelétricas da companhia antes da privatização.

A alteração deve envolver o pagamento de um bônus de outorga bilionário pela companhia à União, com recursos que seriam captados em uma oferta de novas ações.

Para a Moody's, a proposta permitiria à Eletrobras fortalecer a geração de receitas em "aproximadamente um terço de sua capacidade instalada", mas a agência ressalta que o impacto positivo nos fluxos de caixa seria parcialmente compensado por um atraso no pagamento de indenizações que a empresa tem a receber por ativos de transmissão, por uma maior exposição ao risco hidrológico e por maiores encargos setoriais.

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